IGMI-R Registra Alta de 0,91% em Fevereiro: Análise do Mercado Imobiliário Residencial
Em fevereiro de 2025, o Índice Geral do Mercado Imobiliário Residencial (IGMI-R), medido pela Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip), registrou uma alta de 0,91%. Esse aumento representa uma aceleração em comparação com o crescimento de 0,40% observado no mês de janeiro, sinalizando uma recuperação no mercado imobiliário, embora a taxa interanual tenha desacelerado de 11,88% para 11,19% no mesmo período. Esses dados indicam que, embora o ritmo de valorização tenha diminuído, o mercado ainda demonstra uma performance positiva em muitas regiões do Brasil.
Acelerada Valorização dos Imóveis em Fevereiro
A alta de 0,91% do IGMI-R em fevereiro é um reflexo da recuperação gradual observada no mercado imobiliário após o impacto das políticas monetárias mais restritivas e da alta taxa de juros. Em janeiro, o crescimento foi mais modesto, mas o número de transações e o interesse pela aquisição de imóveis aumentaram, impulsionados pela demanda reprimida de anos anteriores. O aumento da taxa Selic continua a impactar o financiamento imobiliário, mas mesmo assim, o mercado tem mostrado sinais de resiliência.
Desaceleração da Taxa Interanual e Expectativas para o Futuro
Apesar da alta de 0,91% em fevereiro, a taxa interanual do IGMI-R desacelerou, passando de 11,88% para 11,19%. Isso pode ser um indicativo de que a valorização dos imóveis está entrando em uma fase de estabilização, o que já era esperado pelos especialistas. A combinação de uma Selic elevada, a limitação do financiamento subsidiado e a economia mais contida contribuem para essa desaceleração no ritmo de crescimento.
Dinâmica Regional do Mercado Imobiliário Brasileiro
A análise do desempenho regional do mercado imobiliário revela que há grandes diferenças nos resultados das diversas cidades brasileiras. A cidade de São Paulo, que possui o maior peso no IGMI-R, teve um crescimento de 0,46% em fevereiro, um número um pouco abaixo da alta registrada em janeiro (0,54%). Por outro lado, o Rio de Janeiro apresentou um crescimento mais expressivo, saltando de 0,15% para 1,29%. Este aumento significativo pode estar relacionado à crescente demanda por aluguéis, o que acaba impactando os preços dos imóveis de maneira indireta.
No Nordeste, Recife se destacou com uma alta de 2,74%, depois de uma queda de 0,38% no mês anterior. Esse desempenho pode ser visto como um indicativo de um reaquecimento pontual do mercado local, impulsionado por contratos pactuados nos meses anteriores. Já no Sul do país, cidades como Porto Alegre e Curitiba também registraram aumentos de 2,23% e 1,59%, respectivamente. Esse crescimento é reflexo da alta demanda por imóveis urbanos e novos lançamentos nessas regiões.
Em Belo Horizonte, o mercado desacelerou após meses de forte valorização. A taxa interanual caiu de 24,08% para 17,89%, o que sugere uma estabilização nos preços após um ciclo de aumentos rápidos.
O Impacto dos Custos de Construção
Um dos fatores mais importantes que influenciam o mercado imobiliário é o custo de construção. O Índice Nacional de Custo da Construção (INCC), que mede os custos relacionados à construção de imóveis, subiu de 7,14% para 7,42% na taxa interanual entre janeiro e fevereiro. Esse aumento nos custos pode ter impacto na viabilidade de novos projetos imobiliários, uma vez que as construtoras e incorporadoras precisam lidar com margens de lucro menores e maiores custos operacionais.
A alta no INCC reflete a pressão sobre o setor da construção civil, que continua a enfrentar desafios relacionados ao aumento dos preços de insumos, como materiais de construção e mão de obra especializada. Mesmo com essa pressão, o mercado imobiliário residencial mantém um ritmo de crescimento moderado, com o IGMI-R refletindo essa dinâmica.
A Estabilidade do Mercado de Aluguéis
O Índice de Variação dos Aluguéis Residenciais (Ivar), que mede a variação nos preços de aluguel, se manteve praticamente estável entre janeiro e fevereiro, passando de 7,99% para 8,01% na taxa interanual. Esse dado indica que, apesar da alta no preço dos imóveis, o mercado de aluguéis segue aquecido, especialmente em cidades como São Paulo e Rio de Janeiro, onde a procura por imóveis para locação continua forte.
Essa estabilidade no mercado de aluguéis ocorre em um cenário onde a dificuldade de acesso ao crédito imobiliário tem levado muitas pessoas a optarem pelo aluguel como alternativa para morar nas grandes cidades. O aumento das taxas de juros tem dificultado a obtenção de financiamentos, o que, por sua vez, amplia a demanda por imóveis para locação.
O Descompasso Entre o IGMI-R e o IPCA
Uma comparação entre o IGMI-R e o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) revela que, enquanto o IPCA registrou uma variação de 5,06% na taxa interanual até fevereiro de 2025, o mercado imobiliário continuou operando em patamares mais elevados. Esse descompasso entre os índices pode ser atribuído às pressões inflacionárias específicas do setor imobiliário, que não se alinham diretamente com a inflação geral medida pelo IPCA.
As pressões no mercado imobiliário incluem os altos custos de construção, a escassez de terrenos disponíveis em áreas centrais e a demanda crescente por imóveis urbanos, especialmente nas principais capitais brasileiras. Esses fatores continuam a manter os preços dos imóveis em um patamar superior ao da inflação geral, refletindo um cenário de valorização contida, mas persistente.
Expectativas para o Mercado Imobiliário em 2025
O mercado imobiliário brasileiro mostrou um desempenho robusto em 2024, com crescimento de 11,8% nas vendas de novos imóveis em relação ao ano anterior. Esse crescimento foi impulsionado principalmente pelos segmentos de Médio e Alto Padrão (MAP) e pelo Programa Minha Casa, Minha Vida, que registrou um aumento expressivo nas vendas e lançamentos.
Para 2025, as expectativas são de que o mercado imobiliário continue sua trajetória de crescimento moderado. O desempenho do IGMI-R e a dinâmica regional sugerem que algumas cidades continuarão a registrar valorização, enquanto outras poderão ver uma desaceleração. O aumento dos custos de construção e as taxas de juros elevadas ainda são fatores que precisam ser monitorados, pois podem afetar tanto a oferta quanto a demanda por imóveis no país.
O Futuro do Mercado Imobiliário
O IGMI-R de fevereiro de 2025 mostrou que o mercado imobiliário brasileiro continua a atravessar um período de ajustes. Apesar da desaceleração na taxa interanual, o crescimento de 0,91% em fevereiro indica que o setor ainda possui resiliência e pode se beneficiar de uma maior estabilidade econômica e política. As diferenças regionais e os altos custos de construção também continuarão a desempenhar um papel importante no comportamento do mercado imobiliário nos próximos meses.
Com o crescimento contínuo das vendas, a estabilidade no mercado de aluguéis e as expectativas de novas políticas para o setor habitacional, o mercado imobiliário brasileiro ainda apresenta boas perspectivas, mesmo que com um ritmo de valorização mais moderado.