Fernando Haddad lidera corrida presidencial em cenário sem Lula, aponta pesquisa AtlasIntel
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, aparece na dianteira da disputa pela corrida presidencial de 2026, segundo levantamento AtlasIntel/Bloomberg divulgado nesta sexta-feira (24). Em um cenário sem a candidatura do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Haddad consolida-se como o principal herdeiro político do petismo e lidera com 43,1% das intenções de voto, contra 30,1% do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos).
A pesquisa AtlasIntel indica que Haddad herdaria grande parte do eleitorado lulista, mantendo a hegemonia da esquerda mesmo sem a presença de Lula na disputa. O cenário projeta uma eleição polarizada entre o Partido dos Trabalhadores (PT) e os setores conservadores representados por Tarcísio — que aparece como o principal nome do campo bolsonarista após a inelegibilidade de Jair Bolsonaro (PL).
Pesquisa AtlasIntel: Haddad amplia vantagem sobre Tarcísio de Freitas
De acordo com o levantamento, Fernando Haddad lidera a corrida presidencial com 43,1% dos votos, enquanto Tarcísio de Freitas soma 30,1%. Em terceiro lugar surge o governador de Goiás, Ronaldo Caiado (União Brasil), com 7%.
Logo depois aparecem Ratinho Junior (PSD), governador do Paraná, com 5,7%, e Romeu Zema (Novo), de Minas Gerais, com 2,6%.
Outros 10,8% dos entrevistados afirmaram que votariam em branco ou nulo, enquanto 2,9% ainda não sabem em quem votar.
O levantamento ouviu 14.063 eleitores entre os dias 15 e 19 de outubro de 2025, com margem de erro de 1 ponto percentual e nível de confiança de 95%.
A pesquisa foi realizada pela AtlasIntel, em parceria com a Bloomberg, e reflete a percepção do eleitorado brasileiro em um momento de transição na política nacional.
Haddad herda capital político de Lula e consolida liderança no PT
O resultado confirma a força de Fernando Haddad dentro do Partido dos Trabalhadores (PT) e a transferência direta do capital político de Lula.
Desde que assumiu o Ministério da Fazenda, Haddad tem buscado equilibrar credibilidade econômica com fidelidade ao projeto político do presidente, o que o posiciona como o nome natural da legenda em um cenário sem o ex-presidente na disputa.
Sua gestão à frente da economia — marcada pelo arcabouço fiscal, medidas de aumento de arrecadação e negociações políticas com o Congresso — reforçou sua imagem de gestor técnico e moderado, capaz de dialogar tanto com o mercado quanto com a base progressista.
Analistas apontam que a combinação de competência técnica e lealdade política tem garantido a Haddad uma posição de destaque no governo e um potencial de candidatura com forte apelo eleitoral.
Oposição fragmentada e ausência de um sucessor de Bolsonaro
A pesquisa também evidencia a fragilidade da oposição.
Com Jair Bolsonaro inelegível, o campo conservador ainda não definiu um nome de consenso para 2026.
Tarcísio de Freitas, apadrinhado político do ex-presidente, aparece como o candidato mais competitivo, mas ainda enfrenta o desafio de ampliar sua base eleitoral fora de São Paulo.
Outros governadores, como Ronaldo Caiado e Ratinho Junior, aparecem com índices tímidos e restritos a seus estados, sem penetração nacional.
Já Romeu Zema, apesar de governar Minas Gerais — segundo maior colégio eleitoral do país —, ainda enfrenta dificuldade em se consolidar como alternativa de centro liberal.
Esse cenário fragmentado tende a favorecer Haddad, que se beneficia da unidade interna do PT e da falta de nomes fortes na direita.
Base lulista sustenta Haddad como herdeiro político
O levantamento mostra que Fernando Haddad absorve boa parte do eleitorado fiel de Lula, principalmente no Nordeste, onde o petismo mantém sua maior força eleitoral.
Segundo analistas, a manutenção desse apoio é decisiva para o desempenho do ministro, que conseguiu unificar a esquerda em torno de seu nome sem enfrentar resistências internas significativas.
A alta aprovação de Lula — ainda acima de 50% — contribui diretamente para a transferência de votos, consolidando Haddad como o principal nome da continuidade do projeto político petista.
