Nesta quarta-feira (2), a atenção global está voltada para os dados econômicos dos Estados Unidos, principalmente a criação de empregos no setor privado (ADP) e as declarações de quatro representantes do Federal Reserve (Fed). No Brasil, os investidores acompanham de perto as entrevistas com o novo CEO da Vale (VALE3), Gustavo Pimenta, e Aloizio Mercadante, presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Esses fatores influenciam diretamente o mercado financeiro e o desempenho do Ibovespa.
Cenário Internacional e o Conflito no Oriente Médio
O conflito entre Irã e Israel continua a moldar o comportamento dos mercados globais. Após ataques de mísseis balísticos por parte do Irã, o preço do petróleo saltou para mais de 5%, antes de estabilizar em torno de 2%. Embora as tensões tenham diminuído momentaneamente, o ambiente de incerteza geopolítica segue impactando os mercados, com os investidores adotando posturas mais conservadoras.
Na Europa, as principais bolsas de valores fecharam em baixa, reflexo do agravamento do conflito. No entanto, empresas de petróleo e defesa estão apresentando um desempenho positivo, em contraste com o mercado mais amplo. Nos Estados Unidos, os títulos do Tesouro americano, conhecidos como Treasuries, também registram leve alta, enquanto os investidores aguardam a divulgação de novos dados de empregos do ADP, que podem influenciar a política de juros do Fed.
O Japão, por outro lado, viu suas bolsas caírem, principalmente devido à valorização do iene frente ao dólar, enquanto os investidores especulam sobre o futuro da política monetária do país. O novo ministro da economia, Ryosei Akazawa, sinalizou que o Banco do Japão deve ser cauteloso ao considerar futuros aumentos nas taxas de juros, com o objetivo de evitar um esfriamento excessivo da economia.
Commodities: Petróleo e Minério de Ferro
O petróleo segue em alta, com um aumento de mais de 3% nesta manhã, impulsionado pelas incertezas relacionadas ao conflito geopolítico no Oriente Médio e possíveis interrupções na oferta global da commodity. A escalada das tensões entre Irã e Israel trouxe preocupações sobre a oferta de petróleo, o que gerou uma pressão de alta nos preços.
O minério de ferro, por sua vez, não apresentou grandes movimentações, uma vez que os mercados chineses e sul-coreanos estão fechados devido à celebração da “Golden Week”. Durante esse feriado, a Bolsa de Dalian, referência para a negociação de minério de ferro, fica inativa, o que limita as transações dessa commodity.
Impacto no Mercado Brasileiro
No Brasil, o mercado financeiro observa com atenção a elevação da nota de crédito do Brasil pela agência Moody’s, de Ba2 para Ba1, um avanço importante que coloca o país mais próximo do grau de investimento. Com a perspectiva positiva mantida, há uma expectativa de atração de maior fluxo de capital estrangeiro para o país, o que tende a impulsionar os ativos brasileiros. Contudo, as incertezas globais, especialmente em torno do petróleo, ainda afetam o mercado de ações, adicionando volatilidade aos preços.
A produção industrial brasileira também está sob análise, com o mercado aguardando os números de agosto, que devem apresentar um crescimento de 0,1% após o recuo de 1,4% registrado em julho. O desempenho da indústria é um indicador relevante para o crescimento econômico do país, impactando diretamente as expectativas de investidores e analistas.
Adicionalmente, o Relatório Mensal da Dívida Pública (RMDP), divulgado na segunda-feira (30), trouxe novos insights sobre a gestão da dívida pública brasileira, algo que influencia diretamente a percepção de risco por parte dos investidores. A entrevista do Tesouro Nacional, realizada nesta quarta-feira, pode oferecer novos detalhes sobre as estratégias fiscais e de endividamento do governo.
Declarações do Federal Reserve e a Economia Americana
Nos Estados Unidos, os discursos de quatro dirigentes do Federal Reserve (Beth Hammack, Alberto Musalem, Tom Barkin e Michelle Bowman) são altamente aguardados pelo mercado, especialmente devido ao impacto das políticas monetárias americanas na economia global. Com o relatório de empregos do ADP previsto para hoje e o payroll na sexta-feira (4), as expectativas sobre futuros cortes na taxa de juros permanecem em destaque.
Atualmente, as apostas indicam uma probabilidade de 64% de um corte de 0,25 ponto percentual nos juros americanos em novembro, o que poderia impactar diretamente os mercados de ações e de commodities, além de influenciar a taxa de câmbio e o comportamento dos investidores em ativos de risco.
Perspectivas Fiscais e Econômicas no Brasil
Internamente, o governo brasileiro enfrenta desafios fiscais, com analistas criticando a decisão de reduzir o contingenciamento de gastos públicos. Essa medida é vista como arriscada, especialmente se houver uma desaceleração no crescimento econômico, o que pode comprometer a arrecadação e dificultar o cumprimento das metas fiscais estabelecidas pelo arcabouço fiscal. Essa incerteza fiscal continua a ser um fator de preocupação para o mercado, que observa com cautela os próximos passos do governo.
Por fim, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, participa de um evento em São Paulo nesta noite, onde deve discutir temas econômicos relevantes para o Brasil. Suas falas podem fornecer novas diretrizes sobre a política monetária do país, especialmente em relação às taxas de juros e controle da inflação.
A agenda econômica desta quarta-feira (2) é marcada por eventos de grande relevância tanto no Brasil quanto no cenário internacional. A elevação da nota de crédito do Brasil pela Moody’s é uma notícia positiva, mas o ambiente global de incerteza, impulsionado pelo conflito no Oriente Médio e pela volatilidade nos preços do petróleo, mantém os investidores em alerta. Além disso, os dados de empregos nos EUA e as falas dos dirigentes do Fed serão cruciais para determinar o rumo das políticas monetárias nos próximos meses.