Brasil na encruzilhada da guerra comercial EUA-China: riscos, oportunidades e o futuro das exportações brasileiras
A intensificação da guerra comercial entre Estados Unidos e China em 2025 está remodelando o cenário global de comércio, criando desafios e oportunidades para países como o Brasil. Com tarifas recordes impostas por ambas as potências, o Brasil se vê em uma posição estratégica para ampliar suas exportações, especialmente de commodities. No entanto, essa dependência de produtos de baixo valor agregado e a crescente importação de bens manufaturados chineses evidenciam vulnerabilidades na balança comercial brasileira.
A escalada tarifária entre EUA e China
Em 2025, a guerra comercial entre Estados Unidos e China atingiu novos patamares. O governo Trump implementou tarifas de até 145% sobre produtos chineses, enquanto a China retaliou com tarifas de 125% sobre produtos americanos . Essa escalada tarifária afetou significativamente o comércio global, levando empresas a buscar alternativas para suas cadeias de suprimento.
Oportunidades para o Brasil
Nesse contexto, o Brasil surge como uma alternativa viável para suprir a demanda global por commodities. Segundo análises do Deutsche Bank, o país está em posição favorável para expandir suas exportações, especialmente para a China, que continua sendo seu maior parceiro comercial. Em 2024, a China absorveu 28% das exportações brasileiras, resultando em um superávit de US$ 30,7 bilhões .
Além disso, a Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB) projeta que as exportações brasileiras somem US$ 358,828 bilhões em 2025, um aumento de 5,7% em relação a 2024 . A soja, por exemplo, deve recuperar o posto de principal produto de exportação, com projeção de US$ 49,5 bilhões exportados.
Desafios e vulnerabilidades
Apesar das oportunidades, o Brasil enfrenta desafios significativos. A dependência de exportações de commodities de baixo valor agregado, como soja, petróleo bruto e minério de ferro, limita o potencial de industrialização do país. Enquanto isso, as importações brasileiras da China são compostas majoritariamente por bens manufaturados e de alta tecnologia, como carros elétricos e chips.
Essa assimetria na balança comercial expõe o Brasil a oscilações nos preços das commodities e a crises geopolíticas, além de aumentar a vulnerabilidade às políticas comerciais dos EUA e da China.
A relação comercial com os EUA
A relação comercial entre Brasil e Estados Unidos é mais equilibrada. Em 2024, o Brasil registrou um déficit de US$ 283 milhões com os EUA, considerado praticamente um equilíbrio dado o volume de comércio superior a US$ 80 bilhões . Além disso, os EUA são o principal parceiro do Brasil em serviços e o segundo maior em bens.
No entanto, as tarifas de 25% sobre aço e alumínio impostas pelos EUA devem ter um impacto limitado na macroeconomia brasileira, representando menos de 0,30% do PIB.
Estratégias para o futuro
Para aproveitar as oportunidades e mitigar os riscos, o Brasil precisa diversificar sua pauta de exportações, investindo em produtos de maior valor agregado e tecnologia. Além disso, é essencial fortalecer a integração às cadeias globais de suprimento e buscar novos mercados, como o Sudeste Asiático, que tem ganhado participação nas exportações brasileiras.
Políticas públicas que incentivem a inovação, a industrialização e a competitividade são fundamentais para que o Brasil possa se posicionar de forma mais robusta no comércio internacional, reduzindo a dependência de commodities e aumentando a resiliência frente às oscilações do mercado global.
A guerra comercial entre EUA e China em 2025 apresenta tanto desafios quanto oportunidades para o Brasil. Enquanto o país pode se beneficiar do aumento da demanda por suas commodities, é crucial que adote estratégias para diversificar suas exportações e fortalecer sua posição no comércio global. Somente assim poderá garantir um crescimento sustentável e menos vulnerável às turbulências do cenário internacional.






