Senado aprova criação do Super MEI com limite de faturamento de até R$ 140 mil
O Senado Federal deu um passo decisivo para modernizar o regime do Microempreendedor Individual (MEI) ao aprovar o projeto de lei que cria uma nova categoria: o Super MEI. A proposta eleva o limite de faturamento anual de R$ 81 mil para R$ 140 mil, ampliando as oportunidades de formalização para milhões de trabalhadores autônomos em todo o país.
O texto, aprovado pela Comissão de Assuntos Sociais (CAS), segue agora para análise da Comissão de Assuntos Econômicos (CAE). Caso seja aprovado, o Super MEI poderá entrar em vigor a partir de 1º de janeiro de 2026, marcando uma das mudanças mais significativas no sistema de microempreendedorismo desde sua criação em 2009.
O que é o Super MEI e como ele vai funcionar
A nova categoria do Super MEI é destinada a profissionais que faturam entre R$ 81 mil e R$ 140 mil por ano. O objetivo é criar uma faixa intermediária entre o MEI tradicional e a microempresa, permitindo que pequenos negócios em crescimento mantenham benefícios tributários e previdenciários, sem precisar migrar para regimes mais complexos.
O texto aprovado prevê que os empreendedores dessa nova faixa contribuam com 8% sobre o salário mínimo, enquanto o MEI atual continuará pagando 5%. O recolhimento seguirá sendo feito por meio do Documento de Arrecadação Simplificada (DAS), que unifica tributos federais, estaduais e municipais.
Além disso, o Super MEI continuará garantindo benefícios como aposentadoria, salário-maternidade e auxílio-doença, sem aumento da burocracia.
A criação do Super MEI representa um avanço importante na política de formalização e inclusão produtiva, equilibrando justiça tributária e estímulo à atividade empreendedora.
O que muda com o novo limite de faturamento
A elevação do teto para R$ 140 mil anuais corrige uma distorção provocada pela inflação e pelo aumento do custo operacional nos últimos anos. Muitos microempreendedores acabavam ultrapassando o limite de R$ 81 mil e eram obrigados a migrar para a categoria de microempresa (ME), arcando com custos tributários e obrigações fiscais mais pesadas.
Com o Super MEI, será possível acomodar o crescimento natural dos negócios, evitando penalizações e incentivando a expansão sustentável do pequeno empreendedor.
O projeto também reforça a importância da formalização, já que o MEI é responsável por movimentar cerca de R$ 70 bilhões por ano na economia brasileira, segundo dados do Sebrae.
Impacto econômico e social do Super MEI
desde sua criação em 2009, o regime do Microempreendedor Individual tem sido uma das políticas públicas mais bem-sucedidas de inclusão produtiva no Brasil. Em 2025, o país ultrapassou 15,6 milhões de MEIs ativos, segundo dados da Receita Federal — mais que o dobro do registrado em 2018.
Com o Super MEI, a expectativa é de que mais de 3 milhões de novos empreendedores sejam beneficiados. O modelo incentiva a formalização, aumenta a arrecadação de tributos e gera impacto positivo sobre o emprego e a renda.
De acordo com o Sebrae, o aumento do limite de faturamento pode elevar em até 20% o número de trabalhadores formalizados até 2027, além de ampliar o acesso ao crédito e estimular a produtividade.
Setores mais beneficiados pela criação do Super MEI
Os setores de serviços, alimentação, transporte, marketing e construção civil devem ser os principais beneficiados com o novo enquadramento.
Entre as profissões que mais crescem entre os MEIs, destacam-se:
-
Transporte rodoviário de cargas
-
Entregadores e motoristas de aplicativo
-
Profissionais de marketing digital e publicidade
-
Cabeleireiros, manicures e barbearias
-
Prestadores de serviços de alimentação e pequenos restaurantes
-
Instrutores e professores de cursos livres
-
Trabalhadores de reforma e construção civil
-
Vendedores de vestuário e acessórios
Essas categorias representam a força do empreendedorismo individual e refletem as transformações do mercado de trabalho brasileiro, que se torna cada vez mais descentralizado e digital.
