Ministro da Fazenda, Fernando Haddad — Foto: Joédson Alves/Agência Brasil
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que o governo está “estudando tudo” para derrubar os juros e fomentar o mercado de crédito no país. Ele também voltou a fazer críticas ao atual nível da Selic, a taxa básica de juros da economia, atualmente em 13,75% ao ano, e defendeu que a redução seja “no mínimo em linha” com a esperada pelo mercado.
“Estamos estudando tudo para derrubar os juros, mas tem um pressuposto, que é o BC [cortar os juros]”, afirmou em entrevista ao portal Metrópoles. Haddad destacou que 70% do mercado precifica corte de 0,5 ponto da Selic na próxima reunião. Integrantes do governo têm defendido um corte de pelo menos 0,5 ponto.
“Você vai manter os juros reais em 10% ao ano? O segundo país do mundo [com juros mais altos] está em 6% ao ano”, disse. “Às vezes fica parecendo uma coisa pessoal, ‘o Haddad quer’, não é isso. São dados objetivos. Precisamos de oito reuniões do Copom para chegar no patamar da segunda taxa básica de juros em termos reais no mundo”, argumentou o ministro.
Ele voltou a dizer que há espaço para a queda de juros e que essa redução vai ajudar a política fiscal. “Uma coisa reforça a outra.”
Questionado se a Selic terminará o ano de 2023 abaixo de 10%, avaliou que “dificilmente” isso vai acontecer. “Espero que fique no mínimo em linha [com as projeções do mercado]”, defendeu. Para Haddad, “não vai acontecer nada no Copom na próxima reunião que vai surpreender o mundo”.
Haddad também disse que a indicação de Gabriel Galípolo e Ailton Aquino para a diretoria do Banco Central não foi formar bancada de “oposição. “O objetivo da Fazenda ao indicar os dois nomes [para o BC] não é formar bancada, é para trocar informações”, afirmou. “Estamos construindo nova institucionalidade e estamos sendo exitosos. A relação com Congresso e Judiciário mudou de patamar, queremos isso com BC”, completou.
Questionado se o seu ex-secretário-executivo Gabriel Galípolo seria indicado no fim de 2024 a presidente do Banco Central, Haddad, reafirmou que essa escolha é uma atribuição do presidente da República. Roberto Campos Neto deixará a função no fim do próximo ano.
“[Escolher presidente do BC] é atribuição do presidente da República. Galípolo foi convidado para ser diretor de Política Monetária”, disse Haddad. Apesar da ponderação, ele avaliou que Galípolo poderia “ocupar várias posições no governo”.