Banco Central alerta: R$ 9,73 bilhões em dinheiro esquecido aguardam resgate
O Banco Central (BC) informou que ainda há R$ 9,73 bilhões em dinheiro esquecido nas instituições financeiras do país, referentes a valores não resgatados por pessoas físicas e empresas até setembro de 2025. O montante, que segue disponível no Sistema de Valores a Receber (SVR), representa uma oportunidade para 48,6 milhões de brasileiros e 4,73 milhões de empresas recuperarem recursos esquecidos em contas bancárias, consórcios, cooperativas de crédito e outras instituições.
O levantamento indica que R$ 7,6 bilhões pertencem a pessoas físicas e R$ 2,12 bilhões são de pessoas jurídicas. O Banco Central já devolveu R$ 12,21 bilhões desde a criação do programa, o que reforça o interesse dos cidadãos em recuperar valores retidos ao longo dos anos.
Dinheiro esquecido: o que é e por que ele existe
O termo dinheiro esquecido se refere a recursos parados em contas bancárias inativas, consórcios encerrados, tarifas cobradas indevidamente e saldos de instituições financeiras que não foram resgatados pelos clientes.
Muitos brasileiros sequer sabem que têm direito a valores antigos, deixados por esquecimento após encerramento de contas, devoluções automáticas de tarifas, seguros ou outros serviços bancários.
O Sistema de Valores a Receber (SVR), criado pelo Banco Central, surgiu justamente para centralizar essas informações e facilitar o processo de consulta e devolução. A ferramenta permite que qualquer cidadão ou empresa verifique se possui valores pendentes e solicite o resgate de forma simples, rápida e segura.
Quem tem direito ao dinheiro esquecido
O dinheiro esquecido pode pertencer a pessoas físicas, inclusive falecidas, e pessoas jurídicas. No caso de falecidos, a consulta pode ser feita por herdeiros, inventariantes ou representantes legais, mediante comprovação e assinatura de um termo de responsabilidade no sistema.
Apenas os titulares ou seus representantes podem solicitar o resgate. É importante destacar que não há prazo limite para recuperar os valores — o Ministério da Fazenda esclareceu que o sistema ficará permanentemente disponível, sem risco de perda dos recursos por decurso de tempo.
Como consultar o dinheiro esquecido no Banco Central
O Banco Central alerta que o único canal oficial para consulta e resgate do dinheiro esquecido é o site oficial do Sistema de Valores a Receber (SVR), hospedado nos domínios do próprio BC.
Para consultar, o passo a passo é o seguinte:
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Acesse o sistema do Banco Central;
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Faça login com uma conta gov.br de nível prata ou ouro;
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Informe CPF (para pessoa física) ou CNPJ (para pessoa jurídica);
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Caso haja valores a receber, o sistema mostrará o montante disponível e a instituição responsável;
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Selecione a opção de solicitar devolução via PIX.
O resgate do dinheiro esquecido é feito exclusivamente por meio de transferência via PIX, para a chave cadastrada no sistema. Se o usuário ainda não tiver uma chave PIX vinculada ao CPF, é necessário criá-la antes de solicitar a devolução.
Em casos em que a instituição financeira não aderiu ao sistema de devolução automática via PIX, o cidadão deverá entrar em contato diretamente com o banco ou cooperativa para combinar a forma de recebimento.
Dinheiro esquecido de pessoas falecidas: como resgatar
Os herdeiros legais podem consultar e solicitar o dinheiro esquecido de pessoas falecidas, desde que comprovem vínculo com o titular. É necessário possuir conta gov.br e preencher um termo de responsabilidade digital.
O procedimento exige:
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Documento de identidade;
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CPF do falecido;
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Documento que comprove a relação (certidão de óbito e inventário, se houver);
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Informações bancárias para depósito via PIX.
A devolução é feita pela instituição financeira responsável pelo recurso, e o Banco Central atua apenas como intermediador, fornecendo os dados e a infraestrutura digital do processo.
Solicitação automática de resgate
Desde maio de 2025, o Banco Central implementou a função de solicitação automática para facilitar a devolução dos valores esquecidos. Com essa ferramenta, o cidadão pode autorizar o sistema a realizar o pedido de forma automática sempre que houver novos valores disponíveis em seu nome.
Essa opção é exclusiva para pessoas físicas e só funciona para quem possui chave PIX do tipo CPF cadastrada.
Com a solicitação automática ativada, o usuário não precisa acessar o sistema periodicamente — os valores serão transferidos diretamente pela instituição responsável assim que liberados. O BC não envia alertas nem mensagens: o crédito é feito automaticamente na conta associada à chave PIX.
