O presidente dos EUA, Joe Biden, defendeu o envio de bombas de fragmentação para a Ucrânia usar na guerra contra a Rússia. Contudo, aliados dos EUA como Reino Unido, Canadá, Alemanha e Espanha apontaram preocupações, já que se trata de um armamento que espalha explosivos por uma área de quase 25 mil metros quadrados, próxima a três campos de futebol. Além disso, parte das munições costumam não explodir e se tornam uma espécie de mina terrestre no local onde cai.
A polêmica surge no momento em que se completaram 500 dias da invasão russa na Ucrânia. Em entrevista à CNN, Biden admitiu que demorou a ser convencido por seus assessores militares de que o envio das bombas de fragmentação é uma boa decisão. Mas ele argumentou que os ucranianos estariam ficando sem munição para retomar os seus territórios invadidos pela Rússia e que a entrega desse armamento faz parte de um pacote de ajuda militar de US$ 800 milhões de dólares.
A decisão, no entanto, foi rapidamente criticada pela organização de direitos humanos Anistia Internacional, que classifica as bombas de fragmentação como uma grave ameaça para a vida dos civis, “mesmo depois que o conflito acabar”.
Ao ser questionado sobre o fato neste sábado, o primeiro-ministro do Reino Unido, Rishi Sunak, disse que o país continuará apoiando os esforços de resistência da Ucrânia, mas lembrou que é um dos 123 países signatários de uma convenção que proíbe a produção e o uso desse tipo de armamento.
O governo do Canadá também apontou preocupações com o potencial destrutivo das bombas de fragmentação para os civis. “O Canadá está em total conformidade com a convenção [contra o uso do armamento] e levamos a sério nossa obrigação de encorajar a adoção universal à essa convenção“, afirmou em comunicado oficial.
Já a ministra de Defesa da Espanha, Margarita Robles, foi mais enfática. “Não às bombas de fragmentação e sim à legitima defesa da Ucrânia, que entendemos que não deveria ser feita com o uso de bombas de fragmentação”.
Por outro lado, a Alemanha relativizou o envio do armamento para a Ucrânia usar, embora o país também seja signatário da mesma convenção defendida por Reino Unido, Canadá e Espanha. O porta-voz do governo alemão, Steffen Hebestreit, disse que “certamente os amigos americanos são chegaram a essa decisão de maneira fácil”.
Ontem, a Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) “lavou as mãos” sobre o tema. O secretário-geral da aliança militar ocidental, o norueguês Jens Stoltenberg, disse que a entidade não tem uma posição clara sobre o uso do artefato e que a decisão de usar ou não cabe aos governos de cada país .
Porém, a Organização das Nações Unidas (ONU) também é contra o uso de bombas de fragmentação e condena o seu uso em qualquer conflito armado, considerando que a imprecisão e a quantidade de bombas que ficam espalhadas onde são jogadas se tornam ameaças para a vida de civis, principalmente de crianças.
Apesar do envio pelos EUA agora e de o ministro da Defesa ucraniano, Oleksii Reznikov, dizer que vai usar o armamento de maneira responsável, relatórios do Conselho de Direitos Humanos da ONU e da ONG Human Rights Watch indicam que tanto Rússia quanto Ucrânia já usaram esse artefato durante o conflito iniciado em fevereiro do ano passado.