A Taxa Selic, principal ferramenta do Banco Central (BC) para controlar a inflação, continua sendo o foco de atenção dos economistas e investidores no Brasil. De acordo com o relatório semanal Focus, divulgado nesta segunda-feira (20), o mercado prevê uma elevação da taxa básica de juros para 12,25% ao final de 2025, representando um ajuste em relação à projeção de 12,00% da semana anterior. Além disso, a pesquisa também aponta para um cenário de inflação persistente, com aumento nas expectativas para 2025 e 2026.
Selic: Expectativas do Mercado
Atualmente em 12,25% ao ano, a Selic desempenha papel crucial no controle da inflação e no equilíbrio da economia brasileira. O Banco Central sinalizou recentemente que pretende implementar mais dois aumentos de um ponto percentual nas reuniões previstas para o início de 2025. Caso isso se concretize, o mercado pode esperar que a Selic atinja 15% ao longo do ano, consolidando um cenário de juros elevados.
Esse aperto monetário ocorre em meio a um cenário de maior percepção de risco fiscal. Após o anúncio de um projeto de reforma do Imposto de Renda, os investidores têm manifestado preocupações sobre a capacidade do governo de controlar os gastos públicos, o que eleva a percepção de incerteza econômica.
Projeções de Inflação para 2025 e 2026
A mediana das expectativas para o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), principal indicador da inflação no Brasil, subiu para 5,08% em 2025, marcando a 14ª semana consecutiva de alta nas previsões. Para 2026, a projeção também foi ajustada, passando de 4,05% para 4,10%.
Esses números estão acima do centro da meta perseguida pelo Banco Central, que é de 3%, com margem de tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo. A manutenção de expectativas inflacionárias acima da meta reforça a necessidade de uma política monetária mais rígida.
Impactos do Cenário Global
Além dos desafios internos, fatores externos também pesam sobre as projeções econômicas para o Brasil. A posse de Donald Trump como presidente dos Estados Unidos, ocorrida nesta segunda-feira, adiciona incertezas ao mercado global. Suas políticas econômicas, que incluem a imposição de tarifas de importação, podem fortalecer o dólar e prejudicar economias emergentes como a brasileira.
O aumento da força do dólar tem impacto direto sobre o custo de vida no Brasil, uma vez que ele encarece produtos importados e eleva o custo das dívidas externas. No Focus, as projeções para o dólar indicam que a moeda norte-americana encerrará 2025 e 2026 cotada a R$ 6,00, mantendo-se estável em relação às previsões anteriores.
Crescimento Econômico em Foco
Apesar dos desafios fiscais e inflacionários, a expectativa para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro em 2025 teve um leve ajuste positivo, passando de 2,02% para 2,04%. Para 2026, no entanto, a previsão de expansão foi reduzida de 1,80% para 1,77%.
No último relatório do Banco Central, o Índice de Atividade Econômica (IBC-Br) — considerado uma prévia do PIB — registrou avanço de 0,1% em novembro, superando as expectativas de estagnação. Esses resultados mostram uma recuperação gradual, mas o cenário permanece desafiador devido ao alto custo de crédito e ao impacto das políticas monetárias restritivas.
Por que a Taxa Selic é Importante?
A Taxa Selic é a principal referência para as demais taxas de juros da economia, influenciando diretamente o custo do crédito e o rendimento de aplicações financeiras. Quando a Selic aumenta:
- O crédito se torna mais caro, desestimulando o consumo e ajudando a controlar a inflação.
- O retorno de investimentos em renda fixa, como Tesouro Direto, se eleva, atraindo investidores.
- Empresas enfrentam custos financeiros mais altos, impactando negativamente o crescimento econômico no curto prazo.
Por outro lado, uma Selic elevada pode desestimular investimentos produtivos, o que é um fator de preocupação em períodos de instabilidade econômica.
Cenário Fiscal e Reforma Tributária
O aumento da Selic também está relacionado às preocupações com o cenário fiscal. O projeto de reforma do Imposto de Renda, anunciado no final de novembro, levantou dúvidas sobre a capacidade do governo de controlar os gastos públicos. A combinação de déficit fiscal com juros elevados pode comprometer a sustentabilidade da dívida pública no médio prazo.
Perspectivas para o Investidor
Diante desse panorama, investidores devem estar atentos a:
- Política Monetária: A continuidade dos aumentos na Selic pode impactar tanto o mercado de crédito quanto os investimentos em renda fixa.
- Câmbio: O fortalecimento do dólar pode trazer novas oportunidades para exportadores, mas também exige cautela por parte de importadores.
- Inflação: A alta persistente nos preços reforça a importância de proteger portfólios contra a perda do poder de compra.