Embora ainda esteja em evolução e com debates sobre regulamentação em todo o mundo, a inteligência artificial (IA) é prioridade para implantação nos negócios de mais de 500 empresas de diversos países nos próximos dois a quatro anos. A conclusão faz parte de pesquisa realizada pela Bain & Company, que entrevistou cerca de 600 empresas com faturamento acima de US$ 1 bilhão.
Uso de ferramenta de inteligência artificial, como Copilot, da Microsoft, pode reduzir pela metade o tempo de desenvolvimento de software — Foto: Steve Johnson/Unsplash
Para 7% das empresas, a inteligência artificial é considerada prioridade somente para daqui a cinco ou dez anos. Para outros 7%, a tecnologia é uma entre diversas outras iniciativas.
O levantamento, que não inclui o Brasil, foi realizado em abril. Foram entrevistados executivos de 14 setores da economia, como automotivo e transporte, bens de consumo, manufatura avançada, saúde, energia e recursos naturais, mídia e entretenimento, serviços financeiros, telecomunicações, varejo e desenvolvimento de software. Esse último setor é o que aparece com uso mais expressivo da IA, indicando que 60% das empresas já criaram ou estão em processo de implantação de assistentes de codificação com resultados iniciais positivos.
Um exemplo de ferramenta que acelera o desenvolvimento de software é o Copilot, da Microsoft. Trata-se de um assistente virtual alimentado por inteligência artificial que pode reduzir pela metade o tempo de desenvolvimento, pois gera até mais de 40% do código automaticamente, segundo o estudo.
Para a Bain, a empresa que não quiser ficar para trás deve experimentar a inteligência artificial. “Apesar de desafios como escalabilidade, considerações regulatórias e outras questões que vão exigir o redesenho de processos de negócio, as vantagens de quem largar na frente nessa corrida são muito promissoras”, afirma a Bain em seu estudo. A empresa se classifica como “parceira preferencial da OpenAI, que criou o ChatGPT.
O ChatGPT foi desenvolvido com uma técnica de inteligência artificial conhecida como grandes modelos de linguagem (LLM, na sigla em inglês), que é uma base para seu aprendizado profundo e treinamento. É como uma rede neural artificial com parâmetros e recursos de aprendizado de máquina com ou sem supervisão.
Entre os respondentes, a OpenAI foi a mais reconhecida pelo desenvolvimento de LLM, com 92% pela citação do ChatGPT. Outras ferramentas da OpenAI também aparecem no levantamento: Dall-E, em terceiro lugar (46%), e com menos expressão, Codex (21%) e Whisper (17%). A segunda maior participação ficou com o Google, pelo Bard, LaMDA (71%), que também teve mencionado o Med-PaLM (10%). A quarta posição ficou com a Meta, dona do Facebook, pelo LLaMA (40%).
Com base nas respostas das empresas entrevistadas, a pesquisa da Bain mostra que 15% de todas as tarefas podem ser concluídas mais rapidamente e com o mesmo nível de qualidade quando os colaboradores têm acesso a algoritmos de LLM. Esse percentual cresce para 50% nas companhias em que estão disponíveis softwares e ferramentas próprios desenvolvidos com base em LLM.