A pandemia de Covid-19 causou um retrocesso significativo no Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) de diversos Estados brasileiros, fazendo-os retornar a patamares de quase uma década atrás. É o que revela o mais recente Relatório de Desenvolvimento Humano no Brasil, divulgado nesta terça-feira pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud). O relatório traz números referentes a 2021 e destaca os impactos profundos e duradouros da pandemia na qualidade de vida da população brasileira.
Entendendo o IDH
O IDH é um indicador crucial para medir a qualidade de vida em um país, Estado ou cidade, com base em três pilares principais: expectativa de vida, anos de escolaridade e renda per capita. Este índice varia de 0 a 1, sendo que valores mais próximos de 1 indicam uma melhor qualidade de vida. Durante a última década, o Brasil vinha registrando avanços constantes no IDH, refletindo melhorias na saúde, educação e renda. No entanto, a pandemia reverteu muitos desses ganhos, expondo vulnerabilidades estruturais e desigualdades sociais.
Impacto Regional
Segundo o relatório do Pnud, o retrocesso do IDH foi especialmente pronunciado em um conjunto de Estados das regiões Norte, Nordeste, Sudeste e Sul do Brasil. Entre 2019 e 2021, seis Estados viram seus índices descerem do nível alto para o nível médio: Pará, Bahia, Paraíba, Piauí, Roraima e Amapá. Além disso, quatro Estados — Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná — regrediram do nível muito alto para o nível alto.
Esses movimentos reaproximaram o mapa do IDH estadual ao observado em 2012, indicando uma perda significativa dos avanços conquistados na última década. A pandemia exacerbou problemas preexistentes e introduziu novos desafios, particularmente em áreas como saúde pública, educação e economia.
Causas do Retrocesso
O declínio no IDH é atribuído a vários fatores interligados pela pandemia. O sistema de saúde brasileiro foi severamente impactado, com aumentos na mortalidade e uma sobrecarga de hospitais e serviços médicos. A expectativa de vida, um componente crucial do IDH, foi diretamente afetada pelo elevado número de mortes causadas pela Covid-19.
Na educação, o fechamento prolongado das escolas e a transição para o ensino remoto afetaram milhões de estudantes, especialmente em regiões com menor acesso à tecnologia e infraestrutura. A interrupção do aprendizado e a redução da qualidade da educação impactaram negativamente os anos de escolaridade, outro pilar do IDH.
Economicamente, a pandemia resultou em desemprego elevado, redução de renda e aumento da pobreza. A renda per capita diminuiu em muitas regiões, contribuindo para o retrocesso no IDH. As medidas de isolamento social e o fechamento de negócios afetaram gravemente setores como o comércio e os serviços, que são essenciais para a economia de muitos Estados.
Desafios e Perspectivas
A recuperação desses índices dependerá de políticas públicas eficazes e de investimentos estratégicos em saúde, educação e desenvolvimento econômico. A pandemia destacou a necessidade de fortalecer o sistema de saúde, melhorar a infraestrutura educacional e promover a inclusão digital. Além disso, políticas de suporte econômico, como programas de transferência de renda e estímulo ao emprego, serão essenciais para mitigar os impactos socioeconômicos da pandemia.
O retrocesso do IDH em diversos Estados brasileiros é um sinal alarmante dos impactos duradouros da pandemia de Covid-19. Este fenômeno destaca a importância de políticas públicas robustas e inclusivas para recuperar e sustentar o desenvolvimento humano no país. Com esforços coordenados entre governo, setor privado e sociedade civil, é possível reverter esses retrocessos e construir um futuro mais resiliente e equitativo para todos os brasileiros.