Corte da Selic em 2025: Banco Inter prevê redução da taxa com desaceleração da inflação
O corte da Selic está no centro das atenções do mercado financeiro, com analistas e economistas apontando para uma possível mudança de rumo na política monetária brasileira ainda em 2025. De acordo com relatório divulgado pelo Banco Inter, a taxa básica de juros poderá sofrer a primeira redução já em dezembro deste ano, em resposta à desaceleração da inflação e a sinais de arrefecimento da atividade econômica.
A previsão marca uma inflexão relevante no ciclo de aperto monetário que o Banco Central vem conduzindo desde 2021. A projeção da instituição financeira aponta que o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) deve encerrar 2025 em 4,9%, uma queda significativa em relação à estimativa anterior de 5,3%. Com isso, cria-se espaço para o corte da Selic, que atualmente se mantém em patamar elevado.
Inflação desacelera e abre espaço para corte da Selic
A revisão do IPCA para baixo reflete o impacto da política monetária restritiva adotada pelo Banco Central. Com juros altos, houve uma desaceleração da concessão de crédito, queda no consumo e recuo no investimento privado. Esse cenário contribuiu para reduzir as pressões inflacionárias internas.
Além disso, fatores externos como a estabilidade cambial e o menor custo de importações também ajudaram a conter os preços. Com a inflação em desaceleração e a atividade econômica perdendo fôlego, cresce a expectativa de que o Banco Central inicie um corte da Selic como estímulo à retomada do crescimento.
Projeções da Selic para 2025 e 2026
O Banco Inter projeta que a Selic pode encerrar 2025 em 14,50% ao ano, caindo para 12% em 2026. A mudança gradual da taxa reflete uma política mais flexível, mas ainda comprometida com o controle da inflação.
A previsão de corte da Selic ainda em 2025 é fundamentada em sinais recentes da economia: desaceleração na indústria, estabilidade do câmbio e ausência de choques relevantes nos preços dos alimentos e da energia.
Contudo, o cenário para 2026 exige atenção. Mesmo com a queda da Selic prevista, a inflação ainda deve permanecer acima da meta oficial do Banco Central, em função de riscos fiscais e do ambiente político incerto, especialmente por se tratar de ano eleitoral.
Riscos fiscais podem limitar cortes futuros
Embora a trajetória de queda da inflação seja um sinal positivo, o Banco Inter alerta para a influência do risco fiscal sobre a política monetária. Propostas como a isenção de Imposto de Renda para salários até R$ 5 mil e o aumento de estímulos em ano eleitoral podem elevar os gastos públicos e pressionar novamente a inflação.
Esses fatores tornam o ambiente mais desafiador para o Banco Central, que terá que equilibrar a política de juros com a necessidade de manter a inflação sob controle. Caso o governo não sinalize compromisso com a disciplina fiscal, o corte da Selic pode ser mais lento ou até mesmo adiado.
Por que o primeiro corte da Selic pode ocorrer em dezembro?
Apesar de o Comitê de Política Monetária (Copom) indicar que a Selic permanecerá elevada por um tempo prolongado, analistas do Inter acreditam que a economia já começa a dar sinais suficientes para justificar um corte inicial no fim do ano.
A estabilidade do câmbio, a queda na atividade econômica e o recuo dos preços em diversos setores apontam para um cenário de desinflação. Esses elementos dão espaço ao Banco Central para iniciar a redução dos juros sem comprometer o controle da inflação — movimento que, se confirmado, pode melhorar as condições de crédito e estimular investimentos.
Impactos do corte da Selic na economia
O corte da Selic afeta diretamente o dia a dia de consumidores, empresas e investidores:
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Consumidores: Com juros mais baixos, o crédito tende a ficar mais barato, facilitando o acesso a financiamentos, empréstimos e compras parceladas. A redução de custos pode estimular o consumo e aquecer o varejo.
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Empresas: Juros menores favorecem a tomada de crédito para investimentos produtivos, impulsionando a atividade empresarial e a geração de empregos.
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Investidores: A redução da Selic diminui o retorno de aplicações em renda fixa, levando parte do capital para ativos de maior risco, como ações, imóveis e fundos multimercado.
O papel da disciplina fiscal no ciclo de cortes
Segundo a economista-chefe do Banco Inter, a queda sustentável da Selic depende fortemente da condução da política fiscal. Para que o Banco Central mantenha uma trajetória consistente de redução dos juros, será necessário observar:
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Compromisso do governo com metas fiscais
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Estabilidade no crescimento das despesas públicas
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Sinais claros de previsibilidade política
Um ajuste fiscal robusto e transparente, previsto para ser implementado a partir de 2027, pode ser determinante para consolidar a confiança dos agentes econômicos e ancorar as expectativas inflacionárias de longo prazo, permitindo mais cortes da Selic nos anos seguintes.
Política monetária ainda é restritiva em 2025
Apesar da expectativa de queda da Selic, o Brasil ainda opera em um ambiente de política monetária bastante restritiva. Com a taxa real de juros elevada, o crescimento do PIB em 2025 deverá ser modesto, enquanto a inflação caminha para a meta estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN).
A pressão sobre o crédito e a redução do consumo são efeitos esperados desse cenário. Porém, conforme a inflação se estabiliza e o risco fiscal for contido, o corte da Selic se tornará mais agressivo, estimulando a retomada econômica de forma gradual.
O que esperar da economia em 2025 e 2026?
O cenário projetado pelo Banco Inter para os próximos dois anos é de transição. Em 2025, o país ainda enfrentará um ambiente de juros altos, mas já com sinais claros de desaceleração inflacionária. Isso abre a porta para a reversão do ciclo de aperto monetário, com o corte da Selic previsto para começar no último trimestre.
Em 2026, o foco estará no equilíbrio fiscal. O sucesso ou fracasso nessa frente determinará a continuidade dos cortes na taxa de juros e a sustentabilidade do crescimento econômico. Um ambiente político estável e compromissado com as contas públicas será essencial para ancorar as expectativas e atrair investimentos.
Corte da Selic pode ser o início da retomada econômica
A projeção de corte da Selic feita pelo Banco Inter reflete uma leitura cuidadosa dos sinais emitidos pela economia brasileira. A queda da inflação, a desaceleração da atividade e a estabilidade do câmbio criam as condições ideais para que o Banco Central inicie uma redução moderada dos juros.
Contudo, o sucesso dessa estratégia depende de fatores que vão além da esfera monetária. A condução da política fiscal e o comportamento do governo em ano eleitoral serão determinantes para garantir que o ciclo de cortes se mantenha e contribua para uma retomada econômica sustentável.
O consumidor pode esperar melhores condições de crédito, enquanto investidores devem se preparar para mudanças no comportamento dos ativos financeiros. Já o Banco Central terá o desafio de calibrar sua atuação entre o combate à inflação e a necessidade de reaquecer a economia.






