Cláudio Castro volta a culpar o governo federal após operação letal no Rio expor falhas de comando e ausência de estratégia
O governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro, volta ao centro das críticas após mais uma operação policial de alta letalidade nas comunidades do Complexo da Penha e do Complexo do Alemão, ocorrida nesta terça-feira (28). A ação, considerada uma das mais violentas da história do estado, deixou mais de 60 mortos e expôs, mais uma vez, a falta de planejamento e coordenação nas políticas de segurança pública do governo fluminense.
Em vez de apresentar uma resposta técnica e estratégica à crise, Cláudio Castro tentou atribuir a responsabilidade ao governo federal, alegando falta de equipamentos e blindados. No entanto, especialistas e autoridades apontam que o problema está longe de ser material: o que falta é inteligência policial, comando e planejamento integrado.
A tragédia reacendeu o debate sobre a letargia do governo estadual em cumprir as determinações do Supremo Tribunal Federal (STF), que exigiu a criação de um plano de redução da letalidade policial e a recuperação do controle territorial em áreas dominadas pelo crime organizado.
A operação que paralisou o Rio de Janeiro
Durante todo o dia, o Rio de Janeiro viveu um cenário de guerra. Linhas de transporte público foram suspensas, escolas fecharam e moradores ficaram sitiados em meio aos confrontos.
A ação das polícias, que deveria ter como objetivo o enfraquecimento do Comando Vermelho (CV), acabou se transformando em um episódio de caos urbano e mortes indiscriminadas, atingindo não apenas criminosos, mas também civis e agentes de segurança.
Enquanto a Polícia Federal (PF), o Coaf e a Receita Federal já haviam sido acionados para atuar em investigações conjuntas — conforme determinação do STF em abril deste ano —, o governo estadual não apresentou o plano estratégico solicitado. Em vez disso, optou por novas incursões sem planejamento tático, o que resultou em um aumento das mortes e da tensão nas comunidades.
STF cobra, mas Cláudio Castro ignora determinações
Em decisão unânime, o Supremo Tribunal Federal determinou, ainda no primeiro semestre de 2025, que o governo do Rio de Janeiro elaborasse um plano detalhado de retomada territorial e redução da letalidade policial. O documento deveria incluir:
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Adoção de câmeras corporais em todas as operações;
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Integração com a Polícia Federal e outros órgãos de investigação;
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Monitoramento de movimentações financeiras suspeitas via Coaf;
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Participação da Secretaria da Fazenda estadual para rastrear fluxos de dinheiro ligados ao tráfico.
Enquanto a PF abriu inquéritos e iniciou investigações, o governo de Cláudio Castro optou por ações pontuais e midiáticas, marcadas pela ausência de coordenação entre forças de segurança.
Para juristas e analistas de segurança pública, o governador ignora as diretrizes do STF e mantém uma política de segurança voltada ao confronto direto, sem inteligência e sem integração com órgãos federais. O resultado, dizem, é previsível: operações sangrentas, mortes em massa e nenhum avanço real na luta contra o crime organizado.
A estratégia da culpa: Cláudio Castro contra o governo Lula
Em coletiva de imprensa após a operação, Cláudio Castro voltou a culpar o governo Lula, alegando falta de apoio logístico e de recursos federais. O governador citou a ausência de blindados como justificativa para a tragédia, mas a narrativa não convenceu nem aliados.
Na prática, a crise expõe uma tentativa de politizar o fracasso da segurança pública no estado. Ao transformar uma questão de gestão em disputa entre governos, Castro tenta se desviar da responsabilidade direta pela falta de planejamento.
Enquanto isso, o governo federal reagiu com cautela, lembrando que o controle territorial e a execução de operações são atribuições do estado e que a cooperação federativa exige planos consistentes e ações conjuntas, algo que o Palácio Guanabara não apresentou até o momento.
O preço da falta de inteligência policial
Desde o início de seu mandato, Cláudio Castro tem insistido em operações de confronto armado como principal instrumento de combate ao crime. Essa estratégia, segundo especialistas, é ineficiente, cara e letal.
