O desejo de parar de trabalhar e viver exclusivamente dos rendimentos de investimentos é uma ambição crescente entre os brasileiros. Essa forma de sustento, chamada popularmente de “viver de renda”, consiste na geração de renda passiva, ou seja, ganhos obtidos a partir de aplicações financeiras sem a necessidade de trabalho ativo. Mas como é possível alcançar esse objetivo e qual o planejamento necessário para construir uma renda sustentável?
Investir mensalmente de forma planejada é a chave para garantir um futuro financeiro estável e, eventualmente, permitir que alguém viva apenas dos rendimentos de suas aplicações. Quanto mais cedo essa decisão for tomada, menor será o valor necessário para investir mensalmente, já que o tempo é um grande aliado nos rendimentos acumulados ao longo dos anos.
Quanto investir para garantir uma renda passiva?
De acordo com Luan Andrade, sócio da W1 Consultoria, o ideal é buscar um equilíbrio entre três pilares fundamentais: rentabilidade, segurança e liquidez. Rentabilidade refere-se ao quanto o investimento rende ao longo do tempo; segurança está relacionada ao risco de perda do capital investido; e liquidez trata da facilidade de acesso ao dinheiro investido, caso seja necessário.
Segundo cálculos de Andrade, para obter uma renda passiva de R$ 8 mil por mês, é necessário acumular cerca de R$ 1 milhão em investimentos. Já para quem almeja uma renda de R$ 12 mil mensais, o montante necessário sobe para aproximadamente R$ 1,5 milhão.
Quanto devo guardar por mês?
O valor a ser poupado mensalmente para alcançar essas metas varia de acordo com a idade do investidor e o prazo estipulado para atingir o objetivo. Para quem começa a investir aos 25 anos de idade, os valores são menores, já que o tempo de acumulação dos rendimentos é maior. Veja os exemplos abaixo:
Para uma renda de R$ 8 mil por mês:
- Começando aos 25 anos:
- R$ 2.750 por mês para atingir a meta aos 40 anos.
- R$ 1.750 por mês para alcançar a meta aos 45 anos.
- R$ 850 por mês para garantir a renda aos 50 anos.
- Começando aos 40 anos:
- R$ 13.500 por mês para ter a renda aos 45 anos.
- R$ 5.400 por mês para atingir o objetivo aos 50 anos.
- R$ 2.750 por mês para alcançar a meta aos 55 anos.
Para uma renda de R$ 12 mil por mês:
- Começando aos 25 anos:
- R$ 4.200 por mês para atingir a renda aos 40 anos.
- R$ 2.350 por mês para alcançar a meta aos 45 anos.
- R$ 1.400 por mês para garantir o valor aos 50 anos.
- Começando aos 40 anos:
- R$ 20.300 por mês para atingir a renda aos 45 anos.
- R$ 8.000 por mês para alcançar o objetivo aos 50 anos.
- R$ 4.200 por mês para atingir o valor desejado aos 55 anos.
Onde investir para alcançar essas metas?
Os cálculos de Andrade consideram um rendimento médio de 10% ao ano, o que pode ser alcançado com investimentos de renda fixa e variável. A taxa Selic, que é o principal índice de referência de juros no Brasil, está em torno de 9,25% nos últimos 10 anos, segundo o especialista. Considerando um rendimento médio de 10% ao ano, é possível alcançar bons resultados ao longo do tempo, especialmente com um planejamento cuidadoso.
Investimentos em renda fixa
Os investimentos de renda fixa são aqueles que possuem regras de remuneração já definidas no momento da aplicação, o que permite ao investidor prever os ganhos ao longo do tempo. Alguns exemplos incluem CDBs (Certificados de Depósito Bancário), Debêntures e Tesouro Direto.
Esses investimentos são recomendados especialmente para quem busca mais segurança, já que a chance de perder o capital investido é menor. CDBs, por exemplo, podem render até 110% do CDI (Certificado de Depósito Interbancário), o que oferece rentabilidade atraente com riscos controlados.
Investimentos em renda variável
Para investidores que podem assumir mais riscos, os investimentos de renda variável, como ações e fundos de investimentos, são uma opção que pode oferecer retornos maiores a longo prazo. No entanto, como há maior volatilidade no mercado de ações, o investidor corre o risco de perdas significativas se não houver uma estratégia sólida e diversificada.
“Um excelente aliado à aposentadoria são os fundos imobiliários, que pagam dividendos todos os meses e são uma das melhores formas de criar sua própria renda passiva”, afirma Andrade. Os fundos imobiliários permitem que o investidor receba rendimentos regulares a partir do aluguel de imóveis, sem precisar lidar diretamente com a compra, venda ou manutenção desses ativos.
Planejamento financeiro: a chave para o sucesso
Independentemente do tipo de investimento escolhido, o segredo para construir uma renda passiva e alcançar o sonho de viver de renda é o planejamento financeiro. “O ideal é manter uma carteira diversificada, que combine ativos de renda fixa e variável, de acordo com o perfil de risco e os objetivos de cada investidor”, ressalta Andrade.
Além disso, é essencial buscar informações sobre os diferentes tipos de ativos disponíveis no mercado e, se possível, contar com a ajuda de um profissional de planejamento financeiro. Essa orientação pode fazer a diferença na escolha de investimentos mais adequados e na construção de uma estratégia que atenda aos objetivos de longo prazo do investidor.
Viver de renda é um sonho possível para muitos brasileiros, mas exige disciplina, planejamento e escolhas de investimento adequadas. Começar a investir cedo e fazer aportes regulares são práticas que facilitam a construção de uma base financeira sólida, permitindo que o investidor alcance sua liberdade financeira com segurança.
Seja por meio de investimentos em renda fixa ou variável, a chave está em manter um equilíbrio entre rentabilidade, segurança e liquidez, além de diversificar os ativos ao longo do tempo. Com uma estratégia bem estruturada, é possível construir uma renda passiva que permita viver de investimentos e alcançar uma aposentadoria tranquila.