Raízen vende Usina Continental para Grupo Colorado por R$ 750 milhões e reforça estratégia de eficiência no setor sucroenergético
A Raízen, uma das maiores empresas de energia renovável do mundo e líder no setor sucroenergético brasileiro, anunciou a venda da Usina Continental para o Grupo Colorado por R$ 750 milhões. O acordo, que envolve também a cessão de contratos de fornecimento de cana-de-açúcar e ativos associados, marca mais um passo na estratégia da companhia de otimizar seu portfólio e fortalecer a rentabilidade operacional.
Localizada no município de Colômbia (SP), a Usina Continental possui capacidade instalada de moagem de 2 milhões de toneladas de cana por safra, sendo uma das unidades de porte médio do grupo. A operação inclui não apenas a planta industrial, mas também os ativos agrícolas próprios, contratos com fornecedores de cana e investimentos de manutenção da entressafra, que serão integralmente assumidos pelo comprador.
A conclusão da transação ainda depende da aprovação do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), responsável por validar grandes movimentações de mercado.
Raízen fortalece foco em eficiência e portfólio de alta rentabilidade
De acordo com comunicado divulgado pela Raízen, a decisão de vender a Usina Continental está alinhada à estratégia corporativa de reestruturação de portfólio, com foco na simplificação das operações, aumento da eficiência agroindustrial e melhoria da rentabilidade.
Com a venda, a empresa passa a operar 24 usinas de etanol, açúcar e bioenergia, mantendo uma capacidade total de moagem de cerca de 73 milhões de toneladas de cana por safra — uma das maiores do mundo.
A Raízen vem promovendo uma série de ajustes estratégicos nos últimos anos para concentrar seus esforços em ativos mais produtivos e regiões de maior competitividade logística. Essa racionalização visa elevar margens operacionais, reduzir custos de transporte e fortalecer a integração entre as áreas de etanol, bioenergia e biogás.
A venda da Usina Continental, portanto, faz parte de um reposicionamento estratégico que coloca a empresa em uma trajetória de expansão sustentável e foco em projetos de energia renovável de alto valor agregado.
Grupo Colorado expande presença no setor sucroenergético
O comprador, Grupo Colorado, é um tradicional conglomerado brasileiro do setor sucroenergético, com operações consolidadas em São Paulo e Goiás. A aquisição da Usina Continental reforça a estratégia do grupo de crescer em escala de produção e diversificar sua base de ativos.
A inclusão da usina de Colômbia (SP) permitirá ao Grupo Colorado ampliar sua capacidade de moagem e fortalecer o fornecimento para o mercado interno e externo de açúcar, etanol e energia elétrica renovável.
O investimento de R$ 750 milhões cobre tanto a aquisição dos ativos industriais quanto os investimentos agrícolas e contratos de fornecimento. O pagamento será realizado à vista na data de conclusão da operação, sujeito a ajustes de valor usuais para transações desse porte.
O Grupo Colorado vem se destacando por uma política agressiva de crescimento via aquisições, buscando sinergias operacionais e aumento de competitividade em um setor que passa por intensas transformações, com maior integração tecnológica e demanda crescente por energia limpa.
Reorganização do portfólio reflete estratégia de longo prazo da Raízen
A venda da Usina Continental se encaixa em um movimento mais amplo da Raízen para consolidar um portfólio de ativos de alto desempenho.
A empresa tem apostado fortemente em energia renovável, biocombustíveis de segunda geração (E2G) e produção de biogás, segmentos que oferecem margens superiores e menor volatilidade de mercado em comparação com o açúcar tradicional.
Nos últimos anos, a Raízen tem direcionado investimentos robustos para:
-
Expansão de plantas de etanol de segunda geração (E2G), que utiliza resíduos da cana (bagaço e palha) para produção de combustível;
-
Projetos de biogás e bioeletricidade, ampliando a autossuficiência energética das usinas;
-
Soluções de energia integrada para clientes industriais e corporativos;
-
Digitalização e automação de processos agrícolas para ganho de produtividade.
A venda da usina menos estratégica permite liberar capital e realocar recursos para essas áreas de maior retorno e sinergia com o futuro energético sustentável.
