O Brasil celebrou em 2023 um saldo recorde na balança comercial, atingindo a marca de US$ 99 bilhões. Embora este seja um motivo de comemoração, uma análise mais detalhada dos dados pela Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP) revela nuances importantes que demandam ajustes para manter o país competitivo no cenário global.
Participação Internacional e Distorsões:
Apesar de figurar como a nona maior economia mundial em termos de Produto Interno Bruto (PIB), o Brasil ocupa apenas a 26ª posição no ranking de maiores exportadores, com uma participação de apenas 1,5% na corrente de comércio global. Essa disparidade sugere distorções que, segundo a FecomercioSP, precisam ser endereçadas para que o país alcance um papel mais significativo no comércio internacional.
Fechamento Econômico e Impacto nas Importações:
O saldo positivo na balança comercial decorreu não apenas do crescimento das receitas de exportações, mas principalmente de uma expressiva queda no volume de importações, que registrou aproximadamente 12% de declínio em comparação a 2022. A FecomercioSP destaca que esse cenário aponta para um país que se manteve relativamente fechado em 2023, indicando uma perda de espaço no comércio internacional.
Facilitar as importações, de acordo com a federação, é essencial para que empresas tenham acesso a insumos mais acessíveis e tecnologicamente avançados, gerando ganhos de produtividade e aumentando a competitividade das exportações brasileiras.
Impacto da Política Tarifária Protecionista:
A explicação para o comportamento da balança comercial está relacionada ao modelo de participação do Brasil no comércio global, caracterizado por uma escalada tarifária. Essa abordagem envolve o aumento das tarifas de importação conforme o avanço no estágio de produção. A FecomercioSP destaca a necessidade de abandonar esse modelo protecionista em favor de uma abertura comercial mais ampla.
Variações nas Exportações e Importações:
A análise dos dados revela que, em 2023, o quantum de exportações cresceu 8,7%, enquanto o de importações diminuiu 2,6%. Isso sugere que os brasileiros possivelmente enfrentaram condições menos favoráveis, em termos de renda, para adquirir produtos ou serviços do exterior. Questões como a escassez de recursos ou a alta do dólar podem ter contribuído para essa dinâmica.
Dependência da Demanda Chinesa e Commodity:
Destaca-se ainda o aumento da participação da China como principal destino das exportações brasileiras, uma tendência que merece atenção pela sua significativa evolução em uma década. A FecomercioSP alerta para a dependência crescente da demanda chinesa e para a concentração excessiva em commodities, como soja, petróleo e minério de ferro, que representam quase 38% das exportações totais do país.
Perspectivas para o Futuro:
Diante desses desafios, a FecomercioSP enfatiza a importância de abrir a economia brasileira ao mundo, abandonando a lógica do protecionismo tarifário. Essa mudança, segundo a federação, permitirá ao país ter acesso facilitado a recursos, produtos e serviços internacionais, impulsionando a produtividade e a competitividade das empresas brasileiras.
O debate sobre o futuro da balança comercial brasileira ganha destaque, indicando a necessidade de ajustes estratégicos para garantir a posição do Brasil no cenário global e impulsionar o desenvolvimento econômico sustentável. A FecomercioSP continua atenta aos desdobramentos do comércio internacional e contribui para o entendimento do mercado por meio de análises e pesquisas setoriais.