IPCA abril 2025: inflação sobe 0,43% e acumula 5,53% em 12 meses
São Paulo, 9 de maio de 2025 – O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) registrou alta de 0,43% em abril, conforme divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta sexta-feira (9). Apesar da desaceleração em relação a março, quando o índice foi de 0,56%, este foi o maior IPCA para um mês de abril desde 2023, quando atingiu 0,61% .
Com o resultado de abril, o IPCA acumula alta de 2,48% no ano e de 5,53% nos últimos 12 meses, ultrapassando a taxa de 5,48% registrada até março . O número também ficou acima das projeções do mercado, cuja mediana previa avanço de 0,42% no mês e 5,52% no acumulado.
Alimentação e saúde impulsionam inflação
O grupo Alimentação e Bebidas exerceu o maior impacto no índice de abril, com alta de 0,82% e contribuição de 0,18 ponto percentual no IPCA . A alimentação no domicílio subiu 0,83%, com destaque para batata-inglesa (+18,29%), tomate (+14,32%) e café moído (+4,48%). Em contrapartida, cenoura (-10,40%), arroz (-4,19%) e frutas (-0,59%) apresentaram queda.
A alimentação fora do domicílio teve aumento de 0,80%, puxada principalmente pelo subitem lanche, que acelerou de 0,63% para 1,38%.
O grupo Saúde e Cuidados Pessoais registrou alta de 1,18%, com impacto de 0,16 ponto percentual no IPCA . O principal fator foi o reajuste de até 5,09% nos preços dos medicamentos autorizado a partir de 31 de março. Produtos farmacêuticos subiram 2,32%, enquanto itens de higiene pessoal avançaram 1,09%.
Transportes apresentam queda
O grupo Transportes foi o único a registrar queda em abril, com recuo de 0,38%, influenciado principalmente pela redução nas passagens aéreas (-14,15%), gasolina (-0,35%), etanol (-0,82%), óleo diesel (-1,27%) e gás veicular (-0,91%).
Por outro lado, o metrô subiu 1,01%, refletindo reajustes de tarifas em cidades como Rio de Janeiro e Brasília. O táxi subiu 1,15%, com aumentos em Porto Alegre (+10,56%) e Aracaju (+4,95%). No ônibus urbano, a variação foi de -0,09%, considerando reajustes em Porto Alegre (+3,95%), Belém (-6,75%) e gratuidade aos domingos e feriados em Brasília e Curitiba.
Outros grupos e variações regionais
O grupo Vestuário avançou 1,02%, com alta de 1,45% na roupa feminina, 1,21% na masculina e 0,60% em calçados e acessórios. Em Despesas Pessoais, o IPCA subiu 0,54%, com alta de 2,71% no cigarro e 0,87% nos serviços bancários.
Habitação subiu 0,14%, influenciada por reajustes na conta de água e esgoto em Goiânia (+4,17%) e Recife (+9,98%). A energia elétrica residencial recuou 0,08%, com variações regionais entre aumentos e reduções nas tarifas. Educação teve leve alta de 0,05%, enquanto Comunicação avançou 0,69%.
Entre as regiões pesquisadas, Porto Alegre teve a maior alta no IPCA de abril, com 0,95%, puxada por energia elétrica (+3,37%) e tomate (+45,96%). A menor variação foi registrada em Brasília, com alta de apenas 0,04%, influenciada pela queda de 7,46% nas passagens aéreas e 1,69% na gasolina.
INPC também supera 5% em 12 meses
O Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), que mede a inflação das famílias com rendimento de até cinco salários mínimos, subiu 0,48% em abril. O índice acumula alta de 2,49% no ano e de 5,32% em 12 meses.
Alimentos no INPC subiram 0,76%, abaixo dos 1,08% registrados em março. Os itens não alimentícios variaram de 0,32% para 0,39%.
Pressão inflacionária preocupa analistas
Apesar da leve surpresa positiva nos números gerais, analistas veem um quadro persistente de pressão inflacionária. Os núcleos de inflação, que desconsideram itens mais voláteis, subiram 0,48%, enquanto os serviços subjacentes avançaram 0,55% .
Segundo o economista Flávio Serrano, ambos os indicadores são compatíveis com uma inflação anualizada próxima de 6%, muito acima da meta do Banco Central. Serrano também alertou para volatilidade nos preços nos próximos meses, especialmente alimentos e energia elétrica, com possibilidade de acionamento da bandeira amarela nas contas de luz.
Projeções para o IPCA em 2025
Para Alexandre Maluf, economista da XP, os dados do IPCA-15 de abril também mostraram surpresas pontuais em itens voláteis, mas não alteram o cenário de pressão inflacionária no curto prazo. “Considerando o 3M SAAR [inflação anualizada nos últimos três meses], todos os principais núcleos seguem bem acima da meta e da inflação acumulada em 12 meses, sugerindo pressão altista à frente”, disse.
Mesmo com os ajustes pontuais, a XP manteve a projeção de IPCA em 6% para 2025, ainda que com viés de baixa. Na atualização mais recente da estimativa para abril, a projeção foi revisada de 0,41% para 0,38%.