Extradição de Carla Zambelli: Justiça da Itália define nova audiência sobre o caso
A extradição de Carla Zambelli segue como um dos temas mais comentados no cenário político e jurídico brasileiro, com repercussões também na esfera internacional. O Tribunal de Apelação de Roma, na Itália, agendou para esta quarta-feira (13/8) uma nova audiência para ouvir a deputada federal do PL-SP, que está detida desde o dia 29 de julho, após passar dois meses foragida no território europeu. A decisão sobre seu destino pode marcar um capítulo decisivo no processo, que envolve condenação no Supremo Tribunal Federal (STF) e acusações de crimes cibernéticos.
O que está em jogo na extradição de Carla Zambelli
A audiência desta semana será determinante para que a Justiça italiana avalie a legalidade e os fundamentos do pedido formal feito pelo governo brasileiro para trazer Zambelli de volta ao país. Ela foi condenada pelo STF a 10 anos de prisão por coordenar um ataque hacker contra o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) em 2023.
A extradição de Carla Zambelli foi solicitada oficialmente pelo Brasil no dia 12 de junho, com base nos tratados de cooperação jurídica e extradição firmados entre Brasil e Itália. No entanto, o caso ganhou contornos mais complexos por envolver alegações de perseguição política e questionamentos sobre a imparcialidade do julgamento no Brasil.
Linha do tempo do caso
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2023 – Zambelli é investigada e, posteriormente, condenada pelo STF por envolvimento direto em um ataque cibernético contra o CNJ.
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Maio de 2025 – Deputada deixa o Brasil e se refugia na Itália, onde permanece foragida por cerca de dois meses.
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12 de junho de 2025 – Governo brasileiro envia pedido oficial de extradição às autoridades italianas.
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29 de julho de 2025 – Zambelli é presa em Roma, em cumprimento a ordem judicial internacional.
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13 de agosto de 2025 – Está marcada a audiência no Tribunal de Apelação de Roma para avaliar o caso.
Essa sequência de eventos reforça a importância jurídica e política da extradição de Carla Zambelli, que não se limita apenas ao cumprimento de uma pena, mas também envolve disputas narrativas sobre democracia, modelos de cibersegurança e atuação do Judiciário.
Aspectos jurídicos da extradição
A análise do Tribunal de Apelação de Roma seguirá critérios previstos na legislação italiana e nos tratados bilaterais. Isso inclui:
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Comprovação de que o crime pelo qual a pessoa foi condenada no país solicitante também é reconhecido como crime na Itália.
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Garantias de que os direitos humanos e o devido processo legal serão respeitados no cumprimento da pena.
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Ausência de motivações estritamente políticas no pedido de extradição.
A defesa de Zambelli alega que sua condenação no Brasil estaria relacionada a perseguição política e que o caso estaria sob relatoria de um ministro do STF recentemente alvo de medidas internacionais, o que, segundo ela, comprometeria a imparcialidade do julgamento. Além disso, solicitou refúgio na Itália, tentativa que pode atrasar ou até inviabilizar o processo de extradição, caso seja aceita.
O papel da política no caso
Embora a extradição seja um processo jurídico, o caso de Carla Zambelli tem forte componente político. No Brasil, aliados e opositores usam o episódio como munição para embates públicos. Já na Itália, a repercussão se mistura com debates sobre soberania, direitos humanos e tratados internacionais.
Essa dimensão política é um fator que pode influenciar prazos e decisões, especialmente porque a extradição de Carla Zambelli não ocorre em um vácuo diplomático: Brasil e Itália mantêm relações bilaterais históricas, com cooperação em áreas como comércio, cultura e segurança. O tratamento dado ao caso pode repercutir nessas relações.
Repercussão internacional
O caso já é acompanhado por veículos da imprensa europeia e latino-americana, destacando tanto a gravidade das acusações quanto a polêmica envolvendo alegações de perseguição. Para juristas italianos, o desfecho da extradição de Carla Zambelli pode criar precedente importante para casos futuros de políticos estrangeiros processados por crimes cibernéticos.
Especialistas em direito internacional ressaltam que, ainda que haja pressão política, a Itália tende a seguir rigorosamente os parâmetros legais e os tratados em vigor, evitando decisões que possam ser vistas como motivadas por alinhamentos ideológicos.
O que esperar da audiência do dia 13
A audiência desta quarta-feira será dedicada à oitiva da deputada, que poderá apresentar sua versão dos fatos e reforçar seus argumentos contra a extradição. O Ministério Público italiano e os advogados do governo brasileiro também apresentarão suas posições.
Entre os possíveis desdobramentos estão:
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Aprovação imediata da extradição – caso o tribunal entenda que não há impedimentos legais ou violações de direitos.
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Solicitação de mais informações – se houver dúvidas sobre a condução do processo no Brasil.
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Negativa da extradição – caso a corte acate os argumentos da defesa.
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Suspensão temporária – até que o pedido de refúgio seja analisado.
Impactos políticos no Brasil
No cenário doméstico, a extradição de Carla Zambelli pode gerar novos embates entre governo, oposição e Judiciário. Uma eventual volta da deputada ao Brasil para cumprir pena no STF tende a ser explorada politicamente por todos os lados.
A base governista poderá usar o caso como exemplo de fortalecimento do Estado de Direito e combate à criminalidade, enquanto a oposição pode apontar supostos excessos e parcialidade nas investigações.
Cenários possíveis após a decisão
Se a extradição for aprovada, Zambelli será escoltada por autoridades brasileiras e entregue diretamente à custódia do STF para cumprimento da pena. Caso seja negada, poderá permanecer na Itália, seja como cidadã estrangeira em liberdade ou sob outro regime legal, como o refúgio político.
Independentemente do desfecho, a extradição de Carla Zambelli já se consolidou como um dos processos jurídicos e políticos mais relevantes de 2025, com potencial de moldar a relação entre direito internacional e disputas políticas.






