Gleisi cobra Hugo Motta por isenção do Imposto de Renda e conta de luz mais barata
A ministra das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann (PT), elevou o tom das críticas contra a condução das pautas no Congresso e cobrou agilidade do presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), na votação de dois projetos prioritários para o governo: a ampliação da isenção do Imposto de Renda e a medida provisória que reduz a conta de luz para milhões de brasileiros.
A cobrança aconteceu logo após a aprovação relâmpago da chamada PEC da Blindagem, que fortalece os parlamentares contra investigações judiciais. Para Gleisi, enquanto a PEC de interesse do Congresso avançou em tempo recorde, propostas que afetam diretamente o bolso da população seguem paradas.
Isenção do Imposto de Renda até R$ 5 mil
O governo defende a isenção do Imposto de Renda para todos os trabalhadores que recebem até R$ 5.000 por mês. A medida, relatada pelo deputado Arthur Lira (PP-AL), está em regime de urgência desde agosto, mas não foi pautada no plenário.
Se aprovada, a mudança representará alívio imediato para milhões de contribuintes da classe média e baixa, ampliando a faixa de isentos e reduzindo a carga tributária sobre o salário. A proposta é considerada uma das promessas centrais da campanha do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Medida provisória da conta de luz
Outro ponto de atrito é a Medida Provisória do setor elétrico, que garante o barateamento da conta de luz para cerca de 60 milhões de brasileiros. Publicada em maio, a MP chegou à Mesa da Câmara em setembro e pode perder validade se não for votada com urgência.
A expectativa é de que o desconto chegue principalmente às famílias de baixa renda, mas a inércia do Legislativo coloca em risco a aplicação imediata da medida. Para o governo, a aprovação é essencial para aliviar o orçamento popular em meio à inflação de serviços básicos.
PEC da Blindagem avança rápido
O contraste que gerou indignação foi a tramitação da chamada PEC da Blindagem (ou das Prerrogativas), resgatada após dois anos engavetada e aprovada em tempo recorde em dois turnos. A comparação feita por Gleisi expôs a diferença de prioridade entre projetos que fortalecem a classe política e os que beneficiam a população.
Segundo a ministra, é inadmissível que a isenção do Imposto de Renda e a redução da conta de luz sigam sem data definida enquanto interesses corporativos avançam com rapidez.
Impacto econômico e social da isenção
A ampliação da isenção do Imposto de Renda tem potencial de transformar a vida de milhões de brasileiros. Entre os principais impactos esperados estão:
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Aumento da renda disponível para trabalhadores assalariados.
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Maior estímulo ao consumo, impulsionando o comércio e a economia local.
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Redução da desigualdade tributária, já que hoje a carga de impostos é mais pesada proporcionalmente sobre quem ganha menos.
Especialistas afirmam que, embora a medida represente renúncia fiscal, o efeito multiplicador no consumo pode compensar parte da perda de arrecadação.
Pressão política sobre Hugo Motta
A cobrança pública de Gleisi Hoffmann direcionada a Hugo Motta expõe uma disputa política crescente entre Executivo e Legislativo. O Planalto busca avançar em pautas sociais, enquanto a Câmara parece priorizar propostas ligadas à classe política.
A demora na análise da isenção do Imposto de Renda e da conta de luz mais barata pode aumentar a pressão popular sobre os deputados, especialmente em um contexto de crise econômica e descontentamento social.
Justiça fiscal em debate
O tema da isenção do Imposto de Renda é central no debate sobre justiça fiscal no Brasil. Hoje, milhões de trabalhadores com salários modestos ainda estão sujeitos à tributação, enquanto grandes fortunas e dividendos permanecem com benefícios tributários.
Para o governo, corrigir essa distorção é fundamental para equilibrar a carga e reduzir a pressão sobre a classe média, que arca com boa parte do peso do sistema atual.
O embate em torno da isenção do Imposto de Renda e da conta de luz mais barata simboliza uma disputa maior: de um lado, o governo tentando cumprir promessas de campanha e aliviar a vida da população; de outro, a Câmara dos Deputados priorizando projetos que fortalecem os próprios parlamentares.
Com a proximidade de votações decisivas, cresce a pressão sobre Hugo Motta para que coloque em pauta medidas que atendam diretamente às demandas sociais e econômicas do país.






