Eduardo Bolsonaro intensifica críticas e gera embate com Romeu Zema e STF
Conflito político reacende polarizações dentro da direita brasileira
O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) voltou a ocupar o centro das atenções do cenário político nacional ao responder com ironia e contundência às críticas do governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo). A tensão surgiu após Zema declarar que Eduardo teria “criado um problema para a direita” ao atuar nos bastidores da política internacional, em especial, no contexto da relação do Brasil com os Estados Unidos.
Em uma publicação nas redes sociais, o filho do ex-presidente Jair Bolsonaro rebateu de forma sarcástica as declarações de Zema, associando-as a uma suposta tentativa de dissociação da “turminha da elite financeira”. A resposta de Eduardo Bolsonaro foi carregada de críticas ao Supremo Tribunal Federal (STF) e ao que o parlamentar chama de violação das liberdades individuais, reacendendo a discussão sobre os limites entre ativismo político, responsabilidade institucional e polarização ideológica.
Eduardo Bolsonaro critica Romeu Zema e alfineta STF
O centro da polêmica começou quando o governador mineiro afirmou, durante entrevista, que Eduardo Bolsonaro teria contribuído para o chamado “tarifaço” de Donald Trump contra o Brasil. O presidente americano anunciou, no início de julho, a imposição de uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros, medida que, segundo Zema, foi resultado da atuação do parlamentar nos bastidores da política americana. Eduardo, por sua vez, alegou que suas ações visavam apenas pressionar por sanções individuais contra o ministro Alexandre de Moraes, negando qualquer responsabilidade sobre a sanção tarifária.
Em tom de escárnio, o deputado publicou trechos sarcásticos, dizendo que “deve ter sido ele” o responsável por prisões arbitrárias e ataques ao legislativo, numa referência indireta às decisões judiciais do STF. Eduardo Bolsonaro acusou os magistrados de desrespeitarem as “mais básicas liberdades individuais”, inflamando ainda mais o discurso contra o Judiciário.
Conflito expõe divisão interna na direita
A recente troca de farpas entre Eduardo Bolsonaro e Romeu Zema expõe as fraturas dentro da própria direita brasileira. Enquanto Zema adota uma linha mais moderada, tentando atrair setores do mercado e do centro político, Eduardo mantém a postura combativa, fortemente alinhada ao bolsonarismo raiz. Esse confronto interno ocorre em um momento crítico, em que a oposição tenta se reorganizar de olho nas eleições de 2026.
Zema, que é visto como possível presidenciável, tenta se afastar de conflitos ideológicos extremos e busca se consolidar como uma alternativa viável à polarização. Já Eduardo, influente entre os eleitores mais fiéis do ex-presidente Jair Bolsonaro, mantém uma linha de confronto direto com as instituições que, em sua visão, violam liberdades e promovem abusos.
Tarifa dos EUA agrava tensão política
O pano de fundo dessa crise é a recente decisão do governo Trump de impor uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros, supostamente como resposta ao tratamento dado a Jair Bolsonaro no Brasil. Romeu Zema indicou que a atuação de Eduardo Bolsonaro junto ao governo norte-americano teria alimentado a sanção, prejudicando setores da economia nacional.
No entanto, o parlamentar argumenta que seu objetivo era promover sanções pontuais contra figuras específicas do Judiciário brasileiro, especialmente o ministro Alexandre de Moraes, e que a decisão de Trump teria sido tomada de forma independente. A divergência sobre os efeitos dessas ações revela a delicada relação entre política externa e interesses internos.
Ataques indiretos a Alexandre de Moraes
Ainda que sem citar nomes diretamente, Eduardo Bolsonaro também utilizou sua publicação para criticar duramente decisões do ministro Alexandre de Moraes. Ele se referiu ao STF como uma “tirania de lunáticos” e acusou o Judiciário de anular o Poder Legislativo. Essa retórica fortalece sua imagem como opositor radical do atual sistema institucional, aproximando-se do discurso de ruptura institucional já ensaiado em outros momentos por apoiadores do ex-presidente Bolsonaro.
Repercussão entre aliados e opositores
A reação nas redes sociais e nos bastidores da política foi imediata. Aliados de Eduardo Bolsonaro aplaudiram sua postura firme, enquanto opositores classificaram as declarações como irresponsáveis e incendiárias. A ala bolsonarista mais radical comemorou a fala do deputado como um “grito de resistência” contra o STF e a suposta perseguição judicial a figuras da direita.
Por outro lado, figuras mais moderadas da oposição manifestaram preocupação com o impacto da retórica agressiva de Eduardo sobre o ambiente político e institucional, alertando para os riscos de ruptura e desestabilização democrática.
Bolsonaro e o embate com o sistema
A postura de Eduardo Bolsonaro não é isolada. Ela segue a estratégia política consolidada do bolsonarismo, que se apoia na ideia de enfrentamento ao “sistema” e na construção de uma narrativa de vítima de perseguição. Essa abordagem visa mobilizar a base ideológica mais radical, mantendo o clã Bolsonaro em evidência mesmo fora do governo.
É importante destacar que esse modelo de comunicação e mobilização é eficaz nas redes sociais, onde a polarização rende engajamento. No entanto, ele também pode gerar desgaste entre setores da sociedade que buscam uma política mais pragmática e menos ideologizada.
Perspectivas para 2026: Eduardo em evidência
O embate com Romeu Zema e a defesa intransigente do bolsonarismo puro-sangue projetam Eduardo Bolsonaro como uma figura central no processo de articulação da direita para as eleições de 2026. Seja como porta-voz das pautas mais radicais ou como candidato a cargos majoritários, seu nome deve permanecer em destaque nos próximos meses.
Resta saber se esse perfil combativo será uma vantagem ou um obstáculo diante de um eleitorado que pode buscar alternativas menos polarizadas e mais voltadas para estabilidade institucional e crescimento econômico.
A recente troca de ataques entre Eduardo Bolsonaro e Romeu Zema revela muito mais do que um desentendimento pontual. Ela escancara a divisão dentro da própria direita brasileira e sinaliza uma disputa por protagonismo rumo às eleições presidenciais. Além disso, reabre o debate sobre os limites do embate entre Poderes e a necessidade de preservar o equilíbrio institucional.
A manutenção do tom agressivo de Eduardo Bolsonaro pode fortalecer sua base fiel, mas também isolar aliados potenciais e dificultar a formação de uma frente ampla de oposição. O futuro da direita brasileira parece estar dividido entre a radicalização e a moderação, e essa escolha será determinante para o cenário político nos próximos anos.