Em vez de fortalecer o trabalho de investigação financeira e tecnológica, que permitiria identificar as redes de comando do tráfico, o governo aposta em incursões de impacto midiático — com resultados trágicos.
Nos últimos dois anos, o número de mortos em ações policiais no Rio cresceu de forma alarmante, colocando o estado entre os mais violentos do país. A ausência de integração com órgãos de inteligência, como a PF e o Coaf, também compromete a eficácia das operações.
A consequência é uma política de segurança baseada na repressão imediata, que produz cenários de guerra urbana e acentua a desconfiança da população nas forças policiais.
A crise humanitária nas favelas do Rio
O impacto das operações em comunidades como o Complexo da Penha e o Complexo do Alemão é devastador. Além das mortes, moradores enfrentam falta de transporte, fechamento de escolas e insegurança alimentar devido à paralisação das atividades locais.
Em muitos casos, as ações policiais atingem populações negras e periféricas, perpetuando o ciclo de violência estrutural e o que especialistas chamam de genocídio da juventude negra.
Relatórios de organizações de direitos humanos apontam que, em 2025, o Rio já acumula mais de 1.500 mortes por intervenção policial, número que tende a crescer com a continuidade desse modelo.
O STF, em sua decisão, foi claro: o Estado deve proteger vidas e restabelecer a presença institucional nas comunidades, com políticas de educação, assistência e segurança cidadã. No entanto, a realidade mostra um governo que age de forma reativa, sempre em busca de culpados externos.
Cláudio Castro e o isolamento político
A nova tragédia também expôs o isolamento político de Cláudio Castro. Mesmo entre aliados, cresce o desconforto com a gestão da segurança pública e com o discurso de vitimização.
Parlamentares fluminenses afirmam que o governador perdeu a capacidade de liderar as forças de segurança com credibilidade, e que a insistência em confrontos sem planejamento apenas aumenta a pressão sobre o governo estadual.
Enquanto isso, o Palácio do Planalto mantém uma postura de cautela, evitando o embate direto, mas deixando claro que a cooperação depende de comprometimento real do estado em apresentar resultados e respeitar as diretrizes do Supremo Tribunal Federal.
Falta comando, sobra sangue
O padrão se repete: operações sem planejamento, mortes em massa, populações aterrorizadas e nenhum avanço estrutural na segurança pública. A cada nova tragédia, Cláudio Castro tenta transferir a culpa, ora para o governo federal, ora para a falta de recursos.
Mas o problema é interno: falta comando, sobra sangue. O Rio de Janeiro precisa de uma política de segurança baseada em inteligência, cooperação institucional e presença do Estado, não de incursões improvisadas que ampliam o luto e a desesperança.
Enquanto o governador mantiver o foco em discursos políticos, e não em estratégias técnicas, o ciclo de violência e omissão continuará alimentando a crise fluminense.
Um estado refém de sua própria política de segurança
O episódio desta terça-feira mostra um Rio de Janeiro refém de uma política ultrapassada, que privilegia o confronto em detrimento da prevenção e da investigação.
Para especialistas, o caminho para a retomada da segurança passa por medidas estruturantes:
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Integração entre forças federais e estaduais;
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Investimentos em tecnologia e inteligência policial;
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Capacitação de agentes e instalação de câmeras corporais;
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Políticas sociais nas favelas, com presença efetiva do Estado em saúde, educação e infraestrutura.
Enquanto isso não ocorrer, o Rio continuará sendo o palco de tragédias anunciadas, onde o governo reage sempre da mesma forma — culpando terceiros e ignorando o próprio fracasso administrativo.
Cláudio Castro e a política da transferência de culpa
A mais recente operação policial no Rio de Janeiro simboliza o colapso de uma política de segurança pública sem planejamento. O governador Cláudio Castro tenta transformar a crise em disputa política, mas a população fluminense já sente os efeitos de uma gestão que prefere culpar Brasília a assumir suas responsabilidades.
Enquanto o governo estadual insiste em ações improvisadas e discursos de autopreservação, o Rio de Janeiro segue mergulhado em sangue e medo — um retrato cruel de um estado que precisa, com urgência, de liderança real, estratégia e coragem política para mudar.