Além disso, seu discurso de estabilidade econômica e responsabilidade fiscal tem atraído eleitores de centro, que buscam uma alternativa moderada entre a polarização ideológica.
Cenário político de 2026: incertezas e possíveis rearranjos
Embora a liderança de Fernando Haddad seja sólida no cenário sem Lula, a disputa ainda está aberta.
O PT não confirma oficialmente quem será o candidato à sucessão presidencial, e Lula evita se posicionar publicamente sobre o tema, o que mantém certa tensão interna no partido.
Do lado da oposição, Tarcísio de Freitas tenta consolidar alianças com partidos de centro-direita, como PSD e União Brasil, enquanto busca manter o apoio da base bolsonarista.
No entanto, sem o protagonismo de Bolsonaro, o campo conservador ainda sofre para construir uma narrativa unificada.
Analistas políticos projetam que, nos próximos meses, a corrida presidencial tende a se intensificar, com maior exposição pública de Haddad e articulações regionais em torno de nomes alternativos à polarização PT versus direita.
Desempenho regional e perfis de eleitorado
O mapa eleitoral da pesquisa AtlasIntel revela diferenças marcantes no comportamento do eleitorado:
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Nordeste: Fernando Haddad domina com folga, herdeiro direto da popularidade de Lula.
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Sudeste: Tarcísio de Freitas se destaca em São Paulo, mas perde força nos demais estados.
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Sul e Centro-Oeste: Ronaldo Caiado e Ratinho Junior têm desempenho regional expressivo, porém limitado em escala nacional.
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Norte: voto disperso entre os principais nomes, sem concentração significativa.
Essa distribuição reforça a polarização geográfica tradicional entre o eleitorado lulista e o conservador, mas com vantagem para Haddad devido à capilaridade do PT e à organização partidária em todas as regiões do país.
Economia e imagem pública fortalecem candidatura
No cenário atual, Fernando Haddad tem buscado associar sua imagem a resultados econômicos positivos, como a queda da inflação, a estabilidade cambial e o crescimento gradual do PIB.
A estratégia visa reduzir a rejeição junto ao empresariado e ampliar a base de apoio no centro político.
Nos bastidores, aliados afirmam que Haddad pretende explorar a narrativa da responsabilidade fiscal com justiça social, apresentando-se como a continuidade equilibrada do lulismo.
Essa combinação, segundo analistas, é capaz de atrair tanto o eleitor progressista quanto o pragmático, que valoriza estabilidade econômica e previsibilidade política.
Avaliação do governo e o papel de Lula na sucessão
Mesmo fora de um eventual pleito, Lula será peça central na eleição de 2026.
Sua capacidade de transferir votos e articular alianças estaduais será determinante para a força da candidatura petista.
Além disso, o presidente atua como mentor político de Haddad, que deve seguir como seu principal emissário junto ao mercado e ao Congresso até o fim do mandato.
Especialistas acreditam que, com Lula fora da disputa, Haddad deve manter o discurso de continuidade e ampliar o diálogo com diferentes setores da sociedade.
A prioridade será equilibrar as pautas sociais com o compromisso fiscal, preservando o apoio de investidores e de movimentos populares.
Perspectivas para 2026
A liderança de Fernando Haddad na corrida presidencial indica que o ministro da Fazenda consolidou-se como o principal nome da esquerda para 2026.
Contudo, a eleição tende a ser marcada por um cenário de realinhamento político, no qual novas alianças e candidaturas podem surgir até o registro oficial das chapas.
Enquanto isso, o governo Lula segue monitorando o cenário, ciente de que o desempenho econômico até 2026 será decisivo para definir o grau de competitividade de Haddad.
A depender dos resultados fiscais e da inflação, o ministro pode fortalecer ainda mais sua imagem como sucessor natural do presidente.
Haddad lidera, mas disputa permanece aberta
A pesquisa AtlasIntel reforça o favoritismo de Fernando Haddad, mas também evidencia um cenário político em transformação.
Sem Lula na corrida, o ministro desponta como o nome mais viável da esquerda, enquanto a oposição segue em busca de uma figura unificadora.
Se o quadro atual se mantiver, Haddad entra na disputa de 2026 com vantagem expressiva, apoiado pelo legado lulista, pela experiência na economia e pela falta de alternativas sólidas no campo conservador.






