Empresas globais revisam para baixo custos com tarifas dos EUA após novos acordos comerciais
As tarifas dos EUA vêm sendo um ponto crítico para empresas globais desde que o governo norte-americano elevou impostos sobre importações a níveis recordes, algo que não era visto desde a década de 1930. Contudo, recentes acordos comerciais firmados com a União Europeia, Japão e outros parceiros internacionais começaram a aliviar a pressão sobre corporações multinacionais, levando muitas a revisar para baixo suas projeções de custos.
Antes da temporada de anúncios de resultados do terceiro trimestre de 2025, as empresas estimavam um impacto combinado superior a US$35 bilhões decorrente das tarifas dos EUA, com previsão de US$21 a 22,9 bilhões apenas para 2025 e quase US$15 bilhões para 2026. Esses números refletem o efeito direto das tarifas sobre cadeias de suprimento globais, aumento de preços e ajustes estratégicos em investimentos e produção.
Como os acordos comerciais reduziram os custos das tarifas
O cenário de incerteza começou a mudar após a assinatura de acordos bilaterais entre os Estados Unidos e grandes blocos econômicos. O aumento inicial nas estimativas, que chegou a US$35 bilhões, foi em grande parte impulsionado por empresas como a Toyota, que previu um impacto de US$9,5 bilhões. No entanto, outras corporações internacionais ajustaram suas expectativas, considerando reduções de tarifas sobre produtos-chave e exceções para determinados setores.
Fabricantes franceses de bebidas destiladas, como Remy Cointreau e Pernod Ricard, reduziram suas projeções de impacto financeiro após o acordo comercial com a União Europeia. A Sony também revisou suas previsões em agosto, beneficiando-se de ajustes tarifários e flexibilizações impostas pelos Estados Unidos. Mesmo o setor brasileiro sentiu impactos mitigados, com apenas um terço das exportações enfrentando tarifas de 50%, por exemplo.
Essa tendência evidencia que as tarifas dos EUA, embora ainda representem uma variável complexa, estão se tornando mais previsíveis para empresas globais. Essa clareza permite melhor planejamento financeiro e operacional, reduzindo o risco de perdas inesperadas.
Impacto nas cadeias de suprimento e estratégias corporativas
A guerra comercial iniciada por Trump provocou interrupções significativas nas cadeias de suprimento globais, obrigando empresas a revisarem estoques, preços e rotas logísticas. A volatilidade, que antes dificultava qualquer projeção de custos, agora começa a ceder, graças a exceções tarifárias e acordos bilaterais que estabilizam parcialmente o comércio internacional.
A Stellantis, por exemplo, anunciou em outubro um investimento de US$13 bilhões nos próximos quatro anos para produção nos Estados Unidos. Inicialmente, a montadora alertou para um prejuízo de 1,5 bilhão de euros decorrente das tarifas dos EUA, mas a perspectiva de redução nos impostos ajustou suas projeções e estratégias de expansão.
O secretário-geral adjunto da Câmara de Comércio Internacional, Andrew Wilson, reforça que, embora os acordos comerciais ajudem, a complexidade permanece. Empresas ainda precisam gerenciar riscos, flutuações tarifárias e incertezas geopolíticas que podem impactar diretamente a competitividade internacional.
Perspectivas para 2025 e 2026 com as tarifas dos EUA
Apesar da redução das previsões de custos, algumas ameaças ainda pairam sobre as empresas globais. Recentemente, a administração norte-americana considerou tarifas adicionais de até 100% sobre produtos importados da China, embora tenha recuado diante da insustentabilidade da medida. Esses movimentos reforçam que a gestão das tarifas dos EUA continuará sendo essencial para planejamento estratégico.
Empresas precisam ajustar preços, redirecionar investimentos e garantir que cadeias de suprimento estejam protegidas contra novas alterações tarifárias. A tendência de previsibilidade, no entanto, é positiva e deve permitir uma gestão mais eficiente, evitando grandes prejuízos inesperados.
Setores mais impactados pelas tarifas dos EUA
Alguns setores são mais vulneráveis às tarifas dos EUA, principalmente indústrias automobilística, tecnologia, eletrônicos, bens de consumo e bebidas destiladas. A Toyota, Sony, Remy Cointreau e Pernod Ricard são exemplos de empresas que sentiram impacto direto, revisando suas estratégias para reduzir custos e manter competitividade internacional.
A redução nas tarifas possibilitou que empresas voltassem a projetar investimentos e expansões em território norte-americano, contribuindo para a recuperação de lucros e aumento da confiança de investidores globais. O efeito positivo é percebido na estratégia de precificação, que agora incorpora as tarifas como uma variável administrável, e não como um fator imprevisível.
Como a guerra comercial moldou o mercado global
O aumento das tarifas dos EUA durante a administração Trump alterou profundamente o cenário global de comércio, exigindo ajustes logísticos, financeiros e estratégicos. Empresas globais foram forçadas a absorver custos adicionais, alterar cadeias de suprimento e repensar políticas de preços.
O impacto acumulado nos últimos anos ultrapassa US$35 bilhões, mostrando a magnitude da interferência governamental no comércio internacional. No entanto, os novos acordos e exceções tarifárias indicam que o pior cenário talvez tenha passado, permitindo que executivos planejem 2025 e 2026 com maior clareza.
Tarifas dos EUA ainda são um desafio, mas há sinais de alívio
O impacto das tarifas dos EUA nas empresas globais é inegável, mas a recente revisão para baixo das projeções mostra que os efeitos podem ser administrados. A assinatura de acordos com blocos econômicos estratégicos e exceções tarifárias permitiu que corporações ajustassem planejamento financeiro, investimentos e estratégias de mercado.
Embora a guerra comercial continue gerando incerteza, a tendência é que as tarifas dos EUA deixem de ser um fator totalmente imprevisível, possibilitando que empresas globais operem com maior segurança e confiança.
As empresas permanecem atentas a qualquer mudança regulatória, prontas para reagir rapidamente e manter competitividade global, consolidando a importância de entender e gerenciar continuamente o impacto das tarifas dos EUA.






