Aumento de deputados federais é aprovado e muda composição da Câmara a partir de 2027
Projeto que amplia número de parlamentares é aprovado no Congresso e aguarda sanção presidencial
O Congresso Nacional aprovou nesta quarta-feira (26) o aumento de deputados federais de 513 para 531 a partir da próxima legislatura, que terá início em 2027. A medida, resultado de um projeto de lei complementar votado em sessões consecutivas no Senado e na Câmara dos Deputados, representa uma mudança significativa na composição do Poder Legislativo brasileiro. O texto agora segue para sanção do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que deverá confirmar a alteração para evitar atritos com o Congresso.
Com essa decisão, o número total de membros do Congresso Nacional passará de 594 para 612, considerando que o Senado Federal manterá suas 81 cadeiras. A redistribuição das cadeiras na Câmara foi realizada com base nos critérios demográficos definidos pela Constituição, utilizando os dados mais recentes do IBGE para ajustar a representatividade dos estados.
A nova configuração passa a valer a partir das eleições gerais de 2026, entrando em vigor oficialmente no início do próximo mandato legislativo, em 2027. A proposta é apontada por seus defensores como uma forma de corrigir distorções na representação proporcional da população brasileira.
Aumento de deputados federais: o que muda na prática?
O aumento de deputados federais tem como fundamento os dispositivos constitucionais que determinam que a representação dos estados na Câmara dos Deputados deve refletir a população de cada unidade da federação. A Constituição também estabelece que cada estado deve ter no mínimo oito e no máximo setenta deputados, o que serve como limitador na redistribuição.
Com base nos dados do Censo Demográfico de 2022, realizado pelo IBGE, constatou-se que havia desequilíbrios na representatividade de alguns estados. Assim, a proposta prevê o acréscimo de 18 cadeiras, que serão distribuídas entre nove estados que registraram crescimento populacional acima da média nacional. Estados que tecnicamente deveriam perder cadeiras pela nova distribuição proporcional permanecerão com o mesmo número, protegidos pela regra constitucional que garante um mínimo de representantes.
A partir de 2027, portanto, estados com maior crescimento populacional terão maior poder de voto no Legislativo federal, ampliando sua capacidade de influenciar decisões políticas e orçamentárias.
Estados que terão mais deputados federais a partir de 2027
A distribuição das novas 18 cadeiras seguirá o critério populacional atualizado. Ainda que a lista completa com os estados beneficiados não tenha sido divulgada no texto-base, estima-se que grandes centros urbanos e regiões que mais cresceram, como o Norte e o Centro-Oeste, estejam entre os maiores beneficiados.
Estados como Amazonas, Pará, Goiás, Mato Grosso, e o Distrito Federal devem ganhar representantes, dada a expansão significativa de suas populações nos últimos anos. Esse aumento pode impactar diretamente na alocação de recursos federais, no direcionamento de emendas parlamentares e na formação de coalizões políticas.
A proposta é também vista como uma forma de fortalecer a presença política de estados em ascensão demográfica e econômica, aproximando a Câmara dos Deputados da realidade populacional do país.
Impacto financeiro e críticas à proposta
O aumento de deputados federais acarretará um custo adicional aos cofres públicos de cerca de R$ 95 milhões por ano. O valor considera salários, verbas de gabinete, auxílio-moradia, passagens aéreas e outras despesas operacionais relacionadas ao funcionamento dos mandatos parlamentares.
Críticos da medida apontam que, em um momento em que o governo busca soluções para o equilíbrio fiscal e redução de gastos, a ampliação do número de parlamentares representa uma contradição. Para esses analistas, o Congresso deveria priorizar reformas que tornem a máquina pública mais eficiente, em vez de ampliar estruturas já existentes.
Por outro lado, os defensores do projeto argumentam que a redistribuição de cadeiras é uma questão de justiça democrática, pois garante que regiões mais populosas tenham representação condizente com sua importância. Ignorar os dados demográficos, segundo esses parlamentares, manteria uma distorção que penaliza eleitores de estados superpopulosos com representação inferior.
Aprovação apertada no Senado e votação simbólica na Câmara
No Senado Federal, o projeto foi aprovado com 41 votos favoráveis e 33 contrários — número exato necessário para garantir a aprovação de uma lei complementar. O voto decisivo veio do presidente da Casa, que optou por validar a proposta após acirrados debates.
Já na Câmara dos Deputados, a versão final do texto foi confirmada em votação simbólica. A celeridade do processo mostra a articulação política dos líderes partidários e a convergência de interesses entre os estados que se beneficiarão com o novo modelo de representação.
A tramitação rápida também visa evitar um desgaste prolongado entre os Poderes, especialmente em um cenário de sensibilidade política entre o Executivo e o Congresso Nacional.
Aumento de deputados federais e seus efeitos na política nacional
Com a ampliação do número de parlamentares, o equilíbrio de forças dentro da Câmara dos Deputados também tende a mudar. Novas bancadas estaduais ganham mais influência, e a composição das comissões e da Mesa Diretora poderá ser impactada diretamente.
O aumento do número de cadeiras também pode influenciar a formação de blocos partidários, a articulação de projetos de lei e as estratégias eleitorais para 2026. Partidos políticos já estão se reorganizando internamente para lançar mais candidatos nas unidades da federação que ganharão vagas.
Além disso, a mudança pode alterar a dinâmica das campanhas eleitorais, com partidos aumentando investimentos em estados estratégicos e redobrando esforços para atingir o quociente eleitoral necessário para eleger seus representantes.
Expectativas para a sanção presidencial
O presidente Lula, que agora tem a missão de sancionar o projeto, tende a aprová-lo sem vetos, segundo interlocutores do Palácio do Planalto. Isso porque um eventual veto poderia provocar nova crise institucional com o Congresso, que vem demonstrando força e coesão nas últimas votações.
Ao sancionar a proposta, o presidente sinaliza respeito à Constituição e ao princípio da representatividade proporcional, ao mesmo tempo em que evita um confronto político desnecessário com os líderes do Legislativo.
O Planalto, no entanto, deverá reforçar o discurso de que a medida é técnica, baseada em critérios demográficos, e que não se trata de aumento de cargos por interesses corporativos ou partidários.
Aumento de deputados federais reforça representatividade, mas levanta debate sobre gastos
O aumento de deputados federais aprovado pelo Congresso representa uma atualização necessária do modelo de representação política brasileira à luz dos dados populacionais mais recentes. A medida corrige distorções e dá voz proporcionalmente maior a estados que cresceram demograficamente nas últimas décadas.
Apesar disso, o impacto financeiro gerado pelo acréscimo de 18 novos parlamentares levanta questões sobre a necessidade de reformas estruturais que tragam mais eficiência e economicidade à administração pública.
À medida que o Brasil se aproxima das eleições de 2026, o tema da representatividade parlamentar promete ganhar ainda mais destaque nas discussões políticas e no debate público.






