Bolsas globais avançam com ações de Trump sobre o Fed e expectativas diplomáticas
As bolsas globais iniciaram esta sexta-feira (8) em alta, refletindo um otimismo cauteloso dos investidores após uma série de movimentações políticas e econômicas que impactam diretamente os mercados internacionais. Wall Street, que havia encerrado o pregão anterior com perdas, ensaia recuperação, com o foco voltado para as decisões recentes do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e para possíveis mudanças no comando do Federal Reserve (Fed).
O cenário também é influenciado por tarifas comerciais impostas pelo governo norte-americano, por rumores de alterações na liderança do banco central dos EUA e por avanços diplomáticos que elevam a expectativa de resolução de conflitos geopolíticos.
Trump mexe no tabuleiro do Federal Reserve
Um dos principais fatores que movimentam as bolsas globais nesta manhã é a nomeação feita por Donald Trump de Stephen Miran para integrar o Conselho de Governadores do Fed. O indicado cumprirá o mandato atualmente ocupado por Adriana Kugler, que será encerrado em janeiro, mas ainda precisa ser aprovado pelo Senado norte-americano.
A decisão reforça a intenção de Trump de exercer maior influência sobre o banco central, o que gera atenção redobrada por parte do mercado. A Bloomberg divulgou que Christopher Waller, atual governador do Fed, surge como forte candidato para substituir Jerome Powell na presidência da autarquia, o que poderia alterar a condução da política monetária nos próximos anos.
Tarifas comerciais elevam tensões
Outro ponto que repercute nas bolsas globais é a entrada em vigor, à meia-noite de quinta-feira (7), de um novo pacote de tarifas comerciais “recíprocas” imposto por Trump. Entre as mais elevadas, estão uma taxa de 41% sobre produtos da Síria e de 40% para Laos e Mianmar.
Essas medidas reforçam o tom protecionista da política comercial norte-americana, algo que pode gerar impactos significativos no comércio internacional, especialmente em mercados emergentes. Ainda assim, investidores parecem apostar que as novas tarifas já estavam precificadas e que a atenção agora se volta para outras questões macroeconômicas e diplomáticas.
Desempenho de Wall Street
Nesta manhã, os futuros dos principais índices de Nova York operam em terreno positivo:
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Dow Jones Futuro: +0,16%
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S&P 500 Futuro: +0,22%
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Nasdaq Futuro: +0,26%
O movimento é uma tentativa de retomada após o desempenho misto da véspera, quando ações como Pinterest e Block tiveram resultados contrastantes — a primeira recuou após divulgar queda nos lucros, enquanto a segunda avançou após projeções otimistas.
Bolsas asiáticas: comportamento misto
As bolsas globais também sentiram reflexos de um pregão dividido na Ásia. Dois dos três principais índices de Wall Street caíram no fechamento anterior, influenciando parte dos mercados asiáticos.
Resultados de hoje:
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Shanghai SE (China): -0,12%
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Nikkei (Japão): +1,85%
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Hang Seng Index (Hong Kong): -0,89%
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Nifty 50 (Índia): -0,68%
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ASX 200 (Austrália): -0,28%
O avanço do índice japonês Nikkei foi um dos destaques, impulsionado por resultados corporativos positivos e pelo enfraquecimento do iene, que beneficia exportadores.
Bolsas europeias sob efeito de expectativa diplomática
Na Europa, as bolsas globais registram leves altas, impulsionadas por notícias envolvendo o presidente russo Vladimir Putin e Donald Trump. O Kremlin confirmou um encontro entre os dois nos próximos dias, o que aumenta as esperanças de um desfecho diplomático para a guerra na Ucrânia.
Principais índices:
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STOXX 600: +0,20%
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DAX (Alemanha): -0,26%
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FTSE 100 (Reino Unido): +0,05%
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CAC 40 (França): +0,23%
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FTSE MIB (Itália): +0,65%
O otimismo europeu é sustentado pela possibilidade de redução das tensões geopolíticas, fator que poderia melhorar as perspectivas econômicas para a região.
Ibovespa: balanços sustentam alta
No Brasil, o Ibovespa fechou a quinta-feira (7) em alta de 1,48%, aos 136.527,61 pontos. O dólar comercial caiu 0,74%, cotado a R$ 5,42.
Os balanços corporativos dominaram o noticiário, com destaque para Suzano (SUZB3) e Eletrobras (ELET3; ELET6). A Eletrobras registrou lucro líquido ajustado de R$ 1,47 bilhão no segundo trimestre de 2025, avanço de 43,3% frente ao mesmo período de 2024. O resultado foi atribuído ao aumento na comercialização de energia e ganhos de eficiência operacional.
Perspectivas para os próximos dias
O avanço das bolsas globais nesta sexta-feira está apoiado em uma combinação de fatores políticos, econômicos e diplomáticos. A possível mudança na presidência do Fed, as tarifas comerciais e a agenda de encontros entre líderes mundiais devem continuar influenciando o sentimento do mercado.
Além disso, a temporada de balanços corporativos, tanto no Brasil quanto no exterior, seguirá como catalisador de movimentos nos índices acionários.
Investidores devem manter atenção também a dados econômicos que serão divulgados nos próximos dias, especialmente aqueles relacionados à inflação e ao mercado de trabalho nos Estados Unidos, pois podem redefinir expectativas sobre a política monetária.
Bolsas globais entre otimismo e cautela
O desempenho positivo das bolsas globais nesta manhã sugere que o apetite ao risco voltou a ganhar força, mas ainda cercado de cautela. As decisões de Trump, as especulações sobre o futuro do Fed e a possibilidade de avanços diplomáticos são peças-chave no tabuleiro econômico atual.
Enquanto os mercados reagem a cada nova informação, a volatilidade pode permanecer elevada. Para os investidores, o momento exige atenção redobrada e estratégias bem calibradas para aproveitar oportunidades sem ignorar os riscos.






