A Netflix apresentou os resultados de seu segundo trimestre fiscal nesta quarta-feira (19) e os números surpreendem. Após implementar a funcionalidade que impossibilita que os usuários compartilhem senhas, e ser alvo de críticas e ações no Procon no Brasil, a empresa conseguiu quase 6 milhões de novos assinantes em todo o mundo entre os meses de abril e junho. O número de 5,89 milhões de pessoas que assinaram a plataforma neste segundo semestre, inclusive, é bem superior aos 1,75 milhão de novos assinantes que a plataforma conseguiu no primeiro trimestre do ano.
Com o resultado, a Netflix chegou ao total de 238,39 milhões de assinaturas globais e superou, inclusive, as expectativas de Wall Street. Os analistas projetaram que o streaming ganharia 1,769 milhão de novos assinantes, mas a performance surpreendeu e representou um aumento de 8% ano a ano em assinantes. As informações são dos portais Variety, The Hollywood Reporter e IndieWire. A expectativa da empresa é manter o ritmo de crescimento, uma vez que afirmou em carta aos acionistas que as projeções de crescimento para o terceiro trimestre são semelhantes ao resultado obtido neste trimestre.
O número de assinantes do streaming, inclusive, é bem superior ao de alguns de seus principais concorrentes. O Disney+, por exemplo, possui 157,8 milhões, enquanto Max/Discovery+ chegou ao número de 97,6 milhões. Em relação aos estúdios de Hollywood, lugar que a Netflix também se coloca, e não apenas plataformas de streaming, novos balanços financeiros devem ser divulgados nos próximos dias. A Comcast, sede da NBCUniversal, apresentará em 27 de julho, seguida pela Warner Bros. Discovery (3 de agosto) e Disney (9 de agosto).
Apesar da polêmica decisão de proibir o compartilhamento de senhas, o que levou muitas pessoas a cancelarem o serviço, a Netflix destacou que as novas assinaturas superam os cancelamentos decorrentes da nova política. No entanto, a empresa não quantificou quanto dos ganhos de assinantes foram devidos à nova política. “Enquanto ainda estamos nos estágios iniciais de monetização, estamos vendo uma conversão saudável de famílias mutuárias em assinaturas pagas na Netflix, bem como a aceitação de nosso recurso de membro extra”, afirmou em carta aos acionistas.
O maior “boom” de novas assinaturas aconteceu na Europa, Oriente Médio e África (EMEA), onde foram 2,43 milhões de novos consumidores. Na sequência aparecem América Latina (1,2 milhão), Estados Unidos e Canadá (1,17 milhão) e a região da Ásia-Pacífico (1,1 milhão).
Diante do crescimento no número de assinantes, a receita da Netflix foi de US$ 8,2 bilhões, o que representa um crescimento de 2,7% em relação ao ano anterior. No entanto, analistas de Wall Street previam uma receita de US$ 8,3 bilhões de acordo com dados de consenso de analistas fornecidos pela Refinitiv e, apresentando um resultado um pouco inferior às projeções, as ações da empresa acabaram caindo mais de 6%.
Em relação ao lucro do segundo trimestre, o streaming apresentou um resultado positivo de US$ 1,5 bilhão. A previsão para o próximo trimestre, entre os meses de julho e setembro, é ainda mais otimista – e até ousada -. A Netflix projeta uma receita de US$ 8,3 bilhões e um lucro líquido de US$ 1,6 bilhão. A revisão feita para cima é um reflexo do menor gasto com conteúdo do que havia sido originalmente previsto por causa da greve de atores e roteiristas nos Estados Unidos.
Apesar do aumento da receita, o streaming não aumenta o preço de suas assinaturas em seus principais mercados há mais de um ano, quando nos Estados Unidos, por exemplo, o valor saltou de US$ 1,50 para US$ 15,49 no primeiro semestre de 2022. Os aumentos foram interrompidos, sobretudo, após lançar o plano de compartilhamento pago, visando acabar com o compartilhamento de senhas. Para o CFO da empresa, Spence Neumann, o crescimento da receita é um reflexo dessa política, uma vez que o número de assinantes aumentou.
“A maior parte do crescimento de nossa receita este ano vem do crescimento em volume, por meio de novas assinaturas pagas. E isso é amplamente impulsionado por nosso lançamento de compartilhamento pago. É o nosso principal acelerador de receita no ano”, disse.
O plano agora é ampliar o número de assinantes no plano apoiado por anúncios de serviços, que foi lançado em novembro do ano passado. Junto à divulgação de seus resultados, a Netflix anunciou que irá eliminar seu plano básico, mais barato e sem anúncios, do catálogo dos Estados Unidos e Reino Unido. A tentativa claramente é fazer com que esses clientes migrem para o novo plano que irá completar um ano de existência em novembro.
“Nossos preços iniciais de $ 6,99 nos EUA e £ 4,99 no Reino Unido [para o plano apoiado por anúncios de serviços] são mais baixos do que os da concorrência e oferecem grande valor aos consumidores, dada a amplitude e a qualidade de nosso catálogo”, disse um porta-voz da Netflix à Variety.
Em relação aos títulos que melhor performaram no período, o streaming teve alguns sucessos no segundo trimestre, embora apenas um deles tenha chegado ao top-10 de todos os tempos. Na produção de filmes destacam-se A Mãe, de Jennifer Lopez e Resgate 2, de Chris Hemsworth foram os grandes destaques e A Mãe, inclusive, se tornou o nono filme mais assistido da Netflix em todos os tempos. Já nas séries, o grande lançamento do semestre foi Rainha Charlotte: Uma História Bridgerton, spin-off do grande sucesso Bridgerton, que é a quinta série mais assistida da história da Netflix.
“Embora tenhamos feito um progresso constante este ano, temos mais trabalho a fazer para reacelerar nosso crescimento. Continuamos focados em: criar uma batida constante de séries e filmes imperdíveis; melhorar a monetização; aumentando o prazer de nossas séries; e investindo para melhorar nosso atendimento aos assinantes”, disse a empresa em comunicado aos acionistas.