Por Adriano Lima – 03/12/2025
A redução da pobreza voltou ao centro do debate público após o presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmar, durante agenda no Ceará, que os novos indicadores divulgados pelo IBGE refletem um ciclo econômico mais positivo. Segundo avaliação feita pelo presidente, a combinação de inflação mais baixa, crescimento da massa salarial e geração de empregos explicaria o recuo da pobreza e da extrema pobreza registrado em diferentes regiões do país.
Lula apresentou essa leitura ao comentar os dados oficiais durante visita ao polo automotivo da General Motors, que iniciou a produção de veículos elétricos no Ceará. No evento, o presidente reforçou que a população estaria sentindo um aumento real no poder de compra e maior capacidade de consumo, elementos que, em sua avaliação, ajudam a explicar a redução da pobreza observada no período.
De acordo com Lula, a melhora dos indicadores sociais seria consequência direta de políticas econômicas que priorizam a valorização do salário mínimo, o fortalecimento da indústria nacional e a ampliação do acesso ao emprego formal. A percepção presidencial coloca o debate sobre desigualdade e renda no centro da agenda política e econômica do governo.
Inflação controlada influencia renda e alivia pressão sobre famílias
Um dos fatores destacados pelo presidente para justificar a redução da pobreza é o comportamento da inflação. O país atravessa um período de estabilidade de preços, com indicadores em trajetória inferior aos registrados no período pós-pandemia. Lula destaca que, com inflação mais baixa, os salários passam a render mais, principalmente entre os trabalhadores de baixa renda, que destinam grande parte do orçamento a alimentação, transporte e itens básicos.
A leitura do presidente é sustentada por dados de inflação que mostram desaceleração generalizada nos preços de alimentos, combustíveis e serviços. Esse comportamento reduz o peso do custo de vida sobre as famílias e amplia o efeito dos reajustes salariais. Na percepção do governo, essa combinação cria um ambiente mais favorável à redução da pobreza, ao permitir que um número maior de brasileiros consiga manter estabilidade financeira.
Embora reconheça que ainda existem desafios, o presidente argumenta que o controle da inflação é um dos pilares centrais para recuperar o poder de compra perdido nos últimos anos e melhorar a condição econômica dos estratos mais vulneráveis.
Aumento do salário mínimo é apontado como peça chave
Outro ponto enfatizado pelo presidente é a política de valorização do salário mínimo. Segundo Lula, os reajustes acima da inflação desde 2023 fortalecem a renda de milhões de trabalhadores formais e beneficiários da Previdência, ampliando o impacto do rendimento real sobre o consumo. Para ele, esse movimento contribui diretamente para a redução da pobreza, já que amplia a capacidade de compra das famílias mais pobres.
O presidente também lembrou que o país registra crescimento da massa salarial, influenciado pela geração de empregos formais e pelo aumento da remuneração média. Na visão do governo, a combinação de crescimento econômico superior a 3% ao ano e ampliação da renda sustenta um ciclo de melhora social.
Essa interpretação se encaixa no discurso mais amplo do Palácio do Planalto, que busca demonstrar que políticas voltadas para ganhos reais salariais têm impacto direto no combate à desigualdade. Para Lula, a consolidação dos salários como motor do consumo interno é fundamental para manter a economia aquecida e favorecer a redução da pobreza em médio e longo prazos.
Desemprego em baixa reforça narrativa de recuperação social
O presidente citou também a queda contínua do desemprego como um dos sinais de que o país vive um momento mais robusto do ponto de vista econômico. Nos últimos anos, o mercado de trabalho apresentou melhora, com expansão das contratações formais e redução da ociosidade em setores como indústria, comércio e serviços.
Segundo Lula, esse processo amplia o acesso a empregos com carteira assinada, aumenta a renda disponível e viabiliza oportunidades de ascensão social. A percepção presidencial é de que a ampliação do emprego formal é um dos fatores que ajudam a explicar a redução da pobreza verificada pelo IBGE.
Embora especialistas ressaltem que ainda existem desafios para reduzir a informalidade e elevar a produtividade, o governo aponta o mercado de trabalho como pilar essencial para o avanço social registrado nos últimos anos.
