O preço médio da gasolina nos postos brasileiros subiu 2,7% na última semana, um aumento de R$ 0,16 por litro, de acordo com a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP). Este aumento é resultado direto do reajuste promovido pela Petrobras em suas refinarias há duas semanas. O valor médio da gasolina atingiu R$ 6,13 por litro, o maior desde o início do governo Lula e a primeira vez que o preço ultrapassa os R$ 6 desde setembro de 2023, já ajustado pela inflação do período.
Contexto do Reajuste
Desde a semana anterior ao reajuste, o preço da gasolina subiu 5%, acumulando um aumento de R$ 0,29 por litro. Este aumento é quase o dobro da previsão inicial da Petrobras, que estimava um reajuste de R$ 0,15 por litro. A mudança no preço nas refinarias da Petrobras, ocorrida no início do mês, foi a primeira desde outubro de 2023, quando a empresa reduziu o valor do combustível.
Motivações para o Aumento
O reajuste foi impulsionado pela alta nos preços do petróleo no mercado internacional e pela valorização do dólar. Mesmo com o aumento, o preço da gasolina nas refinarias da Petrobras ainda estava, na abertura do mercado desta quarta-feira (24), 7% abaixo da paridade de importação, conforme medido pela Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis (Abicom). Esta defasagem, equivalente a R$ 0,22 por litro, é considerada normal dentro da nova estratégia comercial da Petrobras, que busca “abrasileirar” os preços dos combustíveis, conforme prometido pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Impacto nos Consumidores
Os consumidores sentiram imediatamente o impacto do aumento nos preços dos combustíveis. O preço do etanol hidratado, principal concorrente da gasolina, também subiu, sendo vendido a R$ 4,08 por litro na última semana, ante R$ 3,96 na semana anterior. O diesel S-10, essencial para o transporte de mercadorias, aumentou R$ 0,03 por litro, chegando a R$ 6,04 por litro nas refinarias. A defasagem do preço do diesel é ainda maior que a da gasolina, estando 10% abaixo da paridade de importação, uma diferença de R$ 0,37 por litro.
Gás de Cozinha e Impacto Social
Além dos combustíveis automotivos, o gás de cozinha também sofreu reajuste. O preço médio do botijão de 13 quilos aumentou R$ 2,11 na última semana, alcançando R$ 103,86. Este aumento tem um impacto significativo nas famílias de baixa renda, que dependem do gás de cozinha para suas necessidades diárias.
Redução na Abrangência da Pesquisa da ANP
A ANP reduziu a abrangência de sua pesquisa semanal de preços devido a cortes orçamentários. O número de coletas caiu 43%, e o número de cidades pesquisadas diminuiu de 459 para 358. Esta redução pode afetar a precisão e a representatividade dos dados de preços dos combustíveis no Brasil.
Perspectivas Futuras
Com os preços dos combustíveis em alta, os consumidores e os setores dependentes de transporte enfrentam desafios significativos. A alta nos preços do petróleo no mercado internacional e a valorização do dólar sugerem que os preços podem continuar voláteis. A nova política de preços da Petrobras, que busca diminuir a dependência da paridade de importação, introduz uma nova variável na equação, cujo impacto a longo prazo ainda precisa ser avaliado.
Respostas do Governo
O governo Lula tem enfatizado a necessidade de “abrasileirar” os preços dos combustíveis, buscando um equilíbrio entre as pressões do mercado internacional e as necessidades dos consumidores brasileiros. No entanto, os aumentos recentes destacam a dificuldade de proteger os consumidores das flutuações globais dos preços do petróleo.
O aumento de 2,7% no preço da gasolina na última semana é um reflexo das complexas dinâmicas econômicas e políticas que influenciam o mercado de combustíveis no Brasil. Com a inflação pressionando o custo de vida e os combustíveis desempenhando um papel central na economia, tanto consumidores quanto formuladores de políticas enfrentam um período desafiador. A monitorização contínua dos preços e a avaliação das políticas de preços da Petrobras serão cruciais para entender e mitigar os impactos no futuro.