A Queda dos Fundos de Ações no Brasil
O ano de 2024 tem sido desafiador para as gestoras de fundos de ações no Brasil. Ações em queda, resgates bilionários e demissões nos times de gestão têm marcado o período. Dados da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima) mostram que, entre janeiro e maio, os fundos de ações acumularam uma saída líquida de R$ 4,2 bilhões, enquanto os fundos de renda fixa captaram R$ 171,6 bilhões.
“Esse é um ano mais difícil para fundos de ações e multimercados, em continuidade com 2023. A performance ruim para a Bolsa e ativos de renda variável, a saída de fluxo estrangeiro do Brasil e o mercado local leve em termos de alocação impactaram negativamente a rentabilidade”, destaca Gabriel Tossato, especialista em investimentos da Ágora Investimentos.
Análise das Carteiras da BB Asset
Para entender as estratégias das principais gestoras de investimento, foi realizado um levantamento da Economatica, a pedido do E-Investidor. A BB Asset Management, maior gestora de ativos do Brasil, com R$ 1,6 trilhão em patrimônio sob gestão, teve suas carteiras de fundos de ações analisadas.
Os fundos de ações da BB Asset com melhor desempenho focam em Brazilian Depositary Receipts (BDRs) de ações de tecnologia e ações globais. O BB Ações Tecnologia Bdr Nivel I FI e o BB Ações Globais Instit Bdr Nivel I FIA, investem em empresas como Microsoft, Nvidia, Amazon e Apple, destacando-se no cenário atual.
Maurício Schuck, head de fundos de ações da BB Asset, comenta: “Com o mercado doméstico passando por maior volatilidade, conseguimos uma performance mais destacada nos fundos com alocação no exterior.”
A Influência das Big Techs
A alta das big techs americanas tem sido um fator decisivo. Microsoft, Nvidia e Apple têm liderado, impulsionadas pela recuperação pós-2022 e pelo avanço da inteligência artificial.
William Castro Alves, estrategista-chefe da Avenue, explica: “A IA está se tornando parte do nosso dia a dia, impulsionando as ações das empresas que desenvolvem essa tecnologia. Isso reflete na valorização de empresas como Nvidia, que se tornou a mais valiosa do mundo, com um valor de mercado acima de US$ 3,3 trilhões.
Desafios no Mercado Brasileiro
Enquanto as big techs americanas prosperam, os fundos de ações da BB Asset ligados às small caps e ao consumo na B3 enfrentam dificuldades. Ambev, Localiza, MRV e Tenda estão entre os ativos com pior desempenho, refletindo a volatilidade e as altas taxas de juros.
A alta de juros futuros impactou negativamente o valuation das small caps, dificultando sua recuperação. “Os juros futuros abriram bastante, afetando negativamente o valuation das small caps, e os resgates dos fundos de ações pressionaram ainda mais esses ativos”, comenta Max Bohm, estrategista da Nomos
Perspectivas e Estratégias
A BB Asset adota estratégias defensivas para enfrentar a volatilidade, focando em ativos de maior liquidez e qualidade. Fundos como o BB Top Ações Ibovespa Indexado FI e o BB Top Ações Ibovespa Ativo FI têm posições em Vale, Petrobras e Itaú Unibanco.
“Estamos jogando com nomes de maior qualidade para passar por esse momento de volatilidade mais tranquilamente”, explica Schuck. Mesmo com desempenho não expressivo, a estratégia visa minimizar perdas em um mercado desafiador
O ano de 2024 continua difícil para os fundos de ações no Brasil, com resgates significativos e queda nas ações locais. A BB Asset tem se destacado com estratégias focadas em BDRs de big techs americanas, enquanto enfrenta desafios no mercado doméstico. A expectativa de melhora depende da evolução do cenário econômico global e das políticas monetárias nos Estados Unidos e no Brasil