O banco norte-americano Morgan Stanley reduziu sua participação acionária na Lojas Renner (LREN3), uma das maiores varejistas de moda do Brasil, conforme documento enviado ao mercado no dia 7 de setembro. A venda de ações deixou o Morgan Stanley com 4,9% do capital social da companhia, o que corresponde a cerca de 47,1 milhões de ações ordinárias da empresa. Apesar da diminuição da participação, o banco declarou que não tem intenção de influenciar o controle ou a estrutura administrativa da Lojas Renner, reforçando que essa movimentação faz parte de suas estratégias de investimento.
A decisão do Morgan Stanley de reduzir sua participação na Lojas Renner acontece em um momento de cautela para o setor de varejo, que enfrenta desafios decorrentes da alta da inflação e dos juros elevados, impactando o poder de compra dos consumidores. Ainda assim, a Lojas Renner mantém-se resiliente, com perspectivas positivas para o futuro, conforme indicado por outras instituições financeiras, como o Bank of America (BofA).
Bank of America recomenda compra das ações da Lojas Renner
Em um cenário contrastante à decisão do Morgan Stanley, o Bank of America (BofA) elevou sua recomendação para as ações da Lojas Renner em abril de 2024. O banco mudou a classificação de “underperform” (venda) para “compra”, justificando que a empresa vem demonstrando sinais claros de recuperação em suas principais áreas de atuação, especialmente na gestão de crédito ao consumidor.
Segundo os analistas Robert Aguilar, Melissa Byun e Vinicius Pretto, responsáveis pelo relatório do BofA, a Lojas Renner tem feito progressos significativos na reativação de sua base de clientes de crédito, que é um fator estratégico importante para o crescimento da companhia. Uma nova equipe de crédito ao consumidor foi implantada, e esta tem utilizado algoritmos mais avançados para otimizar a concessão de crédito, além de uma melhor análise de dados para gerenciar riscos.
A reestruturação do setor de crédito ao consumidor da Lojas Renner tem sido um ponto positivo, especialmente diante da forte concorrência de fintechs no mercado de crédito. As fintechs, que antes representavam uma ameaça à Lojas Renner, estão, segundo o BofA, começando a mudar seu foco para a rentabilidade, o que pode diminuir a pressão sobre a varejista e permitir uma recuperação mais rápida de sua participação de mercado.
A estratégia de recuperação da Lojas Renner
A recuperação no segmento de crédito é vista como crucial para a Lojas Renner, que utiliza o crédito ao consumidor como uma alavanca para impulsionar suas vendas e fidelizar clientes. Com a implementação de novas tecnologias e uma gestão de risco mais eficiente, a empresa pretende melhorar a rentabilidade e crescer, especialmente no modelo de “mesmas lojas”, que mede o desempenho de lojas já em operação há mais de um ano.
O foco da varejista em gestão de risco e otimização do crédito tem sido bem recebido pelos analistas do BofA, que acreditam que essas medidas ajudarão a aumentar a margem operacional da empresa e a mitigar possíveis impactos da volatilidade econômica. O crescimento nas mesmas lojas é uma métrica essencial para o varejo, pois reflete a capacidade da empresa de gerar mais vendas sem a necessidade de abrir novas lojas, o que é particularmente relevante em tempos de incerteza econômica.
O cenário atual para a Lojas Renner e o varejo
O setor de varejo no Brasil tem enfrentado desafios nos últimos anos devido ao cenário macroeconômico adverso. A inflação elevada, combinada com uma taxa de juros (Selic) em alta, tem impactado o poder de compra das famílias, reduzindo o consumo. No entanto, a Lojas Renner, que é uma das líderes de mercado no setor de vestuário e moda, tem conseguido se adaptar, implementando estratégias para se manter competitiva e otimizar seus processos internos.
A alta nas ofertas de crédito ao consumidor tem sido uma das estratégias mais eficazes da Lojas Renner, especialmente diante de um cenário em que a concorrência com fintechs é acirrada. No entanto, o avanço da tecnologia e a capacidade da empresa de utilizar algoritmos avançados para prever padrões de compra e comportamento de crédito têm sido fundamentais para enfrentar esses desafios.
Perspectivas para o futuro
Embora a venda de parte das ações pelo Morgan Stanley possa gerar dúvidas para alguns investidores, a recomendação de compra do BofA reforça que a Lojas Renner ainda possui um grande potencial de crescimento, especialmente se continuar otimizando sua operação de crédito ao consumidor. A recuperação econômica, com a desaceleração da inflação e a estabilização dos juros, pode ser um fator decisivo para a retomada do consumo em larga escala, beneficiando empresas do setor de varejo como a Lojas Renner.
Além disso, o foco da empresa em reter seus clientes por meio de um melhor gerenciamento de crédito e ofertas personalizadas pode ajudar a fortalecer sua base de consumidores e aumentar a fidelização, um fator crucial para o sucesso a longo prazo no setor de varejo.
Os investidores devem, contudo, acompanhar de perto as movimentações no mercado de ações, as tendências macroeconômicas e as estratégias implementadas pela Lojas Renner para navegar em um ambiente econômico desafiador. A recomendação neutra do Morgan Stanley e a positiva do BofA refletem que, enquanto há preocupações com o setor, existem também sinais claros de que a Lojas Renner está no caminho certo para superar os obstáculos e continuar crescendo.
A venda de ações da Lojas Renner pelo Morgan Stanley é um movimento estratégico que, segundo o banco, não visa alterar o controle da companhia. Enquanto isso, a recomendação de compra do Bank of America destaca o potencial de recuperação da varejista, especialmente no que diz respeito à reativação de sua base de crédito ao consumidor. Com uma estratégia focada na melhor utilização de dados e algoritmos para análise de crédito, a Lojas Renner tem boas perspectivas para o futuro, apesar dos desafios impostos pelo cenário econômico atual.
Para os investidores, a decisão entre manter ou adquirir ações da Lojas Renner deve levar em consideração esses fatores, bem como o desempenho da empresa nos próximos trimestres, especialmente no que diz respeito à gestão de crédito e ao crescimento nas mesmas lojas.