Operação no Rio: estudo aponta que 69% das menções nas redes sociais são críticas a Lula
A Operação no Rio que resultou em 121 mortes nos complexos do Alemão e da Penha continua repercutindo intensamente nas redes sociais e tem se tornado um dos temas políticos mais discutidos do país. De acordo com um estudo realizado pela empresa Brandwatch, a narrativa dominante sobre o episódio é desfavorável ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). O levantamento analisou mais de 300 mil menções em plataformas digitais e revelou que 69% dos comentários criticam Lula, enquanto apenas 23% são favoráveis e 8% mantêm tom neutro.
A pesquisa mostra que a percepção pública sobre o papel do governo federal na segurança pública tem sido fortemente influenciada por discursos punitivistas e conservadores, em contraste com críticas ao suposto “afrouxamento” da postura do Planalto diante da criminalidade.
Redes sociais reagem com tom conservador e antipetista
O estudo da Brandwatch revelou que a Operação no Rio provocou uma onda de reações contrárias a Lula nas redes. A maior parte das menções apontou o presidente como “conivente com o crime” ou “inimigo das polícias”, com base em declarações recentes sobre o tráfico e a responsabilidade dos usuários de drogas.
Os analistas destacam que o volume de publicações teve um alcance de mais de 511 milhões de visualizações, com grande concentração de comentários associando o governo federal à “fraqueza diante do crime” e à “proteção de criminosos”. Termos como “defende bandidos”, “enfraquece as polícias” e “desautoriza governadores” apareceram com frequência em posts e compartilhamentos.
A ascensão da imagem de Cláudio Castro nas redes
Outro ponto que o levantamento evidencia é o crescimento expressivo da imagem do governador Cláudio Castro (PL) nas redes. O chefe do Executivo fluminense foi retratado em 18% das menções analisadas como “herói”, “homem de ação” e “único que enfrenta o crime”, em contraposição direta à imagem de Lula, apresentada por parte dos usuários como fraca e omissa.
Essa associação binária entre Castro e Lula reforçou, segundo o estudo, uma narrativa de “bem contra o mal”, na qual o governador e as forças policiais aparecem como símbolos de ação e coragem, enquanto o governo federal e a esquerda são retratados como inertes e complacentes com o avanço da criminalidade.
A operação e a controvérsia sobre a GLO
Entre os principais tópicos debatidos, 10% das publicações abordaram a polêmica sobre a suposta decretação de uma Garantia da Lei e da Ordem (GLO) — medida que autorizaria o uso das Forças Armadas no combate ao crime no Rio.
Nas redes, usuários questionaram o posicionamento do governo federal e acusaram o Planalto de “mentir” sobre a solicitação de apoio militar feita pelo estado. Ao mesmo tempo, 7% dos comentários defendiam a necessidade de “leis mais duras” e maior autonomia policial no enfrentamento de facções criminosas.
Esse cenário reforçou o discurso de que a Operação no Rio teria se tornado não apenas um episódio de segurança pública, mas um palco de disputa política nacional entre diferentes visões sobre o papel do Estado na segurança e no uso da força.
Críticas e narrativas contrárias ao governo federal
Segundo o relatório da Brandwatch, 34% das críticas apontaram que o governo Lula estaria enfraquecendo as forças de segurança e impedindo ações mais duras contra o crime organizado.
Para os analistas, essa percepção se consolidou em meio a uma retórica que mistura críticas ideológicas e apelos emocionais, especialmente entre grupos que associam o governo petista à “defesa de criminosos”.
A Operação no Rio foi amplamente utilizada em páginas e perfis políticos para reforçar discursos conservadores, ampliando o engajamento de eleitores alinhados à direita e ao bolsonarismo.
Publicações favoráveis a Lula destacam uso político da violência
Apesar da predominância de críticas, o estudo também identificou 23% de postagens favoráveis a Lula.
