Ibovespa hoje bate novo recorde e atinge 149 mil pontos em meio a otimismo fiscal e corte de juros nos EUA
O Ibovespa hoje (IBOV) renovou seu recorde histórico intradia nesta quinta-feira (30), superando a marca dos 149 mil pontos pela primeira vez, impulsionado por um cenário de otimismo fiscal no Brasil e pela decisão do Federal Reserve (Fed) de reduzir os juros nos Estados Unidos.
Por volta de 12h (horário de Brasília), o Ibovespa subia 0,40%, aos 149.234,04 pontos, alcançando o quarto dia consecutivo de valorização e consolidando a trajetória de alta da bolsa brasileira. O último recorde havia sido registrado no pregão anterior, aos 149.067 pontos, o que reforça o momento de confiança dos investidores.
Cenário doméstico: medidas fiscais e dados econômicos animam o mercado
O avanço do Ibovespa hoje reflete uma combinação de fatores internos positivos. Entre eles, o destaque vai para a agenda fiscal, que ganhou impulso com a aprovação, pela Câmara dos Deputados, de um projeto que incorpora trechos da MP 1.303, responsável por novas regras de taxação de aplicações financeiras e limitação de compensações tributárias.
Segundo o governo, a medida pode gerar até R$ 25 bilhões aos cofres públicos, reforçando o compromisso com o equilíbrio fiscal e a sustentabilidade das contas públicas. O texto segue agora para votação no Senado.
O líder do governo na Câmara, Lindbergh Farias (PT-RJ), afirmou que o projeto “ajuda a preservar o resultado fiscal sem aumentar impostos”, uma mensagem que tem sido bem recebida pelo mercado financeiro, em um momento de incertezas sobre o ritmo das reformas.
Outro fator que impulsionou o índice foi o resultado do IGP-M de outubro, divulgado pela Fundação Getulio Vargas (FGV), que apresentou queda de 0,36%, acima do recuo esperado (-0,22%). Conhecido como a “inflação do aluguel”, o índice acumula alta de 0,92% em 12 meses, reforçando a percepção de que as pressões inflacionárias seguem sob controle.
Há ainda grande expectativa para a divulgação dos dados do Caged, que trarão detalhes sobre o mercado de trabalho formal, podendo influenciar as apostas para as próximas decisões de política monetária do Banco Central.
Fatores externos: corte de juros nos EUA e trégua comercial impulsionam apetite por risco
O cenário internacional também favorece o Ibovespa hoje. O Federal Reserve (Fed) decidiu na quarta-feira (29) reduzir os juros em 0,25 ponto percentual, levando a taxa para a faixa entre 3,75% e 4% ao ano — o segundo corte consecutivo desde setembro.
Embora o presidente do Fed, Jerome Powell, tenha sinalizado que o ciclo de afrouxamento monetário pode ser pausado em dezembro, o movimento foi interpretado como positivo para ativos de risco e para mercados emergentes, como o Brasil.
Além disso, o acordo comercial firmado entre Estados Unidos e China — anunciado após reunião entre Donald Trump e Xi Jinping — contribuiu para o sentimento de alívio global. O pacto suspende tarifas e reduz tensões sobre exportações estratégicas, especialmente no setor agrícola, o que tende a beneficiar commodities e ações ligadas ao comércio internacional, como Vale (VALE3) e Petrobras (PETR4).
Ações em destaque no Ibovespa
Altas do dia
O pregão desta quinta-feira é marcado por fortes ganhos em algumas ações de peso no índice. Entre os destaques:
-
Marfrig (MBRF3): As ações lideram as altas do Ibovespa hoje, com valorização superior a 6%, recuperando parte das perdas da véspera (-7,84%). O movimento reflete o acordo de investimento com o fundo soberano da Arábia Saudita, por meio da Halal Products Development Company (HPDC), que resultou na criação da marca Sadia Halal. Na semana, os papéis acumulam alta de mais de 20%.
-
Ambev (ABEV3): O papel também se destaca após a divulgação do balanço do 3º trimestre de 2025 (3T25), que mostrou lucro líquido ajustado de R$ 3,84 bilhões, crescimento de 7,4% em relação ao mesmo período de 2024. A performance acima do esperado gerou otimismo entre analistas e reforçou a percepção de resiliência operacional da companhia, mesmo com o consumo em desaceleração.
-
Vale (VALE3): As ações sobem acompanhando a alta do minério de ferro na China, em meio ao otimismo com o acordo sino-americano e expectativas para o balanço da mineradora, que será divulgado ainda hoje.
-
Petrobras (PETR4; PETR3): Os papéis avançam com o petróleo Brent em recuperação, após sanções dos EUA contra produtores russos e comentários positivos sobre demanda global de energia.
Quedas do dia
Na ponta oposta, o destaque negativo é o Bradesco (BBDC4), que opera em queda após divulgar lucro recorrente de R$ 6,2 bilhões no 3T25, dentro das expectativas, mas com ROE estável e custo de crédito elevado. Apesar dos números sólidos, investidores interpretaram o resultado como neutro a ligeiramente negativo, refletindo a ausência de surpresas positivas.
Dólar e juros: influência do Fed e da trégua comercial
O dólar comercial opera em alta de 0,44%, cotado a R$ 5,38, acompanhando o movimento global da moeda americana após o anúncio do Fed. O índice DXY, que mede o desempenho do dólar frente a uma cesta de moedas fortes, subia 0,31%, no nível dos 98 pontos.
Enquanto isso, os juros futuros (DIs) mantêm leve volatilidade, refletindo o alívio externo e as expectativas domésticas com as medidas fiscais. Analistas projetam que o Banco Central poderá retomar cortes moderados na Selic ainda no início de 2026, caso a inflação siga sob controle.
Mercados internacionais: dia de ajustes e volatilidade
Os principais índices de Wall Street operam mistos.
-
Dow Jones sobe 0,39%, aos 47.819 pontos,
-
S&P 500 recua 0,51%, aos 6.854 pontos,
-
Nasdaq cai 1,17%, impactado pela forte queda das ações da Meta, cujo lucro despencou 83% no 3T25.
Na Europa, o humor é mais contido após o Banco Central Europeu (BCE) manter os juros em 2% ao ano pela terceira vez consecutiva, sem indicar novos movimentos. O Stoxx 600 cai 0,20%, aos 574,26 pontos.
Na Ásia, o índice Nikkei (Japão) registrou leve alta de 0,04%, aos 51.325 pontos, renovando recorde histórico, enquanto o Hang Seng (Hong Kong) recuou 0,24%, refletindo ajustes após o acordo comercial entre Washington e Pequim.
Ibovespa perto dos 150 mil pontos e clima de otimismo moderado
Com o novo recorde intradia, o Ibovespa hoje se consolida como um dos melhores desempenhos entre as bolsas globais em 2025, acumulando alta superior a 23% no ano. A combinação de agenda fiscal positiva, corte de juros nos EUA e recuperação das commodities cria um ambiente favorável para o mercado acionário brasileiro.
Analistas da Ajax Asset afirmam que o índice pode testar os 150 mil pontos ainda nesta semana, caso o Senado avance com as pautas econômicas e os dados do Caged venham positivos.
Contudo, alertam que a sustentação do movimento dependerá da capacidade do governo em manter o compromisso fiscal, da dinâmica inflacionária interna e do cenário internacional, especialmente no que diz respeito à política monetária americana.






