O prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), está direcionando sua campanha de reeleição para 2024 com foco em consolidar o apoio do eleitorado evangélico. Em um movimento estratégico para fortalecer sua base de eleitores, Nunes dedicou o último domingo, 22 de setembro, a uma série de compromissos com líderes religiosos e cristãos. A agenda incluiu cinco eventos voltados ao público evangélico, culminando em um culto na Igreja Batista, localizada na zona sul da capital paulista.
A disputa pelo voto evangélico é um dos principais pontos de tensão entre Nunes e seus concorrentes, especialmente Pablo Marçal (PRTB). A busca pelo apoio desse segmento religioso é vista como crucial para garantir a reeleição do atual prefeito, em um cenário eleitoral cada vez mais polarizado em São Paulo.
Ataques a adversários e a pauta conservadora
Em seus discursos ao longo dos eventos religiosos, Ricardo Nunes adotou uma postura de confronto direto com dois dos seus principais adversários na corrida eleitoral: Guilherme Boulos (PSOL) e Pablo Marçal. Nunes acusou Boulos de apoiar pautas progressistas, como a legalização do aborto e das drogas, temas que são tradicionalmente rejeitados pelo público evangélico. “Essa eleição não é uma disputa comum. De um lado, temos um candidato que defende o aborto e a legalização das drogas”, afirmou Nunes, em referência a Boulos.
Já Marçal foi alvo de críticas mais duras. Nunes classificou o candidato do PRTB como “agressivo” e um “risco à humanidade”. Essa retórica visa posicionar Marçal como um candidato radical, e, ao mesmo tempo, reafirmar a imagem de Nunes como uma opção segura e moderada para os eleitores que priorizam a estabilidade.
A adoção de uma pauta conservadora é uma das estratégias de Nunes para atrair o apoio do eleitorado evangélico e dos bolsonaristas. Nos últimos dias, o prefeito de São Paulo intensificou suas críticas ao Supremo Tribunal Federal (STF) e chegou a defender o impeachment do ministro Alexandre de Moraes, figura que tem sido alvo de ataques constantes de setores conservadores. Nunes também classificou como erros as políticas adotadas durante a pandemia de covid-19, incluindo a obrigatoriedade da vacina e o passaporte vacinal, temas que ainda geram discussões acaloradas em parte da sociedade.
Apoio de Tarcísio de Freitas e Fabio Wajngarten
A campanha de Ricardo Nunes para a reeleição tem contado com o apoio estratégico de figuras importantes do cenário político e religioso brasileiro. O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, tem sido uma peça-chave nesse processo, promovendo encontros entre Nunes e lideranças religiosas no Palácio dos Bandeirantes. Esses encontros são parte de um esforço coordenado para consolidar o apoio de pastores e líderes evangélicos à candidatura de Nunes.
Outro nome de destaque nesse processo é Fabio Wajngarten, ex-secretário especial de Comunicação Social no governo Jair Bolsonaro e advogado do ex-presidente. Wajngarten tem sido fundamental na aproximação de Nunes com líderes religiosos influentes, como o bispo Robson Rodovalho, fundador da Igreja Sara Nossa Terra. O apoio de Wajngarten e Tarcísio de Freitas reforça a narrativa de que Nunes é o candidato que melhor representa os valores defendidos pelos eleitores evangélicos e bolsonaristas.
Agenda religiosa de Ricardo Nunes no domingo
A agenda de Ricardo Nunes no domingo, 22 de setembro, foi marcada por compromissos em diversas regiões da cidade de São Paulo, onde o prefeito se encontrou com líderes e membros de diferentes denominações religiosas. O dia começou com um evento no bairro da Casa Verde, na zona norte, ao lado do candidato a vereador Rodney Vicente. Em seguida, Nunes participou de uma reunião com lideranças da Igreja Adventista na Bela Vista, região central da cidade.
Durante a tarde, o prefeito seguiu para um culto na Igreja Batista da Vila Mariana, na zona sul de São Paulo, onde foi recebido por pastores e fiéis. A programação do dia foi encerrada com uma visita à Assembleia de Deus do Belenzinho, uma das maiores denominações evangélicas da zona leste da capital.
A disputa pelo voto evangélico em São Paulo
A busca pelo voto evangélico tem se mostrado uma estratégia central na campanha de Ricardo Nunes. De acordo com pesquisas recentes, o eleitorado evangélico representa uma parcela significativa do eleitorado paulistano e tende a se inclinar por candidatos que defendem pautas conservadoras e religiosas. Essa base de eleitores foi decisiva nas eleições anteriores e pode ser determinante para o futuro político de São Paulo.
Além disso, Nunes está em uma competição acirrada com Pablo Marçal, que também tem buscado fortalecer sua presença entre os evangélicos. Marçal, que é pastor e empresário, conta com uma base de apoio significativa nesse segmento, o que faz dele um adversário direto de Nunes nessa disputa.
Por outro lado, Guilherme Boulos tem mantido uma posição mais progressista em temas como direitos civis, saúde pública e economia, o que o afasta desse público mais conservador. Boulos, porém, busca consolidar seu apoio entre eleitores jovens, progressistas e das periferias, onde tem encontrado ressonância com suas propostas de justiça social e distribuição de renda.
Uma eleição polarizada
Com a intensificação dos ataques e a aproximação das eleições, a disputa pela Prefeitura de São Paulo segue polarizada. Ricardo Nunes, ao focar suas energias em fortalecer os laços com o eleitorado evangélico e adotar pautas conservadoras, demonstra que está determinado a garantir sua reeleição. O apoio de figuras influentes como Tarcísio de Freitas e Fabio Wajngarten pode ser um diferencial crucial nessa reta final da campanha.
No entanto, o cenário segue imprevisível, com adversários como Pablo Marçal e Guilherme Boulos também mostrando força em segmentos específicos do eleitorado paulistano. A corrida pelo voto evangélico, em particular, será decisiva para o desfecho da eleição.