O Senado Federal aprovou ontem (21), um projeto de lei (PL) que estabelece a equalização das taxas de juros para casos de inadimplência em contratos que não definem um índice específico. O texto, que passou por modificações, retornará à Câmara dos Deputados para nova apreciação.
Proposta de Equalização de Juros
A iniciativa foi proposta pelo Ministério da Fazenda para resolver uma antiga disputa jurídica sobre qual índice de juros aplicar quando não há especificação no contrato. A dúvida girava em torno do uso da taxa Selic ou de uma taxa fixa de 1% ao mês. Mesmo com uma decisão do Superior Tribunal de Justiça (STJ) em 2008 favorável à utilização da Selic, divergências nos julgamentos continuaram a ocorrer.
Decisão do Senado
Em votação, os senadores decidiram que a correção para casos de inadimplência será feita exclusivamente pela Selic (taxa básica de juros da economia), descontada da atualização monetária medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA).
Além disso, foi adicionado um trecho ao projeto para evitar que a dívida seja corrigida por uma taxa negativa. “Caso a taxa legal apresente resultado negativo, este será considerado igual a zero para efeito de cálculo dos juros no período de referência”, determina o texto.
Modificações e Retorno à Câmara dos Deputados
Na Câmara dos Deputados, o projeto incluía a possibilidade de utilizar a taxa das Notas do Tesouro Nacional Série B (NTN-B) somada ao IPCA, aplicando-se o menor valor entre a Selic e essa combinação. Também estava prevista a criação de uma ferramenta online pelo Banco Central para facilitar o cálculo desses juros.
Inicialmente, a proposta do governo Lula (PT) sugeria que, na ausência de uma taxa de juros definida, os casos de inadimplência fossem ajustados com juros equivalentes às NTN-B de cinco anos mais 0,5% ao mês. Se uma taxa de juros já estivesse acordada entre as partes, esta prevaleceria.
A aprovação deste projeto de lei visa trazer maior clareza e uniformidade aos contratos de inadimplência, eliminando a incerteza jurídica que tem perdurado por décadas. A adoção da Selic como referência principal busca assegurar uma base mais estável e previsível para credores e devedores.
Implicações Jurídicas e Econômicas
A medida pode ter significativas implicações econômicas e jurídicas. Para os credores, a utilização da Selic garante uma atualização monetária baseada na principal taxa de referência econômica do país, que é frequentemente ajustada para refletir a política monetária. Para os devedores, a clarificação das regras pode proporcionar maior previsibilidade e segurança jurídica.
O retorno do projeto à Câmara dos Deputados abrirá espaço para novas discussões e ajustes. Parlamentares, economistas e entidades do setor financeiro têm se mostrado atentos às mudanças propostas, avaliando os impactos potenciais para contratos futuros e para a economia como um todo.
A aprovação pelo Senado do projeto de lei que equaliza as taxas de juros em casos de inadimplência representa um passo importante para resolver uma questão jurídica complexa e trazer maior estabilidade ao mercado financeiro. Com a Selic definida como padrão, espera-se que a aplicação das taxas de juros se torne mais uniforme e previsível, beneficiando tanto credores quanto devedores.