O presidente da Argentina, Alberto Fernández, afirmou que tem visão crítica sobre o que foi acordado entre Mercosul e União Europeia em 2019. Segundo ele, “o Mercosul foi o que mais cedeu”, mas a apresentação de novas demandas pela UE é oportunidade de “reajustar os desequilíbrios”.
“Estivemos focados em atualizar e aperfeiçoar o acordo com a União Europeia. Tínhamos algumas dúvidas e objeções. Temos uma visão crítica daquilo que foi acordado em 2019, o Mercosul foi o que mais cedeu”, afirmou ele, durante a abertura da sessão plenária do Mercosul.
Para o argentino, a apresentação de novas demandas da União Europeia, depois de quatro anos, é de uma visão excessivamente ambiental. Fernández espera que as negociações levem a soluções equilibradas.
“A apresentação de novas demandas da União Europeia, depois de quatro anos, é uma visão excessivamente ambiental. Apesar disso, o acordo com a União Europeia significa uma oportunidade de reconfigurar as novas cadeias de valor. Esperamos que as negociações levem a soluções equilibradas. É lá, na Europa, que estão as atitudes protecionistas. A proposta da Europa também pode ser uma oportunidade de reajustar os desequilíbrios do acordo”, ressaltou.
América Central e Emirados
“O nosso compromisso com inserção internacional do bloco vai além do acordo com a União Europeia. Por isso, demos impulso a negócios mais distantes, como na América Central e nos Emirados Árabes Unidos”, disse.
No início de seu discurso, Fernández destacou que o mundo vive hoje um momento singular em meio às mudanças climáticas. “Nesse cenário, tivemos uma pandemia que arrasou com 10 milhões de vidas. Isso não evitou a invasão da Rússia na Ucrânia, e parece que essa guerra quer se prolongar com outros atores. A batalha determina novas relações geopolíticas”, afirmou.
“A América Latina deve observar essas experiências como forma de não demorar a se transformar. O mundo em desenvolvimento experimentou essas divisões. Vamos pegar a experiência alheia para não sentir a experiência dessas divisões”, complementou.
Relações com FMI e crise climática
Para o presidente argentino, cada oportunidade que a América do Sul aproveita é uma demonstração da vocação integracionista. “Exatamente no fim do ano passado, sentimos o efeito da crise climática e temos a maior seca dos últimos 100 anos. E isso acentuou nossas fragilidades e afetou nossas relações com o FMI”, explicou.
Ele mencionou ainda que “devemos nos integrar ao mundo não só com produção de alimentos, mas também com exportação de bens elaborados”.
“Se aproveitarmos essa oportunidade, deixaremos de ser um elo apenas de produção alimentícia da cadeia produtiva. Ninguém nos pode condenar a ser apenas fornecedores. Não me apoio no isolacionismo, porque, senão, vamos continuar marcando a desigualdade”, destacou.