Contexto do setor sucroenergético brasileiro em 2025
O setor sucroenergético brasileiro vive um momento de consolidação e modernização, impulsionado pela transição global para fontes de energia renovável e pela demanda crescente por biocombustíveis de baixo carbono.
Em 2025, o mercado nacional de etanol ganhou relevância com a expansão do RenovaBio, programa do governo que incentiva a produção e consumo de combustíveis sustentáveis por meio da emissão de créditos de descarbonização (CBIOs).
Empresas como a Raízen, que atuam de forma integrada em toda a cadeia — desde a produção agrícola até a distribuição de combustíveis —, têm se beneficiado desse cenário favorável, mas também enfrentam o desafio de otimizar custos e renovar seus ativos industriais.
O movimento de venda da Usina Continental é interpretado pelo mercado como um ajuste tático dentro de uma estratégia de longo prazo, na qual a companhia busca equilíbrio entre eficiência operacional e crescimento sustentável.
Impactos econômicos e de mercado da transação
A venda da Usina Continental por R$ 750 milhões tem impacto direto no fluxo de caixa e na estrutura de capital da Raízen, fortalecendo sua posição de liquidez e contribuindo para reduzir o endividamento líquido.
Ao mesmo tempo, o negócio reforça o dinamismo do mercado sucroenergético brasileiro, que tem visto um aumento nas fusões e aquisições entre grupos regionais e grandes players.
Com a consolidação de ativos agrícolas, o Grupo Colorado amplia sua competitividade no cenário paulista e ganha acesso a infraestrutura e logística de exportação mais próxima do eixo Ribeirão Preto — região estratégica para o escoamento de açúcar e etanol.
Para o setor como um todo, a transação simboliza uma tendência de especialização e concentração, na qual empresas priorizam ativos mais eficientes, sustentáveis e integrados às novas exigências do mercado global de energia limpa.
A importância estratégica da aprovação pelo Cade
A operação entre Raízen e Grupo Colorado ainda depende da aprovação do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), órgão que avalia os efeitos concorrenciais de fusões e aquisições de grande porte no Brasil.
A expectativa é que o processo seja analisado em até 90 dias, prazo médio para operações do setor, sem grandes obstáculos, uma vez que as duas empresas possuem atuações complementares e não sobrepostas em suas áreas de influência.
A aprovação final pelo Cade permitirá a conclusão formal da venda e o reconhecimento contábil da transação pela Raízen ainda no exercício fiscal de 2025/2026.
Raízen: trajetória de inovação e liderança no mercado de energia renovável
Fundada em 2011 a partir da joint venture entre Shell e Cosan, a Raízen é hoje uma das maiores empresas integradas de energia do mundo, com atuação em 14 países e presença destacada em toda a cadeia de biocombustíveis, energia elétrica e logística.
A companhia é líder mundial na produção de etanol de cana-de-açúcar e referência em inovação no segmento de bioenergia e mobilidade sustentável. Além disso, é uma das principais exportadoras de açúcar e detentora de uma das maiores redes de distribuição de combustíveis no Brasil e na Argentina.
Nos últimos anos, a Raízen ampliou investimentos em biocombustíveis avançados e tecnologias de captura de carbono, alinhando suas metas à agenda de transição energética global e neutralidade de emissões até 2050.
A venda da Usina Continental reforça a estratégia de manter um portfólio enxuto e eficiente, priorizando ativos sinérgicos com sua visão de sustentabilidade e inovação.
Raízen avança em gestão estratégica e consolida liderança no setor
A venda da Usina Continental ao Grupo Colorado por R$ 750 milhões confirma a estratégia de longo prazo da Raízen de focar em operações de maior eficiência e rentabilidade.
A decisão reflete o amadurecimento do setor sucroenergético e a busca por sustentabilidade econômica e ambiental em um cenário global que valoriza empresas alinhadas à energia limpa e inovação tecnológica.
Com um portfólio de 24 usinas e foco crescente em bioenergia, biogás e etanol de segunda geração, a Raízen reforça sua posição como líder global na transição energética, combinando competitividade industrial e responsabilidade ambiental.
O movimento também simboliza uma nova fase de consolidação do setor no Brasil, em que empresas com visão estratégica e eficiência operacional ditarão o ritmo de crescimento do mercado de energia renovável nos próximos anos.