Entre essas, 14% classificam a operação como uma “chacina”, denunciando o “uso político da violência” pelo governador Cláudio Castro e seus aliados. As publicações defendem que a ação teria sido mal planejada e eleitoreira, com o objetivo de reforçar uma narrativa de força e autoridade às vésperas de disputas políticas regionais.
Cerca de 5% das menções também acusaram o governo estadual de mentir sobre o pedido de ajuda das Forças Armadas, enquanto 3% apontaram que a responsabilidade pela crise de segurança no Rio é exclusivamente estadual.
Há ainda 1% de posts que relacionam a política de segurança de Castro a uma “cultura de extermínio”, associando-a ao bolsonarismo e à retórica da extrema-direita.
Polarização e impacto político da Operação no Rio
O episódio reacendeu o debate sobre segurança pública e polarização política no Brasil. De um lado, defensores de uma abordagem punitivista exigem mais poder de ação às polícias e menos interferência federal. Do outro, críticos veem a operação como um símbolo de violência institucional e falta de planejamento, reforçando a necessidade de uma política de segurança com foco em inteligência, prevenção e direitos humanos.
Para cientistas políticos, o impacto da Operação no Rio nas redes sociais evidencia como a percepção pública pode moldar a narrativa política nacional, especialmente em um contexto em que a comunicação digital é utilizada para disputar corações e mentes.
A predominância do tom crítico a Lula mostra o quanto a esquerda enfrenta desafios em pautar o debate da segurança pública — área tradicionalmente dominada por discursos conservadores.
Repercussões e respostas do governo federal
Nos bastidores de Brasília, a repercussão da Operação no Rio preocupa assessores do governo federal, que veem o episódio como um teste para a popularidade do presidente.
A Secretaria de Comunicação e o Ministério da Justiça vêm acompanhando o impacto da narrativa nas redes, especialmente após a viralização de vídeos e declarações truncadas que ampliaram interpretações negativas sobre as falas de Lula.
O governo tenta agora reconstruir o discurso em torno da segurança pública, destacando investimentos federais em inteligência policial, combate ao tráfico de armas e integração com estados.
A imagem de Lula nas redes: entre o desgaste e a resistência
Apesar das críticas, o relatório também aponta que o presidente Lula mantém forte presença digital e ainda conta com núcleos de apoio engajados nas redes.
Esses grupos têm atuado na tentativa de contrapor a narrativa dominante, divulgando dados sobre ações sociais, políticas de prevenção e investimentos em programas de combate à criminalidade.
Ainda assim, o desafio é grande: a Operação no Rio consolidou uma narrativa de confronto simbólico entre o governo federal e as forças estaduais, o que tende a ser explorado eleitoralmente pela oposição em 2026.
Análise de tendências: o papel das redes na formação da opinião pública
O caso da Operação no Rio reforça como as redes sociais se tornaram instrumentos centrais da política contemporânea. A velocidade com que informações — verdadeiras ou distorcidas — circulam amplia o potencial de mobilização de grupos e influencia diretamente a percepção pública sobre o governo.
Pesquisas apontam que as redes funcionam como câmaras de eco, onde as opiniões são reforçadas por algoritmos que priorizam conteúdos com alto engajamento, muitas vezes polarizadores.
Nesse contexto, o episódio revela não apenas o debate sobre segurança pública, mas também o poder da desinformação e da manipulação emocional como ferramentas de pressão política.
Olegado digital da Operação no Rio
A Operação no Rio vai além do debate sobre o combate ao crime — ela se tornou um termômetro do ambiente político nacional e um espelho da polarização brasileira.
Com 69% das menções negativas a Lula e uma crescente idolatria digital a Cláudio Castro, o episódio evidencia o quanto a segurança pública se transformou em uma arena ideológica nas redes.
O estudo da Brandwatch demonstra que, em tempos de guerra de narrativas, a opinião pública é moldada menos por fatos e mais por percepções amplificadas por algoritmos, reforçando a necessidade de estratégias digitais mais consistentes para o governo federal.






