IPC-Fipe sobe 0,24% na 1ª quadrissemana de novembro e indica inflação moderada em São Paulo
O Índice de Preços ao Consumidor (IPC-Fipe), que mede a variação de preços na cidade de São Paulo, avançou 0,24% na primeira quadrissemana de novembro de 2025, após alta de 0,27% em outubro. O resultado confirma uma trajetória de desaceleração da inflação na capital paulista, especialmente nos grupos de Habitação, Alimentação e Saúde, que apresentaram alívio de preços neste início de mês.
Mesmo com a leve moderação, o índice geral segue positivo, sustentado por aumentos em Transportes, Despesas Pessoais e Vestuário — segmentos que continuam pressionando o custo de vida do paulistano.
A tendência indica que a inflação urbana permanece sob controle, embora os preços de serviços e despesas cotidianas ainda avancem acima da média do período.
Composição do IPC-Fipe: o que mais influenciou a alta de 0,24%
A variação do IPC-Fipe é resultado do comportamento de sete grupos de consumo que refletem o cotidiano das famílias paulistanas. Em novembro, três grupos desaceleraram e quatro apresentaram aceleração no ritmo de alta de preços.
Grupos em desaceleração
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Habitação: de 0,22% em outubro para 0,06% na primeira quadrissemana de novembro.
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Alimentação: de 0,38% para 0,23%.
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Saúde: de 0,37% para 0,20%.
Esses segmentos, que juntos representam uma parcela expressiva da cesta de consumo, contribuíram para reduzir a pressão inflacionária do mês.
Grupos em aceleração
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Transportes: de 0,32% para 0,43%.
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Despesas Pessoais: de 0,26% para 0,53%.
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Vestuário: de 0,10% para 0,20%.
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Educação: de 0,03% para 0,05%.
Entre os componentes, o grupo de Despesas Pessoais teve o maior avanço, impulsionado por serviços pessoais e recreativos, refletindo a demanda aquecida de fim de ano. Já Transportes manteve alta por conta de ajustes nos combustíveis e tarifas urbanas, que continuam sensíveis à variação do petróleo e à política de preços das refinarias.
Alimentação perde força e ajuda a conter o IPC-Fipe
O grupo de Alimentação, que tem peso relevante no IPC-Fipe, foi determinante para o resultado mais brando da inflação. Com a colheita de produtos agrícolas e o recuo nos preços de hortifrutis e proteínas, o setor apresentou desaceleração para 0,23%, após avanço de 0,38% no mês anterior.
A tendência de estabilidade dos alimentos também reflete o maior equilíbrio entre oferta e demanda no atacado e varejo paulistano. Produtos como frutas, legumes e grãos registraram queda de preços, enquanto laticínios e carnes tiveram leves aumentos, compensados pela deflação em outros itens da cesta básica.
Para as famílias de baixa renda, o comportamento mais moderado dos alimentos representa alívio imediato no orçamento doméstico, especialmente em um contexto de juros ainda elevados e renda comprimida.
Habitação tem leve alta com foco em energia e condomínio
O grupo de Habitação, com variação de 0,06%, foi um dos principais responsáveis por frear o IPC-Fipe. O resultado reflete a estabilidade das tarifas de energia elétrica, após meses de reajustes pontuais, e o comportamento moderado dos aluguéis residenciais.
Por outro lado, taxas condominiais e serviços de manutenção predial apresentaram aumento pontual, mantendo o grupo em terreno positivo, ainda que com ritmo reduzido. O cenário indica maior equilíbrio nos custos de moradia, importante componente do custo de vida urbano.
Saúde desacelera com estabilidade nos medicamentos
O setor de Saúde também ajudou a conter o IPC-Fipe, com variação de 0,20% — uma redução significativa em relação aos 0,37% de outubro. A queda decorre da estabilidade nos preços de medicamentos e da menor pressão em planos de saúde, após meses de reajustes e negociações com operadoras.
Essa desaceleração tende a se manter nas próximas leituras, considerando a redução da demanda por consultas e exames eletivos no fim do ano e o recuo de custos hospitalares em alguns segmentos.
