O levantamento do Custo de Vida por Classe Social (CVCS) realizado pela Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP) revelou que o custo para viver na Região Metropolitana de São Paulo (RMSP) desacelerou ao longo de 2023. A variação nos preços foi de 3,33% no acumulado entre janeiro e novembro do ano passado, comparado aos 5,77% do mesmo período de 2022.
As camadas mais baixas da população foram as que mais perceberam a inflação modesta em 2023. Para a Classe E, os produtos e serviços subiram 1,9%, enquanto a Classe D registrou uma taxa de 2,56%, e a Classe C, de 3,29%. Por outro lado, nas classes mais altas, a aceleração foi mais notável, com a Classe B vendo os preços do seu consumo médio crescerem 3,69%, e para a Classe A, a alta foi de 4,26%.
A explicação para essa dinâmica está principalmente nos alimentos. Anteriormente vilões do custo de vida, eles estão mais estáveis agora devido aos bons resultados do setor agropecuário brasileiro, à redução das commodities no mercado internacional e à regularidade do clima no país. A desaceleração dos preços dos alimentos impactou positivamente o custo de vida das famílias de renda mais baixa.
Segundo a federação, os preços dos alimentos praticamente se mantiveram inalterados nos 11 meses de 2023 (0,1%) para a Classe E, enquanto subiram 3,32% para a Classe A. Na média geral, o grupo teve um aumento tímido de 1,68%.
Entretanto, a pesquisa aponta uma tendência preocupante de aumento nos preços dos alimentos nos últimos meses de 2023, considerando que, na perspectiva da FecomercioSP, mesmo com uma melhora geral da economia e uma inflação menos acelerada, os preços continuam elevados.
Outra categoria de preços significativa para as famílias de baixa renda, os transportes, aumentou consideravelmente ao longo de 2023, registrando 5,43%. Esse resultado é explicado pelos reajustes frequentes na gasolina, que ficou 13% mais cara, e nas passagens aéreas.
O custo da habitação, por sua vez, contribuiu para conter a elevação geral do custo de vida, apresentando um aumento de 2,38% no acumulado até novembro. O barateamento de materiais de construção civil, como cimento e tijolo, e a permanência da conta de energia elétrica em uma bandeira intermediária (verde) foram fatores positivos. No entanto, serviços habitacionais, como aluguel, conta de água e gás encanado, tiveram aumentos significativos.
Os serviços educacionais apresentaram o aumento mais expressivo na pesquisa, atingindo 7,3%, assim como o grupo de produtos relacionados à saúde, que ficou 5,77% mais caro devido a variações em medicamentos, produtos de higiene pessoal, serviços de planos de saúde e consultas médicas.
Para 2024, a FecomercioSP espera que os preços continuem estáveis, em grande parte devido às expectativas de enfraquecimento da economia, que deve manter os preços das commodities sob controle e, consequentemente, impactar na inflação.