O Brasil está cada vez mais próximo de recuperar seu grau de investimento, um status almejado que coloca o país na categoria de destino seguro para investimentos internacionais. A recente elevação da nota de crédito soberana do Brasil, realizada pela agência de classificação de risco Moody’s, reflete esse avanço. O anúncio foi feito na última terça-feira (01) e aumentou a nota de “Ba2” para “Ba1”, colocando o país a apenas um degrau de alcançar o tão desejado grau de investimento. A perspectiva, segundo a Moody’s, permanece positiva, o que sinaliza que o Brasil está no caminho certo para ser considerado um local com baixo risco de calote em títulos de dívida.
Moody’s e a Perspectiva de Crescimento do Brasil
Em entrevista à Folha de S. Paulo, Samar Maziad, vice-presidente para risco soberano da Moody’s, afirmou que o Brasil pode conquistar o grau de investimento ainda no governo atual, caso sejam implementadas medidas de ajuste fiscal focadas na contenção de gastos obrigatórios. Maziad destacou que o país tem conseguido avanços notáveis, mas que ainda são necessárias reformas estruturais adicionais para garantir a estabilidade das contas públicas no longo prazo.
A vice-presidente da Moody’s enfatizou que o novo arcabouço fiscal, recentemente aprovado, é um passo crucial para o controle da dívida pública e para a manutenção das metas de resultado primário. No entanto, alertou que, assim como o teto de gastos criado em 2016, o sucesso dessa estrutura depende da implementação de outras medidas de contenção de despesas, como a reforma da Previdência, que desempenhou um papel essencial no passado.
A Importância do Ajuste Fiscal e do Crescimento Econômico
Para que o Brasil atinja o grau de investimento, Maziad reforçou que o país precisa focar no ajuste fiscal, com medidas que limitem o aumento dos gastos obrigatórios, como salários de servidores públicos e benefícios previdenciários. Segundo a Moody’s, controlar essas despesas é vital para aumentar a confiança dos investidores e, consequentemente, reduzir os prêmios de risco embutidos nos títulos do Tesouro Nacional.
Ao diminuir esses prêmios de risco, o Brasil poderia reduzir o custo de sua dívida pública, prevenindo uma escalada do endividamento. Esse controle sobre a dívida é visto como uma das principais condições para que o Brasil conquiste o grau de investimento. Além disso, a Moody’s mencionou que a contenção de gastos poderia resultar em uma queda no déficit fiscal e na estabilização da dívida como proporção do PIB, contribuindo para uma trajetória de crescimento sustentável.
O crescimento econômico também desempenha um papel importante nessa equação. Nos últimos anos, o Brasil apresentou um crescimento mais robusto, o que foi um fator determinante para a elevação da nota de crédito. Segundo Samar Maziad, para manter essa tendência positiva, o país precisará continuar impulsionando a economia e criando um ambiente mais favorável para os negócios e investimentos.
Arcabouço Fiscal: Um Pilar para a Estabilidade Econômica
O arcabouço fiscal, aprovado recentemente pelo Congresso, foi apontado como uma das ferramentas essenciais para o cumprimento das metas fiscais e para a estabilização da dívida. Esse novo regime fiscal substituiu o antigo teto de gastos e, segundo a Moody’s, representa um avanço importante para garantir o controle das finanças públicas. No entanto, o sucesso do arcabouço depende diretamente da implementação de medidas adicionais que assegurem sua eficácia.
Maziad lembrou que o teto de gastos, criado em 2016, por si só, não foi suficiente para conter o crescimento das despesas públicas. A reforma da Previdência, aprovada posteriormente, foi crucial para complementar a medida e garantir que o limite de gastos fosse respeitado. O mesmo princípio se aplica ao novo arcabouço fiscal: ele precisa ser acompanhado por políticas que reduzam o crescimento dos gastos obrigatórios e aumentem a eficiência do gasto público.
Confiança dos Investidores e Credibilidade Fiscal
Uma das principais consequências do ajuste fiscal seria o aumento da confiança dos investidores. Com um controle mais rigoroso das finanças públicas, o Brasil poderia reduzir os riscos associados ao investimento em títulos da dívida pública, o que resultaria na diminuição dos prêmios de risco cobrados pelo mercado. Esses prêmios, que são uma espécie de “seguro” para os investidores, refletem o grau de incerteza em relação à capacidade do país de honrar suas dívidas.
Ao reduzir os prêmios de risco, o Brasil conseguiria diminuir o custo de sua dívida, tornando-a mais sustentável no longo prazo. Essa credibilidade fiscal é vista como fundamental pela Moody’s para que o país alcance o grau de investimento. Além disso, um ambiente de maior confiança por parte dos investidores poderia atrair mais capital estrangeiro, impulsionando ainda mais o crescimento econômico.
O Caminho para o Grau de Investimento
Embora o Brasil tenha dado passos importantes para se aproximar do grau de investimento, ainda há desafios significativos pela frente. A Moody’s alertou que o próximo aumento da nota de crédito dependerá da implementação de medidas estruturais que ajustem as contas públicas e promovam um crescimento econômico sustentável.
A agência de classificação de risco revisa a nota dos países em um horizonte de 12 a 18 meses, o que significa que o Brasil ainda tem tempo para adotar as políticas necessárias e alcançar o grau de investimento. No entanto, Maziad destacou que o governo precisará manter o foco em medidas de controle fiscal e no estímulo ao crescimento econômico para garantir que essa meta seja atingida.
Caso o Brasil consiga superar esses desafios e conquistar o grau de investimento, o país será considerado um destino seguro para investidores internacionais, o que pode trazer inúmeros benefícios, como a redução do custo de financiamento, a atração de mais investimentos e o aumento da competitividade da economia brasileira.