O Banco Mundial divulgou um relatório intitulado “Perspectiva para Mercados de Commodities”, que avalia o atual cenário de violência no Oriente Médio e suas possíveis implicações nos mercados mundiais. O documento destaca que, até o momento, a violência na região tem um impacto “limitado”, mas alerta para possíveis consequências no mercado de energia que podem intensificar a insegurança alimentar.
Segundo a instituição, a economia global encontra-se em uma posição mais favorável do que nas décadas de 1970 para enfrentar grandes choques nos preços do petróleo. Entretanto, o relatório adverte que um agravamento do conflito no Oriente Médio, somado à situação de invasão da Rússia na Ucrânia, poderia levar os mercados globais de commodities a “águas desconhecidas”.
De acordo com o Banco Mundial, o relatório oferece uma avaliação preliminar das implicações de curto prazo do conflito nos mercados de commodities. Na perspectiva da instituição, os efeitos devem ser limitados, desde que o conflito não se dissemine. No cenário-base apresentado, os preços do petróleo devem permanecer em média em torno de US$ 90 o barril neste trimestre atual, antes de recuarem para uma média de US$ 81 o barril no próximo ano, à medida que a economia desacelera. Antecipa-se uma queda de 4,1% nos preços gerais das commodities para o próximo ano.
O Banco Mundial destaca que os preços das commodities agrícolas também devem recuar no próximo ano devido ao aumento da oferta. Além disso, prevê que os preços dos metais básicos caiam 5% em 2024, com a estabilização dos preços das commodities em 2025.
A análise da instituição salienta que, até o momento, os efeitos do conflito nos mercados de commodities têm sido “limitados”. Os preços do petróleo, em geral, aumentaram cerca de 6% desde o início do conflito, enquanto os preços das commodities agrícolas e da maioria dos metais e outras commodities permaneceram estáveis.
Contudo, o relatório adverte que a perspectiva para os preços das commodities poderia rapidamente piorar em caso de escalada do conflito. O Banco Mundial delineia três cenários de risco potencial, baseados em contextos históricos desde os anos 1970, enfatizando que os efeitos dependeriam principalmente do impacto na oferta de petróleo.
Em um cenário de problemas mais limitados, com redução na oferta global de petróleo entre 500 mil a 2 milhões de barris por dia, o preço poderia subir entre 3% e 13%. Em um cenário “médio” de problemas, com um corte na oferta entre 3 e 5 milhões de barris por dia, os preços do petróleo poderiam aumentar entre 21% e 35%. E, em um cenário de grandes problemas, com uma redução de 6 a 8 milhões de barris na oferta global de petróleo, os preços poderiam disparar de 56% a 75%.
O Banco Mundial ressalta que, em caso de um choque severo, a insegurança alimentar seria intensificada não apenas na região afetada, mas em todo o mundo. Destaca-se a capacidade atual de absorver choques no preço do petróleo, mas alerta que uma escalada no conflito exigiria medidas para gerenciar potenciais aumentos na inflação. Como solução, a instituição sugere melhorias na rede de seguridade social, diversificação de fontes alimentares, aumento da eficiência na produção de alimentos e no comércio. A longo prazo, o Banco Mundial defende o reforço da segurança energética através da transição para fontes de energia renovável em todos os países.
Este relatório do Banco Mundial destaca não apenas a situação atual, mas as possíveis ramificações no mercado global, evidenciando a interconexão entre os eventos no Oriente Médio e a economia global, enquanto aponta estratégias para mitigar possíveis impactos adversos.