O Brasil, líder em queimadas na América do Sul, enfrentou um ano desafiador, registrando um total de 176.317 focos desde o início de 2023. Contudo, há uma luz no horizonte com a notícia de que o número de queimadas começa a diminuir com a chegada das precipitações, e a perspectiva melhora ainda mais com as mudanças previstas no padrão de chuvas a partir de dezembro.
Os dados do satélite de referência AQUA do INPE revelam que o Brasil lidera o ranking de queimadas na América do Sul, seguido pela Bolívia com 40.625 focos e a Argentina com 25.722. Apesar de uma redução de 8% em comparação ao ano anterior, as queimadas ainda deixaram prejuízos significativos, especialmente no Pantanal, que registrou um aumento alarmante de 343%.
A região amazônica, apesar de continuar sendo afetada, apresenta uma redução de 17% em comparação ao ano anterior, evidenciando algum progresso. O estado do Amazonas é um dos mais impactados, ocupando o terceiro lugar no ranking dos estados brasileiros com 19.428 focos, enquanto Pará e Mato Grosso lideram com 38.486 e 20.390, respectivamente.
Impactos do El Niño e Mudanças na Região Norte
A região Norte, fortemente afetada pelo El Niño, enfrentou seca extrema e calor intenso, resultando no maior número de queimadas em 2023, totalizando 87.795 focos. Isso representa um aumento de 58% em relação ao Nordeste, que ocupa a segunda posição com cerca de 50 mil focos registrados.
Apesar dos desafios enfrentados pela região, as chuvas começaram a retornar ao Amazonas, contribuindo para a diminuição do número de queimadas. Em novembro, apenas 768 focos foram registrados, uma queda expressiva comparada aos meses anteriores.
Mudança no Padrão de Chuvas e Perspectivas para Dezembro
A primavera trouxe chuvas irregulares em grande parte do Brasil, mas as mudanças esperadas no padrão de chuvas a partir de dezembro trazem esperanças de redução nas queimadas. As projeções indicam chuvas mais frequentes e volumosas, aumentando a umidade no solo e na vegetação.
Apesar da persistência do El Niño, simulações climáticas sugerem uma mudança no padrão de chuvas nas próximas semanas e meses. Para o trimestre dezembro-janeiro-fevereiro, há tendência de chuvas acima da média em partes do Sul e Norte do Brasil.
A expectativa é que as chuvas mais abrangentes e volumosas em dezembro gerem alívio e contribuam para a diminuição do número de queimadas em diferentes regiões do país. A região Sul, em particular, pode receber chuvas acima da média, proporcionando um cenário mais favorável.
Perspectivas para 2024 e Enfraquecimento do El Niño
Embora o fenômeno El Niño deva persistir nos próximos meses, há uma expectativa de seu enfraquecimento gradual no primeiro semestre de 2024. Isso poderia contribuir para a diminuição da intensidade das ondas de calor e irregularidades nas chuvas, mas é cedo para confirmar a transição para um La Niña.
Em resumo, a redução gradual nas queimadas é um sinal encorajador, e as mudanças no padrão de chuvas previstas para dezembro oferecem esperança de um cenário mais positivo. No entanto, a monitorização contínua é crucial, pois a persistência do El Niño e as mudanças climáticas continuam a influenciar o comportamento das queimadas no Brasil.