Passaporte de Jair Bolsonaro: PGR se posiciona contra liberação para viagem aos EUA
O procurador-geral da República, Paulo Gonet, apresentou nesta quinta-feira, 16 de janeiro, um parecer ao Supremo Tribunal Federal (STF) contrário à liberação temporária do passaporte do ex-presidente Jair Bolsonaro. A solicitação foi feita pela defesa do ex-mandatário para que ele pudesse viajar aos Estados Unidos e participar da posse de Donald Trump como presidente norte-americano, marcada para o dia 20 deste mês.
A decisão final está nas mãos do ministro Alexandre de Moraes, relator do caso, que solicitou à defesa de Bolsonaro um documento oficial do governo dos EUA confirmando o convite para o evento. No entanto, a Procuradoria-Geral da República (PGR) argumenta que a viagem não apresenta interesse público ou necessidade imprescindível para justificar a devolução temporária do documento.
O impasse sobre o passaporte de Jair Bolsonaro
O passaporte do ex-presidente foi retido em fevereiro de 2024 no âmbito da Operação Tempus Veritatis, da Polícia Federal. A investigação apura o envolvimento de Bolsonaro em uma organização criminosa suspeita de planejar um golpe de Estado para se manter no poder. Desde então, ele tenta reaver o documento, mas enfrenta resistência do STF.
No parecer recente, o procurador-geral destacou que Bolsonaro não possui status de representação oficial do Brasil e que sua presença no evento não atende a interesses vitais ou urgentes. Segundo Gonet:
“Não há, na exposição do pedido, evidência de que a jornada ao exterior acudiria a algum interesse vital do requerente, capaz de sobrelevar o interesse público que se opõe à saída do requerente do país.”
Defesa de Bolsonaro e argumentos apresentados
A defesa do ex-presidente justificou o pedido destacando a importância internacional da cerimônia de posse de Trump e alegou que a viagem não interferiria no andamento das investigações contra Bolsonaro. Além disso, os advogados apresentaram como evidência um email enviado ao deputado federal Eduardo Bolsonaro, filho do ex-presidente, por um domínio temporário vinculado à organização do evento.
No entanto, o ministro Alexandre de Moraes considerou a evidência insuficiente e solicitou um documento oficial do governo norte-americano. Até o momento, tal comprovação não foi apresentada, o que enfraquece a argumentação da defesa.
Repercussões da decisão da PGR
A manifestação do procurador-geral reforça a posição de que a medida cautelar de retenção do passaporte deve ser mantida. A PGR ressaltou ainda que liberar o documento para uma viagem internacional, especialmente em meio a uma investigação de alta relevância, seria contraproducente e abriria precedentes negativos para outros casos judiciais.
O parecer pode influenciar diretamente a decisão de Alexandre de Moraes, que tem sido rigoroso no acompanhamento do caso e nas deliberações relacionadas ao ex-presidente.
Operação Tempus Veritatis: O pano de fundo
A Operação Tempus Veritatis trouxe à tona investigações sobre uma suposta organização criminosa com o objetivo de desestabilizar o Estado Democrático de Direito no Brasil. Segundo as apurações, o grupo teria atuado para favorecer Bolsonaro, mantendo-o no poder após o término de seu mandato.
Desde que o caso foi aberto, o ex-presidente já teve dois pedidos de devolução do passaporte negados. A manutenção da apreensão do documento é vista como uma forma de garantir que Bolsonaro permaneça no Brasil enquanto as investigações prosseguem.
O que está em jogo?
A decisão sobre o passaporte de Jair Bolsonaro vai além de uma simples viagem internacional. Para o STF, trata-se de uma questão de preservar a ordem pública e assegurar que o ex-presidente não utilize o evento como pretexto para permanecer fora do país, dificultando o andamento das investigações.
A ausência de comprovação formal do convite para a posse de Trump e a ausência de uma justificativa convincente colocam em xeque a legitimidade do pedido. Além disso, a postura da PGR demonstra que o caso é tratado com seriedade e que as autoridades estão comprometidas em evitar qualquer possibilidade de fuga ou interferência no processo judicial.
O que esperar nos próximos dias?
O ministro Alexandre de Moraes deverá decidir em breve se autoriza ou não a devolução temporária do passaporte de Bolsonaro. Com base no histórico do caso e no parecer da PGR, a tendência é que o pedido seja novamente negado, salvo a apresentação de novos documentos ou justificativas consistentes pela defesa.
Enquanto isso, a situação mantém Jair Bolsonaro no centro das atenções, com implicações políticas e jurídicas que podem influenciar os rumos do cenário nacional.