Com a chegada de setembro, os investidores enfrentam o último trimestre de 2024 com um misto de otimismo e cautela. Este é o momento ideal para revisar as metas de investimento e ajustar estratégias para garantir que as resoluções financeiras feitas no início do ano sejam cumpridas. A conjuntura econômica atual, marcada por variáveis como a taxa Selic e o crescimento do PIB, oferece uma gama de oportunidades e desafios para quem busca maximizar retornos e proteger seu patrimônio. Neste artigo, exploramos as melhores estratégias de investimento para os últimos meses de 2024, com base nas análises de especialistas consultados pela Forbes Brasil.
Cenário Econômico Atual e Perspectivas para a Taxa Selic
O ano de 2024 começou com a taxa Selic em 11,75% ao ano, e a expectativa inicial era de uma redução gradual dos juros. A primeira edição do Relatório Focus indicava uma possível baixa para 9% até dezembro, com cenários mais otimistas apontando uma queda para até 8% ao ano. No entanto, as recentes altas da inflação e do dólar comprometeram esse cenário otimista.
Atualmente, a previsão é de que a Selic se estabilize em 10,50% até o final do ano, sem novas altas esperadas. Essa estabilidade é crucial para os investidores, pois permite uma previsibilidade maior ao planejar investimentos. A próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), marcada para 17 e 18 de setembro, será um evento-chave para confirmar essas expectativas.
Estratégias de Investimento para Aproveitar a Selic Atual
Diante da estabilidade da Selic, manter uma parte significativa do portfólio em renda fixa pode ser uma estratégia eficaz para proteger o patrimônio e garantir rentabilidade no curto prazo. Duas opções principais são recomendadas pelos especialistas:
- Títulos Públicos Corrigidos pela Selic: Esses títulos oferecem uma proteção contra a inflação e garantem uma rentabilidade atrelada à Selic. São uma opção conservadora que proporciona segurança e previsibilidade.
- CDBs (Certificados de Depósito Bancário): Alguns CDBs oferecem rendimentos de até 200% da taxa CDI (Certificado de Depósito Interfinanceiro), o que pode ser bastante atraente. No entanto, é crucial avaliar o risco de crédito da instituição financeira emissora. CDBs de bancos menos arriscados podem pagar até 120% do CDI, oferecendo uma alternativa segura e rentável.
Marcello Marin, gestor de recursos, adverte que investimentos com altas taxas de retorno podem estar associados a instituições financeiras mais arriscadas. Portanto, é essencial realizar uma análise cuidadosa antes de investir.
O Impacto do Crescimento do PIB e a Inflacão
O crescimento acima das expectativas do Produto Interno Bruto (PIB) pode pressionar a inflação e justificar uma eventual alta nos juros. Fernando Bento, CEO da empresa de assessoria de investimentos FMB, aponta que a inflação pode aumentar se o crescimento econômico continuar robusto. Investimentos em produtos atrelados ao CDI são considerados conservadores, mas oferecem uma boa remuneração em um cenário de possível alta da inflação.
A poupança, por outro lado, não é recomendada devido ao seu rendimento inferior comparado a outras aplicações conservadoras. Marilucia Silva Pertile, mentora de startups e cofundadora da Start Growth, destaca a desvantagem da poupança, que depende das decisões de política monetária do Banco Central e não oferece flexibilidade em relação às movimentações antes da data de aniversário.
Investimentos Protegidos Contra a Inflação
Com a possibilidade de alta da inflação, é prudente considerar investimentos protegidos contra essa variação. Jenni Almeida, especialista em finanças e CEO da Invest4U, sugere fundos de investimento atrelados à inflação como uma opção inteligente. Esses fundos ajudam a proteger o portfólio contra a perda do poder de compra e são uma escolha recomendada quando a taxa de juros está estável.
Alternativas de Renda Passiva: Dividendos e Fundos Imobiliários
Os dividendos podem ser uma excelente forma de gerar renda passiva em um cenário de alta dos juros. Os fundos de investimento imobiliário (FIIs) são uma das principais opções, oferecendo rendimentos mensais ou em períodos mais longos. Para avaliar se um FII é um bom investimento, é fundamental comparar o valor pago com o preço da cota.
Além dos FIIs, os Fiagro (Fundos de Investimento Agropecuário) são semelhantes aos FIIs, mas são dedicados ao agronegócio. Ambos os tipos de fundos têm a vantagem de isenção de imposto de renda para investidores pessoa física, tornando-os atraentes para quem busca investimentos com menos carga tributária.
Apostas em Ações e Letras de Crédito
Para investidores com maior apetite por risco, as ações e as Letras de Crédito Imobiliário (LCIs) e do Agronegócio (LCAs) podem ser opções interessantes. As LCIs e LCAs podem ser pré ou pós-fixadas e têm prazos de liquidez superiores a 30 dias após o investimento. Empresas de serviços públicos, como energia elétrica e saneamento, também são conhecidas por pagar bons dividendos e oferecer uma valorização constante ao longo do tempo. Igor Lucena, economista e CEO da Amero Consulting, recomenda essas empresas por apresentarem menor risco e atraírem grandes investidores internacionais.
Diversificação Internacional: Oportunidades e Riscos
Diversificar o portfólio com investimentos internacionais pode ser uma estratégia eficaz para aproveitar a queda da taxa de juros nos Estados Unidos. O Federal Reserve (Fed) deve reduzir a taxa em 0,25 ponto percentual em setembro, com a possibilidade de um corte adicional em novembro. Esse cenário tende a impulsionar as bolsas americanas, criando oportunidades para investidores internacionais.
Os investimentos em ativos internacionais têm a vantagem de que o imposto é cobrado apenas no momento da venda ou resgate, permitindo que o patrimônio cresça sem a incidência imediata de tributos. No entanto, o risco fiscal no Brasil pode impactar a valorização do dólar, que está acumulando uma desvalorização de 16% em 2024.
Com o fim do ano se aproximando, ajustar suas estratégias de investimento pode fazer a diferença entre atingir ou não suas metas financeiras para 2024. Aproveitar as oportunidades oferecidas pelas condições econômicas atuais, como a estabilidade da Selic e a possibilidade de alta da inflação, pode ajudar a maximizar retornos e proteger seu patrimônio. A diversificação entre renda fixa, fundos imobiliários, ações e investimentos internacionais oferece uma abordagem equilibrada para enfrentar os desafios e aproveitar as oportunidades do último trimestre de 2024.