Despesas pessoais e transportes mantêm pressão sobre o índice
Enquanto os grupos básicos perderam fôlego, Despesas Pessoais e Transportes foram os principais vetores de alta do IPC-Fipe.
No caso das Despesas Pessoais, a variação de 0,53% reflete o aumento de preços em serviços de estética, lazer e cuidados pessoais, impulsionados pela proximidade das festas de fim de ano. Já Transportes, com alta de 0,43%, foi impactado pelos ajustes no preço dos combustíveis, especialmente gasolina e etanol, além de reajustes em aplicativos de mobilidade e passagens urbanas.
Esses movimentos mostram que, embora a inflação de bens esteja controlada, os serviços seguem em trajetória de alta, influenciados por demanda aquecida e custos de mão de obra.
Vestuário e educação têm leve avanço
Os grupos de Vestuário (0,20%) e Educação (0,05%) tiveram impacto marginal sobre o resultado geral do IPC-Fipe, mas reforçam uma tendência de retomada gradual.
No caso do Vestuário, o aumento reflete o início da coleção de verão e recomposição de margens no varejo. Já o grupo de Educação manteve variação modesta, concentrada em cursos livres e idiomas, antes dos reajustes mais expressivos esperados para janeiro, com a volta às aulas.
IPC-Fipe de novembro: composição detalhada
| Grupo | Variação (%) – 1ª quadrissemana de novembro |
|---|---|
| Habitação | 0,06% |
| Alimentação | 0,23% |
| Transportes | 0,43% |
| Despesas Pessoais | 0,53% |
| Saúde | 0,20% |
| Vestuário | 0,20% |
| Educação | 0,05% |
| Índice Geral | 0,24% |
O levantamento confirma que os preços seguem sob controle, mas a inflação de serviços e transportes ainda impede uma desaceleração mais ampla.
Análise econômica: trajetória de inflação moderada
A leitura do IPC-Fipe de novembro reforça o cenário de inflação estável e controlada em São Paulo, mesmo com oscilações pontuais em alguns setores. A variação de 0,24% sugere que a tendência desinflacionária se mantém, amparada pelo recuo dos alimentos e moderação em habitação e saúde.
Economistas projetam que o índice pode fechar o mês entre 0,22% e 0,28%, dependendo do comportamento dos combustíveis e da demanda por serviços. O indicador também serve de termômetro para as decisões de política monetária, já que antecipa a dinâmica de preços ao consumidor no maior centro urbano do país.
Perspectivas para o IPC-Fipe em dezembro
Para o último mês do ano, a expectativa é de pressão pontual nos serviços e transporte, impulsionada pela demanda de fim de ano e pelo aquecimento do comércio e turismo. Em contrapartida, a oferta agrícola favorável e a estabilidade tarifária devem limitar a alta do índice.
a projeção média das consultorias aponta para um avanço próximo de 0,25% em dezembro, mantendo a inflação acumulada de 2025 abaixo de 5%, o que reforça a perspectiva de estabilidade de preços e confiança no controle monetário.
Importância do IPC-Fipe para a economia brasileira
O IPC-Fipe é um dos principais indicadores de inflação do país, calculado pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe), ligada à USP. Ele mede o custo de vida das famílias com renda de 1 a 10 salários mínimos na cidade de São Paulo, servindo como referência para reajustes salariais, contratos de aluguel e decisões econômicas.
A estabilidade observada no índice indica equilíbrio entre oferta e demanda e reforça o ambiente de preços previsíveis, essencial para o planejamento de empresas e famílias. O comportamento do IPC-Fipe também influencia as expectativas sobre o IPCA, índice oficial do país, divulgado pelo IBGE.
O avanço de 0,24% no IPC-Fipe na primeira quadrissemana de novembro confirma que a inflação paulistana segue sob controle, mesmo com pressões localizadas em serviços e transportes. O comportamento dos preços reforça o cenário de estabilidade econômica e mantém o Brasil em trajetória de inflação convergente, condição essencial para sustentar o corte gradual da taxa Selic e estimular a atividade econômica em 2026.






