STF mantém prisão domiciliar de réus da trama golpista e endurece resposta após tentativas de fuga
A decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) de manter a prisão domiciliar da trama golpista imposta a um grupo de réus investigados por participação direta na tentativa de ruptura institucional consolida uma nova fase de endurecimento do Judiciário diante dos riscos concretos de evasão internacional e de obstrução das investigações. A medida, confirmada após audiência de custódia realizada neste sábado, representa mais um passo na estratégia da Corte para preservar a efetividade da Justiça e a autoridade do Estado Democrático de Direito.
A manutenção das prisões domiciliares ocorreu no contexto de uma força-tarefa autorizada pelo ministro Alexandre de Moraes, relator dos processos relacionados aos atos antidemocráticos que culminaram na invasão e depredação das sedes dos Três Poderes, em 8 de janeiro de 2023. O episódio mais recente que reforçou a decisão foi a tentativa de fuga do ex-diretor da Polícia Rodoviária Federal (PRF), Silvinei Vasques, condenado a 24 anos de prisão, preso no Paraguai com passaporte falso enquanto tentava deixar a América do Sul.
Para o STF, o caso evidenciou que o risco de fuga não é hipotético, mas real e imediato, justificando a manutenção da prisão domiciliar da trama golpista como medida cautelar indispensável para garantir a aplicação da lei penal e o regular andamento dos processos.
Audiência de custódia confirma fundamentos das medidas cautelares
Os réus submetidos às ordens judiciais passaram por audiência de custódia conduzida pela juíza auxiliar do Supremo, Luciana Yuki Fugishita Sorrentino. Após a análise das circunstâncias individuais e do contexto geral das investigações, a magistrada manteve integralmente as decisões de Alexandre de Moraes, destacando que permanecem presentes os requisitos legais para a adoção das medidas restritivas.
Na avaliação do STF, a prisão domiciliar da trama golpista se mostra proporcional diante da gravidade dos fatos investigados, do histórico recente de descumprimento de determinações judiciais e da existência de redes de apoio capazes de facilitar fugas para o exterior. A Corte considera que medidas menos severas seriam insuficientes para neutralizar os riscos identificados.
Quem são os réus atingidos pela decisão
As ordens de prisão domiciliar atingiram personagens centrais de diferentes núcleos investigados pela Polícia Federal e pelo STF. O grupo reúne ex-integrantes do governo federal, militares da ativa e da reserva e dirigentes de entidades civis apontadas como parte da engrenagem que sustentou a tentativa de golpe.
Entre os alvos estão ex-assessores presidenciais, oficiais de alta patente do Exército, agentes ligados ao setor de inteligência e representantes de organizações civis que questionaram a legitimidade do processo eleitoral. Todos os investigados passaram a cumprir prisão domiciliar da trama golpista com uso obrigatório de tornozeleira eletrônica e uma série de restrições adicionais.
Restrições impostas aos investigados
Além da permanência obrigatória em seus domicílios, os réus estão proibidos de sair do país, tiveram os passaportes recolhidos e não podem utilizar redes sociais ou plataformas digitais. A comunicação com outros investigados também está vedada, salvo autorização expressa do Supremo.
As visitas aos investigados passaram a depender de autorização judicial prévia, mecanismo adotado para evitar articulações clandestinas ou tentativas de coordenação externa. Para o STF, a prisão domiciliar da trama golpista não tem caráter punitivo antecipado, mas sim preventivo, voltado à preservação da ordem pública e da instrução processual.
Réus não localizados e novas providências
Durante o cumprimento dos mandados, dois investigados não foram localizados inicialmente pela Polícia Federal. Um deles, dirigente de entidade civil envolvida na trama, passou a ser considerado foragido após não ser encontrado no endereço informado à Justiça. A defesa alegou mudança recente de domicílio, argumento que agora será submetido à análise do STF.
Outro réu estava fora do estado no momento da operação, mas comunicou à Justiça que retornaria para cumprir imediatamente a prisão domiciliar da trama golpista. O Supremo deixou claro que qualquer descumprimento das medidas poderá resultar na conversão da prisão domiciliar em prisão preventiva em regime fechado.
Tentativas de fuga aceleram endurecimento do STF
O estopim para o endurecimento das decisões foi a fuga de Silvinei Vasques, personagem central de um dos núcleos da trama. Condenado por ordenar bloqueios em rodovias durante o processo eleitoral de 2022, ele deixou o Brasil clandestinamente e tentou embarcar para outro país com documentação falsa. A prisão no Paraguai expôs fragilidades no cumprimento de medidas anteriores e acendeu um alerta máximo no Supremo.
Outro caso citado nos autos envolve Alexandre Ramagem, que deixou o país e seguiu para os Estados Unidos. Diante disso, o STF determinou a cassação de seu passaporte diplomático e iniciou os trâmites para extradição. Esses episódios consolidaram a convicção de que a prisão domiciliar da trama golpista, aliada ao monitoramento eletrônico, é necessária para impedir a fuga de réus considerados estratégicos para as investigações.
Fundamentação jurídica da decisão
Na decisão que autorizou a força-tarefa, Alexandre de Moraes destacou que as investigações revelam uma organização estruturada, com divisão de tarefas, financiamento e suporte logístico para ações antidemocráticas. Segundo o ministro, há indícios claros de planejamento prévio e de tentativas deliberadas de frustrar a atuação do Judiciário.
A prisão domiciliar da trama golpista foi mantida com base na necessidade de garantir a aplicação da lei penal, assegurar a instrução criminal e preservar a credibilidade das instituições. Para o relator, permitir que investigados com alto poder de articulação circulem livremente representaria risco concreto de novas fugas e de interferência nas investigações.
Relação direta com os atos de 8 de janeiro
Os processos analisados pelo STF têm como pano de fundo os atos de 8 de janeiro de 2023, quando grupos extremistas invadiram e vandalizaram o Congresso Nacional, o Palácio do Planalto e o Supremo Tribunal Federal. As investigações apontam que os réus submetidos à prisão domiciliar da trama golpista integravam núcleos responsáveis por planejamento, incentivo, financiamento ou apoio logístico às ações.
Para a Corte, a responsabilização desses agentes é fundamental não apenas para punir crimes específicos, mas para estabelecer um marco institucional claro de intolerância a qualquer tentativa de ruptura da ordem democrática.
Repercussão institucional e política
A manutenção das prisões domiciliares repercutiu de forma imediata no meio político e jurídico. Especialistas avaliam que o STF sinaliza que não haverá flexibilização das medidas enquanto persistirem riscos concretos à aplicação da Justiça. A atuação firme do Supremo também é interpretada como resposta institucional às tentativas recorrentes de deslegitimação do Judiciário.
No campo institucional, a prisão domiciliar da trama golpista reforça a cooperação entre STF e Polícia Federal, que vem intensificando esforços para localizar foragidos e monitorar o cumprimento das decisões judiciais. O entendimento predominante é de que a credibilidade do sistema democrático depende da responsabilização efetiva dos envolvidos.
O que pode acontecer a partir de agora
Com a confirmação das prisões domiciliares, o foco do Supremo se desloca para o andamento das ações penais e para o julgamento de recursos pendentes. A Corte já indicou que qualquer tentativa de descumprimento das medidas impostas será tratada com rigor máximo.
A prisão domiciliar da trama golpista deverá ser mantida enquanto persistirem os fundamentos que justificaram sua decretação. Para o STF, o momento exige vigilância permanente e respostas institucionais firmes, capazes de impedir a repetição de episódios que colocaram em risco a estabilidade democrática do país.






