Nesta segunda-feira (21), o dólar encerrou o dia em queda no mercado doméstico, recuando 0,15% e fechando cotado a R$ 5,6904. Apesar de ter oscilado ao longo do pregão, atingindo uma máxima de R$ 5,7351 e uma mínima de R$ 5,6879, a divisa norte-americana não sustentou o movimento de alta observado na última sexta-feira (18), quando registrou valorização de 0,69%.
Enquanto isso, no cenário internacional, o índice DXY, que mede a performance do dólar frente a uma cesta de seis moedas globais, teve alta de 0,47%, fechando a sessão aos 103,980 pontos. A movimentação reflete a força da moeda americana no mercado global, mesmo em um contexto de incertezas sobre as políticas monetárias de diferentes regiões, especialmente na Europa e nos Estados Unidos.
Fatores Globais que Afetam o Dólar
A desvalorização do dólar no mercado brasileiro contrasta com o cenário global, onde a moeda americana continua a ganhar força em relação a outras divisas importantes. Um dos principais fatores que influenciaram esse movimento foi a incerteza sobre as políticas de juros na Europa. Dirigentes do Banco Central Europeu (BCE) sugeriram que possíveis cortes nas taxas de juros podem acontecer, dependendo dos dados econômicos. Além disso, uma pesquisa realizada pelo BCE com analistas monetários indicou a expectativa de que os cortes de juros na região podem ocorrer até março de 2025.
Esses sinais aumentaram os temores sobre o fraco crescimento econômico no bloco europeu, enfraquecendo as moedas da região e impulsionando o dólar globalmente. O euro e outras moedas europeias sofreram perdas expressivas durante o dia, à medida que os investidores reagiam às incertezas econômicas e ajustavam suas expectativas para o futuro das políticas monetárias.
O Papel do Federal Reserve nos Estados Unidos
Nos Estados Unidos, os agentes do mercado acompanharam de perto as falas de Neel Kashkari, presidente do Federal Reserve (Fed) de Minneapolis. Durante um evento da Câmara de Comércio de Chippewa Falls, Kashkari reiterou que o Fed deve manter uma postura moderada em relação aos cortes de juros nos próximos meses, devido à resiliência da economia norte-americana e à ausência de sinais de deterioração significativa no mercado de trabalho do país.
Essas declarações reforçam a ideia de que o Fed não deve adotar uma política agressiva de cortes, o que contribuiu para a valorização do dólar no mercado global. No entanto, o impacto das falas de Kashkari foi limitado no mercado brasileiro, onde o dólar seguiu uma trajetória de ajuste técnico, influenciado por fatores domésticos.
Ajustes Técnicos no Mercado Brasileiro
O mercado de câmbio no Brasil passou por um ajuste técnico nesta segunda-feira, com o dólar recuando após flertar com a marca de R$ 5,70. Eduardo Velho, economista-chefe da JF Trust, explicou que o movimento de queda foi impulsionado por uma realização de lucros e ajustes técnicos, após a moeda ter oscilado em torno da faixa de R$ 5,70 por vários dias.
“A queda de hoje foi mais uma realização e ajuste pontual”, afirmou Velho, destacando que o movimento de recuo não reflete necessariamente uma mudança de tendência para o dólar. Além disso, existe uma expectativa no mercado de uma possível intervenção do Banco Central brasileiro no câmbio, embora a autoridade monetária ainda não tenha dado nenhum sinal concreto de que essa medida será adotada.
Perspectivas do Dólar Segundo o Boletim Focus
Outro fator que influenciou o comportamento do dólar no mercado doméstico foi a publicação do Boletim Focus, relatório semanal divulgado pelo Banco Central que reúne as projeções dos principais economistas do país. De acordo com o boletim desta segunda-feira, a projeção para o dólar ao final de 2024 foi elevada de R$ 5,40 para R$ 5,42, interrompendo uma sequência de três semanas de estabilidade. Para 2025, a estimativa foi mantida em R$ 5,40 pela segunda semana consecutiva, após ter sido ajustada de R$ 5,35 quatro semanas atrás.
Essas projeções indicam uma expectativa de alta gradual para o dólar nos próximos anos, refletindo as incertezas econômicas globais e a dinâmica interna do mercado brasileiro.
Acumulado do Dólar em 2024
Apesar da queda registrada nesta segunda-feira, o dólar acumula uma alta expressiva em outubro, com valorização de 4,46% no mês. No acumulado do ano, a moeda norte-americana registra uma valorização de 17,25%, o que reflete um cenário de volatilidade constante no mercado cambial, impulsionado por fatores internos e externos.
A alta acumulada do dólar no ano é explicada, em grande parte, pelo ambiente de incerteza econômica global, as tensões geopolíticas e as expectativas em torno das políticas monetárias dos principais bancos centrais do mundo. Além disso, a economia brasileira enfrenta desafios próprios, como as incertezas fiscais e a instabilidade política, que aumentam a aversão ao risco por parte dos investidores internacionais e impulsionam o dólar.
O que Esperar para o Futuro?
O comportamento do dólar nos próximos meses deve continuar a ser influenciado por uma série de fatores globais e locais. No cenário internacional, as decisões do Federal Reserve e do Banco Central Europeu em relação aos juros serão cruciais para determinar a direção da moeda americana. Uma política mais moderada do Fed pode aliviar a pressão sobre o dólar, enquanto cortes de juros na Europa podem fortalecer ainda mais a moeda americana.
No Brasil, o papel do Banco Central será fundamental. Embora não tenha havido sinais claros de uma intervenção imediata no câmbio, qualquer movimentação nesse sentido pode ter um impacto significativo no comportamento do dólar. Além disso, a situação fiscal do país e o andamento das reformas econômicas continuarão a ser fatores importantes para o mercado.
Para os investidores, o momento exige cautela e atenção redobrada às movimentações globais e às políticas monetárias dos principais bancos centrais. A volatilidade do dólar deve continuar a ser um fator predominante no mercado, especialmente em um cenário de incertezas econômicas e políticas.