Imposto de Renda: governo destaca isenção a quem ganha até R$ 5 mil
Na mesma agenda, Lula mencionou a nova faixa de isenção do Imposto de Renda, que passa a valer a partir de janeiro para trabalhadores que ganham até R$ 5 mil mensais. O presidente argumenta que a medida preserva o orçamento das famílias e reforça o poder de compra, o que, em sua avaliação, também contribui para a redução da pobreza.
O governo defende que a política tributária orientada à progressividade ajuda a corrigir distorções históricas e a aliviar a carga sobre a população de renda mais baixa. A percepção presidencial é de que, ao permitir que trabalhadores retenham parte maior de seus salários, o país avança na direção de um sistema mais equilibrado e socialmente justo.
Visita ao Ceará destaca produção nacional de carros elétricos
A agenda presidencial também se concentrou na retomada industrial e na transição energética. A General Motors inaugurou no Ceará a linha de produção de veículos elétricos, um marco para a indústria automotiva nacional. Lula destacou que a entrada do país nesse segmento representa avanço tecnológico, geração de empregos qualificados e atração de investimentos de médio e longo prazo.
Para o governo, esse processo integra a estratégia de modernização da indústria, articulada pela Nova Indústria Brasil (NIB), lançada no início da gestão. A leitura é de que setores de alta tecnologia podem impulsionar produtividade e ampliar oportunidades econômicas, inclusive gerando efeitos indiretos na redução da pobreza ao criar empregos de melhor remuneração.
A retomada de fábricas automotivas e a reabertura de unidades antes desativadas também foram lembradas pelo vice-presidente Geraldo Alckmin, que acompanhou Lula na visita. Segundo ele, a expansão da mobilidade sustentável representa avanço industrial estratégico para o país.
Energia renovável fortalece discurso de modernização econômica
Durante o evento automotivo, Lula abordou outro ponto considerado fundamental para o ciclo econômico brasileiro: a matriz energética. Segundo ele, o fato de mais da metade da energia produzida no país ser renovável cria vantagens competitivas e reduz dependências externas. A leitura presidencial é de que essa característica coloca o Brasil em posição privilegiada no cenário internacional da transição verde.
Para Lula, a convergência entre indústria moderna e energia limpa gera um ambiente econômico que favorece investimentos e amplia oportunidades de trabalho, contribuindo, de forma indireta, para a redução da pobreza. A combinação entre crescimento econômico, sustentabilidade e inovação aparece como um dos principais eixos do discurso governamental.
Educação e infraestrutura como motores de transformação social
Ainda no Ceará, Lula participou da entrega das novas carteiras nacionais de docentes para professores da rede estadual. Em seguida, autorizou a terceira etapa das obras do Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA) no estado. O investimento de mais de R$ 180 milhões reforça a aposta do governo em educação técnica e científica de alto nível.
Segundo o presidente, a expansão de instituições de referência amplia a formação profissional e a geração de conhecimento, elementos essenciais para o desenvolvimento regional. A interpretação do governo é de que investimentos educacionais aumentam a produtividade e ajudam a consolidar processos estruturantes de redução da pobreza.
A ampliação da presença do ITA fora do eixo Sudeste também reforça a estratégia de descentralização da formação tecnológica. Na visão do Palácio do Planalto, levar educação de excelência ao Nordeste cria oportunidades qualificadas e reduz assimetrias históricas.
Governo projeta continuidade da recuperação nos próximos anos
Para Lula, a melhora dos indicadores sociais e econômicos observados desde 2023 representa uma tendência que, se mantida, pode consolidar avanços mais consistentes nos próximos anos. O presidente argumenta que o país está recuperando a capacidade de crescer de forma sustentada, com ampliação do consumo interno, fortalecimento da indústria nacional e investimentos crescentes em energia limpa.
O governo projeta que, com a continuidade do aumento da renda, estabilidade de preços e estímulo à produção tecnológica, o país pode alcançar novos patamares de desenvolvimento. A redução da pobreza, nesse contexto, é apresentada pelo presidente como reflexo direto da estratégia econômica atual.
A narrativa presidencial, entretanto, convive com diferentes análises econômicas que ponderam a necessidade de ampliar produtividade, diversificar exportações e reduzir vulnerabilidades fiscais. Ainda assim, Lula insiste que os resultados recentes confirmam a eficácia das medidas adotadas.






