Arte da fuga
Jonathan Freedland Trad.: George Schlesinger. Intrínseca, 376 págs., R$ 79,90
Walter Rosenberg – mais tarde chamado Rudolf Vrba – foi um dos primeiros judeus a fugir de Auschwitz, abrir caminho para a liberdade e ajudar a salvar mais de 200 mil vidas na Segunda Guerra Mundial. Testemunha das barbaridades naquele local, Vrba tem sua história contada pelo jornalista Freedland. Era abril de 1944. Longe de se abater ao fracassar em suas tentativas de fuga, o determinado rapaz criou um plano ousado. Ele e o amigo Fred Wetzler se esconderam, escalaram montanhas, cruzaram rios, escaparam dos tiros dos alemães e enfim conseguiram transmitir em segredo o primeiro relato completo sobre Auschwitz de que o mundo teve notícias.
Procurando encrenca
Virginia Cowles. Trad.: Alessandra Bonrruquer Record, 518 págs., R$ 129,90
Colunista social e de moda, Cowles (EUA, 1910-1983) mudou sua carreira ao tornar-se correspondente de guerra. Começou na Guerra Civil Espanhola e seguiu com coberturas como a Tchecoslováquia na crise de 1937; os Sudetos e a marcha dos nazistas; a Rússia enganada pelos nazistas; Roma sob pressão alemã; Berlim no estouro da Segunda Guerra Mundial; a Finlândia invadida; Paris nas 24 horas antes da invasão alemã e outros momentos do conflito. Conheceu Hitler (“um homenzinho comum”?), Benito Mussolini (uma personalidade “agressiva e exuberante demais”), Winston Churchill, Martha Gellhorn, Ernest Hemingway.
Baiôa sem data para morrer
Rui Couceiro. Biblioteca Azul, 518 pág., R$ 59,90
Estreia de Couceiro na ficção, este romance reflexivo retrata um idoso, Joaquim Baiôa, que em sua provável última etapa de vida dedica-se a restaurar casas de sua aldeia, Gorda-e-Feia, no Alentejo. Ali a vida segue monótona e os mais velhos parecem apenas aguardar a chegada da morte. Mas mudanças virão. Um jovem professor descobre que a antiga casa de seus avós foi restaurada. Animado, decide trocar a vida agitada da cidade e voltar às raízes. Torna-se amigo de Baiôa e o ajuda na reconstrução das casas. Na esperança de atrair mais gente que ajudaria a renovar a vida em Gorda-e-Feia, o velho homem mergulha no trabalho.
Vale o que tá escrito
Dan DBA. Editora 224, págs., R$ 59,90
Dan constrói um romance em que se apropria de elementos da cultura pop e da cultura popular e que se vale de um dos pilares da identidade brasileira: a violência que rege as relações sociais. Na história, o personagem Danylton vê na rua um colega de infância que julgava morto, e o impacto disso o leva a investigar fatos antigos ocorridos no Núcleo Bandeirante. A essa questão soma-se a de Boamorte, um miliciano cuja vida está ligada à construção de Brasília. Como escreve Michel Laub, o livro é “uma estreia forte, que capta o espírito de um lugar onde tudo – até o pasto – é marcado pela violência”.