O episódio envolvendo a agressão a Tauane de Mello Queiroz, de 26 anos, por um policial militar no metrô de São Paulo no último sábado (06/04), desencadeou um debate sobre a abordagem das forças de segurança em relação às pessoas LGBTQIA+. A vítima, lésbica, vestia uma bermuda com as cores da comunidade e alega ter sido agredida pelo agente, que a ameaçou dizendo que ela “iria apanhar como homem”.
O delegado da Polícia Civil do Distrito Federal, Anderson Cavichioli, enfatiza que esse incidente reflete uma cultura de discriminação presente nas corporações. Cavichioli, que é mestre em direitos humanos pela Universidade de Brasília (UNB) e um dos fundadores da Rede Nacional de Operadores de Segurança Pública LGBTI+ (Renosp), ressalta que esse tipo de conduta está “totalmente fora dos procedimentos estabelecidos para as forças policiais”.
Ele aponta que as polícias brasileiras, em geral, não estão preparadas para lidar com a diversidade sexual da sociedade. “Os ambientes policiais no Brasil são ainda marcados pelo machismo, transfobia, homofobia, entre outras formas de discriminação”, afirma Cavichioli em entrevista à DW.
O delegado destaca a importância da apuração e punição de agressores em casos como esse, mas também ressalta a necessidade de capacitação e sensibilização das forças de segurança. Ele relata um exemplo positivo de capacitação em que a Renosp ministrou um curso para as forças de segurança pública do estado do Amapá, abordando protocolos de atendimento para grupos historicamente vulneráveis, incluindo a comunidade LGBTQIA+.
Cavichioli ressalta que é fundamental promover uma reflexão mais profunda nos currículos de formação dos policiais, que muitas vezes oferecem disciplinas de direitos humanos de forma superficial, sem o aprofundamento necessário. Além disso, destaca a importância de uma coordenação nacional para implementar mudanças efetivas nas polícias, já que muitas iniciativas ficam a cargo de gestões estaduais.
Em suma, a mudança dessa cultura de discriminação nas polícias do Brasil passa pela educação, sensibilização e punição de casos de violência e preconceito, visando construir uma sociedade mais inclusiva e respeitosa.
Com informações da agência DW – Deutsche Welle.