Por que o Super MEI é considerado um avanço
Especialistas apontam que o Super MEI é uma resposta às demandas do mercado e uma adaptação necessária à realidade econômica atual.
A inflação acumulada desde 2018 reduziu em quase 80% o poder de compra do microempreendedor, tornando urgente uma atualização no limite de faturamento.
Além disso, o novo regime simplifica a vida do autônomo, mantendo a burocracia reduzida e custos tributários baixos. O pagamento via DAS continua a garantir previdência, auxílio-doença, licença-maternidade e acesso a crédito com juros mais baixos.
O que não muda com o Super MEI
Apesar das atualizações, o projeto mantém algumas regras atuais do regime:
-
O MEI poderá continuar contratando apenas um funcionário;
-
O limite de faturamento para a faixa tradicional (até R$ 81 mil) permanece inalterado;
-
A correção automática pelo IPCA foi retirada do texto, evitando impacto fiscal elevado;
-
As contribuições continuam centralizadas em um único boleto (DAS).
Esses pontos visam garantir a sustentabilidade fiscal e prevenir distorções no sistema previdenciário.
Expectativas e próximos passos
A proposta do Super MEI seguirá para a Comissão de Assuntos Econômicos (CAE), onde será analisada sob o ponto de vista orçamentário e fiscal.
Após aprovação, o texto será votado em plenário no Senado e posteriormente encaminhado à Câmara dos Deputados.
A expectativa é que o projeto seja sancionado ainda em 2025, permitindo sua implementação em 2026. Caso isso se concretize, milhões de microempreendedores terão maior previsibilidade financeira e condições de crescer sem deixar o regime simplificado.
O papel do MEI na economia brasileira
O regime do Microempreendedor Individual (MEI) é considerado um dos pilares da economia de base no país. Ele simplifica a formalização, garante direitos previdenciários e reduz a informalidade, que ainda atinge cerca de 38% da força de trabalho nacional.
Segundo dados do DataSebrae, o setor de serviços representa mais de 50% dos novos registros de MEIs em 2025. O avanço da digitalização e a popularização de ferramentas de marketing online impulsionam atividades como freelancers, consultores, educadores digitais e pequenos produtores de conteúdo.
Com o Super MEI, esse grupo passa a ter maior fôlego para crescer e investir, sem ser penalizado por exceder o limite de faturamento anterior.
Desafios e oportunidades do novo modelo
Apesar dos benefícios, o Super MEI também traz desafios. O principal deles é garantir equilíbrio fiscal, já que o aumento do teto pode reduzir a arrecadação previdenciária no curto prazo.
Por outro lado, a formalização de novos empreendedores deve compensar essa perda ao longo dos anos, ampliando a base tributária e fortalecendo a economia.
Outro ponto de atenção é a educação financeira. Para que o modelo funcione plenamente, será necessário investir em capacitação e gestão empresarial, ajudando o pequeno empreendedor a organizar seu fluxo de caixa, cumprir obrigações fiscais e planejar o crescimento do negócio.
Super MEI deve marcar nova fase do empreendedorismo no Brasil
A criação do Super MEI representa um divisor de águas na história do microempreendedorismo brasileiro. Ao atualizar o limite de faturamento e preservar a simplicidade do regime, o projeto equilibra modernização e justiça fiscal, fortalecendo um dos setores que mais geram renda e empregos no país.
Se aprovado nas próximas etapas, o Super MEI permitirá que milhões de trabalhadores autônomos cresçam de forma sustentável, mantendo benefícios previdenciários e tributários simplificados.
A medida, apoiada por entidades como o Sebrae, é vista como um instrumento de inclusão produtiva, estímulo à inovação e combate à informalidade.






