Os quatro grandes bancos iniciam a temporada de balanços, com destaque para o Santander (SANB11), que divulgará os resultados do quarto trimestre de 2023 nesta quarta-feira (31). Itaú (ITUB4), Banco do Brasil (BBAS3), e Bradesco (BBDC4) devem apresentar seus números até o dia 8 de fevereiro. Os balanços encerram o ano de 2023, marcado pela preocupação com a inadimplência nos trimestres anteriores.
O não pagamento das dívidas pelos clientes levou os bancos a aumentarem suas Provisões para Devedores Duvidosos (PDD). Esse aumento nas provisões afetou o lucro e a rentabilidade, medida pelo Retorno sobre Patrimônio Líquido (ROE). Segundo Larissa Quaresma, analista da Empiricus Research, a alta da inadimplência foi impulsionada pelos juros elevados do ano passado e pelos resquícios da forte inflação de 2022.
O Santander e o Bradesco foram os mais afetados, sendo este último mais exposto às classes C, D e E. A inadimplência atingiu 6,1% no Bradesco no trimestre passado, superando a média dos concorrentes. Para o quarto trimestre de 2023, há expectativas de melhora para o Bradesco, com a previsão de queda nas provisões devido à redução da taxa básica de juros, a Selic.
A mudança do CEO em novembro, com a saída de Octávio Lazari para a entrada de Fernando Noronha, é vista como positiva, especialmente para a competitividade no segmento de cartões. Analistas da Ativa Investimentos acreditam que o Bradesco está se ajustando à nova realidade do varejo, projetando um banco menos “doador de share” para as fintechs e um processo acelerado de fechamento de agências.
Apesar das perspectivas positivas para 2024, os especialistas preveem pressão nas margens do Bradesco no quarto trimestre de 2023, devido à redução nos juros dos empréstimos, conhecido como spread. No entanto, todos os analistas recomendam a compra de ações do Bradesco, destacando o potencial de valorização.
Quanto ao Santander, o último trimestre mostrou que a instituição resolveu problemas com inadimplência. O CEO, Mário Leão, anunciou uma maior concessão de crédito, especialmente em cartões, crédito pessoal e cheque especial, para clientes de renda conhecida. Apesar das preocupações com o impacto da queda da Selic nas margens, os analistas estão otimistas com o Santander.
A Ágora Investimentos prevê pressão devido à queda da Selic e aumento nas despesas com funcionários, mas a Genial Investimentos e a Terra Investimentos têm recomendação neutra para o Santander. No entanto, Renato Chanes, da Ágora Investimentos, recomenda venda, considerando o valuation e a queda do ROE do Santander.
Enquanto o Bradesco e o Santander enfrentam desafios, o Itaú é visto como uma mina de dividendos. Analistas acreditam que o Itaú, por ser o primeiro a controlar a inadimplência, está prestes a anunciar aumento nos dividendos após definição regulatória do Índice de Basiléia. O presidente do Itaú, Milton Maluhy Filho, prometeu distribuir mais proventos aos acionistas, o que é aguardado com boas perspectivas.
Analistas da Ativa Investimentos estimam que, se o payout for elevado para 67,9%, o dividend yield mais que dobraria, passando de cerca de 4% para 9%. Além disso, o Itaú é considerado o banco com o melhor resultado entre os quatro grandes. Os analistas da Ativa Investimentos, Empiricus Research, Terra Investimentos e Ágora Investimentos, em consenso, recomendam a compra de ações do Itaú.
Quanto ao Banco do Brasil, espera-se que mantenha um bom ritmo, impulsionado pelo crédito rural. Analistas projetam crescimento no lucro e receita, embora a Ativa Investimentos alerte para um possível provisionamento acima do guidance. Apesar das boas perspectivas, o Banco do Brasil não é o preferido devido às incertezas políticas. A Ativa Investimentos recomenda compra, enquanto a Terra Investimentos e a Ágora Investimentos têm recomendação neutra.
Em resumo, os balanços bancários do quarto trimestre de 2023 refletem desafios, mas também oportunidades, com cada banco enfrentando sua própria dinâmica de mercado. Investidores são aconselhados a avaliar cuidadosamente as perspectivas e recomendações antes de tomar decisões no atual cenário financeiro.