O setor de construção no Brasil projeta uma significativa alta na demanda por trabalhadores a partir do segundo semestre deste ano, impulsionado por novos projetos orçados pelo governo para 2024. A previsão foi anunciada pelo presidente da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (Cbic), Renato Correia.
Em entrevista à Reuters, Correia destacou que a dificuldade na contratação de mão de obra já vem sendo vivenciada há algum tempo e que o aumento de recursos, tanto na infraestrutura quanto na habitação, gera preocupações em relação à escassez de trabalhadores.
Com uma agenda de investimentos robusta planejada para os próximos anos, especialmente nos setores de habitação e infraestrutura, o presidente da Cbic prevê um possível aumento da pressão por mão de obra a partir do segundo semestre. As construtoras têm se preparado para esse cenário, adotando medidas como capacitação de funcionários, antecipação de contratações, foco na industrialização e incentivo ao ingresso de mulheres no setor.
De acordo com dados recentes do Caged, o setor de construção encerrou novembro com 2,66 milhões de trabalhadores com carteira assinada. Correia estima que esse número possa alcançar 3 milhões entre o final de 2023 e o início de 2025.
A projeção considera o incremento de 30% nos recursos do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), previsto no orçamento de 2024, uma reserva de 13,7 bilhões de reais para a faixa 1 do programa habitacional Minha Casa Minha Vida, e investimentos em obras de infraestrutura do novo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).
O Conselho Curador do FGTS aprovou um orçamento de 117,65 bilhões de reais para políticas públicas de habitação, saneamento básico e infraestrutura urbana em 2024, mantendo esse orçamento para os anos seguintes.
Diante da expectativa de aumento na demanda, o setor busca estratégias como maior mecanização, a inserção de novos funcionários no mercado, especialmente mulheres, e a transformação de atividades pesadas em processos mais leves por meio da industrialização. O objetivo é não apenas suprir a demanda crescente por mão de obra, mas também melhorar a remuneração e atrair mais profissionais para o setor.
No Estado de São Paulo, especialmente na capital e região metropolitana, os desafios são ainda maiores, com observações de uma oferta mais restrita de profissionais. O setor enfrenta a necessidade de antecipar contratações e buscar soluções para lidar com a escassez de mão de obra.
A perspectiva de um aumento na faixa de renda elegível para o programa Minha Casa Minha Vida pode impactar positivamente o mercado, enquanto construtoras de médio e alto padrão se preparam para as mudanças previstas em 2024.
O setor de construção civil está atento às dinâmicas do mercado de trabalho e adota estratégias proativas para enfrentar os desafios e aproveitar as oportunidades geradas pelos novos projetos governamentais. A busca por equilíbrio entre oferta de mão de obra e demanda crescente é crucial para o sucesso dessas empreitadas no setor.