A sessão da CPI dos Atos Golpistas, ocorrida no dia 17 de agosto de 2023, foi marcada por um acalorado e tenso confronto verbal entre o hacker Walter Delgatti Neto, conhecido por sua participação no vazamento de mensagens da “Vaza Jato”, e o ex-juiz e senador Sergio Moro. O embate entre os dois protagonistas levou a momentos de alta tensão e troca de acusações.
Em meio ao encontro da CPI, Delgatti lançou acusações diretas contra Moro, rotulando-o como um “criminoso contumaz”. Não demorou para que Moro respondesse com igual fervor, classificando Delgatti como “bandido”. A temperatura subiu consideravelmente à medida que a troca de acusações prosseguia.
As alegações de Delgatti envolveram a leitura de supostas conversas privadas de Moro em aplicativos de mensagem, onde ele afirmava que o ex-juiz teria cometido diversas irregularidades e crimes. Moro, por sua vez, trouxe à tona a condenação de Delgatti por estelionato e questionou o número de vítimas que o hacker teria prejudicado. A resposta de Delgatti foi comparar sua perseguição com a que ele alegou ter ocorrido contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
A situação alcançou um ponto crítico quando Moro mencionou que Delgatti havia invadido os aplicativos de mensagens de mais de 170 pessoas. O hacker não negou e, de fato, confirmou essa invasão, alegando que suas ações teriam anulado condenações de indivíduos inocentes relacionados à Lava Jato.
O presidente da CPI, senador Cid Gomes, teve que intervir para restaurar a ordem e exigir respeito entre os dois protagonistas. Após essa intervenção, a reunião prosseguiu, embora o clima tenso ainda pairasse no ar. Mais adiante, Moro e Delgatti foram repreendidos novamente por desviar o foco das questões investigadas pela CPI dos Atos Golpistas, sendo instruídos a aderirem aos temas sob escrutínio.
A figura de Walter Delgatti Neto, conhecido como o “hacker de Araraquara”, permaneceu no centro das atenções devido à Operação Spoofing da Polícia Federal, que o investigou por invadir celulares de figuras proeminentes, incluindo Sergio Moro e outros envolvidos na Lava Jato. Suas ações também o conduziram a novas prisões relacionadas à invasão de sistemas do Conselho Nacional de Justiça e até a elaboração de um falso mandado de prisão contra o ministro Alexandre de Moraes. Delgatti, libertado em 2020 com medidas cautelares, voltou a ser detido em 2023 devido ao descumprimento dessas medidas e seu envolvimento em planos para invadir sistemas do Judiciário. O duelo retumbante entre Delgatti e Moro acrescenta um capítulo intrigante ao já complexo cenário político brasileiro.