Segurança reforçada contra fraudes
Com o aumento das consultas e tentativas de golpes, o Banco Central reforçou a segurança do Sistema de Valores a Receber. Desde fevereiro, o acesso ao sistema requer dupla verificação de segurança, além do login pela conta gov.br.
As medidas incluem:
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Autenticação em duas etapas;
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Reconhecimento facial obrigatório no aplicativo gov.br;
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Geração de código de acesso temporário;
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Bloqueio de tentativas suspeitas de login.
Essas medidas têm como objetivo evitar fraudes, phishing e sites falsos, garantindo que apenas o verdadeiro titular tenha acesso aos seus valores esquecidos.
O BC alerta que não envia links por e-mail, SMS ou WhatsApp. Toda consulta deve ser feita diretamente no site oficial, para evitar roubo de dados pessoais ou bancários.
Como funciona o sistema do Banco Central
O Sistema de Valores a Receber (SVR) foi criado em 2022 e reestruturado em 2023 para oferecer mais transparência e praticidade. Ele centraliza informações de todas as instituições financeiras participantes e indica, em tempo real, se há dinheiro esquecido disponível.
Entre as origens mais comuns dos valores estão:
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Contas correntes e poupanças encerradas com saldo positivo;
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Tarifas bancárias cobradas indevidamente;
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Cotas de consórcios extintos;
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Recursos de cooperativas de crédito;
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Restituições não sacadas;
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Encerramentos de contas de pagamento.
A adesão das instituições ao sistema é obrigatória, e os dados são atualizados periodicamente pelo Banco Central com base nas informações fornecidas pelas próprias empresas financeiras.
Resultados do programa e balanço atualizado
Desde o lançamento do Sistema de Valores a Receber, em 2022, mais de R$ 12,21 bilhões já foram devolvidos a cidadãos e empresas. Apesar do sucesso do programa, ainda restam R$ 9,73 bilhões não resgatados — o que mostra o potencial de alcance da iniciativa.
O Banco Central destaca que a maioria das devoluções ocorre em valores baixos, mas há casos de grandes montantes, especialmente de empresas e contas antigas de consórcios. O sistema também tem contribuído para aumentar a educação financeira da população, incentivando a revisão de cadastros bancários e o uso consciente de produtos financeiros.
Por que muitas pessoas ainda não resgataram o dinheiro esquecido
Mesmo com ampla divulgação, milhões de brasileiros ainda não buscaram seus recursos. Entre os principais motivos estão:
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Desconhecimento sobre o sistema do Banco Central;
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Medo de golpes e sites falsos;
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Dificuldade de acesso à conta gov.br;
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Falta de familiaridade com o PIX;
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Baixo valor dos recursos, que leva muitos a não se interessarem.
O BC mantém campanhas educativas para ampliar o acesso e reforçar a confiança no processo. Segundo o órgão, todos os valores são segurados, legítimos e garantidos pelas instituições financeiras.
Educação financeira e impacto econômico
O dinheiro esquecido tem relevância não apenas individual, mas também macroeconômica. A devolução desses valores movimenta o consumo e injeta liquidez na economia, beneficiando pequenos negócios e famílias de baixa renda.
Além disso, o Sistema de Valores a Receber estimula a consciência financeira, ao mostrar aos cidadãos a importância de acompanhar suas contas, evitar esquecimentos e manter atualizados os dados bancários.
Economistas avaliam que o programa cumpre papel social importante, pois resgata valores que poderiam permanecer ociosos, transformando-os em recursos ativos que retornam à economia real.
Como evitar deixar dinheiro esquecido novamente
O Banco Central recomenda boas práticas para evitar novos esquecimentos:
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Encerrar contas corretamente, garantindo o saque de saldos remanescentes;
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Manter registros bancários organizados, com anotações de contas e consórcios ativos;
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Cadastrar chave PIX com CPF, facilitando transferências automáticas;
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Acessar o sistema SVR periodicamente;
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Ativar a solicitação automática para simplificar futuros resgates.
Seguindo essas orientações, o consumidor reduz o risco de deixar recursos esquecidos e garante maior controle financeiro.
Bilhões ainda aguardam resgate
Com R$ 9,73 bilhões em dinheiro esquecido disponíveis, o Banco Central reforça o alerta: milhões de brasileiros e empresas ainda podem ter valores a receber. O acesso é gratuito, seguro e totalmente digital, bastando utilizar o sistema oficial com conta gov.br e chave PIX.
A orientação é clara: evite sites falsos, verifique seus dados e resgate o que é seu por direito. Cada centavo pode fazer diferença no orçamento — e o sistema foi criado justamente para garantir que o cidadão não perca seus recursos.






