O petróleo encerrou a sessão desta terça-feira (27) com perdas de mais de 2%, à medida que investidores descontaram completamente eventuais riscos geopolíticos que possam afetar a oferta da Rússia e voltaram a focar na possível extensão do aperto monetário em economias desenvolvidas.
O barril do petróleo WTI, a referência americana, com entrega prevista para agosto fechou em baixa de 2,41%, a US$ 67,70, e o do Brent, a referência global, para setembro recuou 2,47%, a US$ 72,51.
“Os mercados de commodities ignoraram em grande parte os desenvolvimentos na Rússia no fim de semana, com o foco agora voltado para as preocupações com a demanda da China e o Federal Reserve [Fed] dos EUA”, resumem os analistas de commodities Warren Patterson e Ewa Manthey, do ING.
Embora tenha contribuído para uma alta tímida do petróleo ontem, o risco de instabilidade política na Rússia — após a rebelião do grupo paramilitar Wagner contra o Kremlin — já não parece afetar os preços da commodity energética.
O movimento de baixa do petróleo na sessão de hoje ocorreu mesmo diante de indicadores econômicos fortes nos EUA. Mas, ainda que sinalizem resiliência da atividade americana, eles também fortalecem o argumento por mais altas de juros no curto prazo.
Além dos sinais para a política monetária do Fed, o mercado também está atento nos próximos do Banco Central Europeu (BCE), cuja presidente Christine Lagarde reiterou, nesta terça, que uma alta de juros no mês que vem é provável. Lagarde discursou no fórum anual da entidade realizado em Sintra, Portugal.
O temor pelo aperto monetário ocorre num momento que os operadores de petróleo já estão preocupados com os níveis da demanda global nos próximos meses, em especial a da China, destacam Patterson e Manthey.
“Até agora, os indicadores de demanda de petróleo da China têm sido bons, com importações de petróleo bruto mais fortes e maior demanda doméstica aparente. A preocupação é se isso deve continuar, pois, claramente, ainda existem alguns pontos fracos na economia chinesa – especificamente na produção industrial e no setor imobiliário”, dizem os economistas do banco holandês.
Plataforma de petróleo — Foto: ambquinn/Pixabay