Trump e Big Techs: Crise com o Canadá Acende Alerta Vermelho para o Brasil
A tensão internacional envolvendo Trump e Big Techs está escalando rapidamente e já começa a refletir nas relações diplomáticas dos Estados Unidos com seus aliados estratégicos. O episódio mais recente — o rompimento de Donald Trump com o Canadá após o governo canadense avançar em regulações sobre plataformas digitais — expõe uma linha vermelha traçada pelo ex-presidente americano: qualquer tentativa de interferência no poder das gigantes tecnológicas será considerada um ataque direto aos interesses dos EUA.
O Brasil, atento a esse novo cenário, começa a se preparar para o que pode ser um embate inevitável. A decisão recente do Supremo Tribunal Federal (STF), que ampliou a responsabilidade das plataformas digitais em relação a conteúdos ilegais e antidemocráticos, é vista por Washington como um movimento semelhante ao que motivou o afastamento diplomático do Canadá. A mensagem de Trump ao mundo está clara: quem desafiar o domínio das Big Techs sofrerá retaliações políticas.
A relação entre Trump e as Big Techs: poder, influência e estratégia política
As Big Techs — gigantes como Google, Meta (Facebook, Instagram), Amazon, Apple e X (ex-Twitter) — são mais do que empresas bilionárias. Elas são plataformas fundamentais para a comunicação, propaganda e engajamento de massas em tempos de eleição. Durante sua campanha e mandato, Trump usou essas redes como ferramentas centrais de mobilização e divulgação de mensagens políticas.
Ao assumir novamente o protagonismo político nos Estados Unidos, Trump intensifica seu esforço para blindar essas corporações de regulações externas. Nesse contexto, qualquer tentativa de governos estrangeiros de impor regras mais rígidas às plataformas digitais é vista como uma afronta direta ao projeto político trumpista.
O caso do Canadá: um aviso global
A decisão de Ottawa em avançar com leis que responsabilizam as plataformas por conteúdos falsos e prejudiciais foi o estopim para o distanciamento com Washington. Em uma reação rápida e simbólica, Trump rompeu com o Canadá, deixando claro que seu governo considera a soberania digital das Big Techs como uma prioridade inegociável.
Esse gesto não passou despercebido por outros países, especialmente o Brasil, que atualmente discute sua própria legislação para responsabilizar empresas digitais por conteúdos que violem os princípios democráticos e os direitos constitucionais.
STF e Marco Civil da Internet: o Brasil entra no radar de Trump
O Supremo Tribunal Federal deu um passo significativo ao ampliar a responsabilidade das plataformas pela veiculação de conteúdos criminosos. A medida é parte de uma reinterpretação do Marco Civil da Internet, que busca atualizar a legislação diante do avanço tecnológico e do uso político das redes sociais.
No entanto, essa decisão do STF pode colocar o Brasil no centro de uma nova crise diplomática com os Estados Unidos, caso o governo Trump volte à presidência com sua política de defesa irrestrita das Big Techs. Fontes do alto escalão do governo brasileiro reconhecem que o ambiente digital virou uma “área potencial de conflito” com os EUA.
Brasil traça limites: “linhas vermelhas” estão definidas
Em Brasília, a reação ao posicionamento dos Estados Unidos foi imediata. Negociadores políticos afirmam que o governo brasileiro já enviou mensagens claras à Casa Branca de que não aceitará sanções ou retaliações por conta de decisões soberanas relacionadas às plataformas digitais.
A posição é firme: qualquer ação internacional que tente interferir na regulação das redes sociais no Brasil será considerada uma violação da soberania nacional e um ataque às instituições democráticas, especialmente ao STF. Uma possível sanção contra ministros do Supremo seria, nas palavras do governo, um “ataque direto à República”.
A geopolítica da regulação digital
A crescente centralidade das plataformas digitais nas democracias modernas transformou a regulação da internet em uma pauta geopolítica. Hoje, discutir a atuação das Big Techs não é apenas uma questão de mercado ou direitos do consumidor, mas sim de soberania, segurança nacional e liberdade de expressão.
Trump, ao se alinhar incondicionalmente às Big Techs, inaugura uma nova era de política externa digital. Países que optarem por regular suas redes, exigindo transparência algorítmica, controle de desinformação e combate ao discurso de ódio, poderão sofrer pressões políticas e econômicas dos Estados Unidos.
A resposta brasileira: firmeza e diálogo
O Brasil não pretende recuar. Ao mesmo tempo em que mantém o diálogo com os EUA, o governo brasileiro sinaliza que está pronto para responder com medidas políticas firmes, caso haja qualquer tentativa de ingerência externa.
Fontes do Palácio do Planalto garantem que “os recados já foram dados” à equipe de Trump. Caso sanções sejam anunciadas, o Brasil poderá acionar canais diplomáticos internacionais, envolver o Mercosul e buscar apoio em fóruns multilaterais, como a ONU e a OEA.
Big Techs e democracia: um dilema global
A discussão sobre o papel das plataformas digitais no fortalecimento — ou corrosão — da democracia está longe de terminar. No Brasil, episódios como a disseminação de fake news durante eleições, ataques antidemocráticos e campanhas de desinformação têm colocado as redes sociais sob vigilância constante.
A regulação proposta pelo STF e defendida por amplos setores da sociedade busca justamente evitar que a liberdade de expressão seja usada como escudo para a propagação do ódio, da mentira e da manipulação eleitoral. Nesse contexto, o confronto com Trump e Big Techs parece inevitável.
Cenários possíveis para 2025 e 2026
Com as eleições presidenciais se aproximando nos Estados Unidos, a influência das Big Techs na política americana tende a se intensificar. Caso Trump retorne ao poder, o Brasil terá de equilibrar sua política externa com a proteção de suas instituições e seu marco regulatório.
Entre os cenários possíveis, destacam-se:
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Pressão bilateral: EUA pressionando diretamente o governo brasileiro a recuar em legislações digitais;
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Sanções econômicas ou diplomáticas: medidas pontuais contra ministros ou instituições;
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Isolamento digital: retaliações como restrições de acesso a tecnologias ou plataformas;
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Acordos regionais de proteção à soberania digital: o Brasil buscando aliança com países que também regulam plataformas, como França e Alemanha.
O que está em jogo para o Brasil?
Mais do que uma disputa política entre Trump e Big Techs, o que está em jogo é a capacidade do Brasil de garantir sua autonomia legislativa em temas estratégicos. A soberania digital é parte essencial da soberania nacional, e o controle democrático sobre plataformas é uma demanda crescente da sociedade.
A batalha que se desenha nos bastidores da política internacional pode moldar os rumos da internet e da democracia nos próximos anos. O Brasil, ao assumir uma postura firme e dialogada, posiciona-se como um ator relevante nesse novo tabuleiro global.






