O cantor sertanejo Gusttavo Lima, um dos maiores nomes da música brasileira, está no centro de uma polêmica judicial após ser investigado pela Polícia Civil de Pernambuco. O artista é suspeito de envolvimento em um esquema de lavagem de dinheiro ligado a jogos ilegais, em especial através de sua suposta associação com a empresa Vai de Bet, uma casa de apostas esportivas. A investigação, que culminou com a decretação de sua prisão preventiva, traz à tona questões sobre a participação de figuras públicas em negócios que envolvem atividades ilícitas.
Operação Integration e o envolvimento de Gusttavo Lima
A Operação Integration, deflagrada em 4 de setembro de 2024 pela Polícia Civil de Pernambuco, tem como alvo um esquema de lavagem de dinheiro que utilizaria empresas de apostas, como a Vai de Bet, para movimentar recursos de origem criminosa. No entanto, Gusttavo Lima, que foi mencionado como sócio da empresa, nega veementemente qualquer envolvimento direto na gestão ou propriedade da casa de apostas.
A investigação revelou que o cantor teria adquirido 25% de participação na Vai de Bet em julho de 2024, o que levantou suspeitas sobre a legitimidade de suas transações financeiras. Segundo a juíza Andréa Calado da Cruz, da 12ª Vara Criminal do Recife, essa associação “levanta sérias dúvidas sobre a integridade das transações e a legitimidade dos vínculos estabelecidos”.
Em sua defesa, Gusttavo Lima argumenta que o contrato firmado com a Vai de Bet não o torna sócio-proprietário da empresa. Ele alega que sua participação está restrita a uma cláusula que lhe garante 25% do valor em caso de uma futura venda da empresa. Esse contrato, de acordo com a equipe de defesa do cantor, foi suspenso devido às investigações em curso.
As acusações e a defesa do cantor
O caso ganhou maior complexidade quando surgiram suspeitas de que Gusttavo Lima teria ajudado os proprietários da Vai de Bet, José André da Rocha Neto e sua esposa Aislla Rocha, a fugirem do país após a deflagração da operação policial. Segundo o inquérito, o cantor teria viajado para a Grécia em seu avião particular com o casal de empresários, possivelmente auxiliando-os a escapar da Justiça brasileira.
A defesa de Gusttavo Lima nega essas acusações e afirma que a viagem ocorreu antes da emissão dos mandados de prisão. Os advogados do cantor destacaram que o embarque dos três em Goiânia aconteceu no dia 1º de setembro, enquanto as prisões preventivas só foram decretadas no dia 3. Além disso, Gusttavo Lima forneceu uma lista de passageiros que comprovaria que o casal não estava a bordo de seu avião no retorno ao Brasil, o que indicaria que os empresários não teriam viajado de “carona” com o cantor para as Ilhas Canárias, como sugerido pelas autoridades.
Venda de avião e a ligação com a Vai de Bet
Outro elemento que conecta Gusttavo Lima ao empresário José André da Rocha Neto é a venda de uma aeronave, cujo valor foi estipulado em R$ 22 milhões. A aeronave, que pertence à empresa Balada Eventos, de propriedade do cantor, foi transferida para a JMJ Participações, empresa dos proprietários da Vai de Bet. Apesar da transação, o nome da Balada Eventos ainda consta como proprietário do avião junto à Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), uma vez que o pagamento integral ainda não foi realizado.
Esse detalhe trouxe mais complexidade ao caso, uma vez que a continuidade do vínculo contratual entre Gusttavo Lima e a JMJ Participações gera questionamentos sobre a relação do cantor com a organização investigada. Segundo a polícia, a aeronave pode ter sido utilizada como parte do esquema de lavagem de dinheiro, o que reforça a necessidade de uma investigação aprofundada.
A operação policial e o combate aos jogos ilegais
A Operação Integration teve início em 2023 e visa desmantelar um grupo criminoso que utiliza empresas de eventos, publicidade, casas de câmbio e seguros para lavar dinheiro proveniente de jogos de azar ilegais. De acordo com a Polícia Civil de Pernambuco, o esquema utiliza tanto casas de apostas online regulamentadas quanto jogos de azar não regulamentados para movimentar grandes quantias de dinheiro.
Embora as casas de apostas esportivas, como a Vai de Bet, sejam legalmente operacionais no Brasil, as investigações apontam que elas podem estar sendo utilizadas para acobertar transações ilícitas. O envolvimento de figuras públicas como Gusttavo Lima nesse tipo de operação desperta ainda mais atenção das autoridades e da mídia.
Impacto na carreira de Gusttavo Lima
Além dos problemas legais, as investigações têm repercussão direta na carreira de Gusttavo Lima. O cantor decidiu suspender seu contrato publicitário com a Vai de Bet, firmado em 2022, como parte de sua estratégia de defesa. A relação comercial, que envolvia o uso da imagem do cantor para promover a casa de apostas, foi interrompida até que as investigações sejam concluídas.
Em uma nota divulgada pela equipe do cantor, foi informado que a Vai de Bet atestou sua idoneidade no momento da assinatura do contrato e que a marca se comprometeu com uma cláusula anticorrupção. No entanto, devido às suspeitas que envolvem a empresa, Gusttavo Lima optou por interromper a relação comercial, aguardando os desdobramentos da operação policial.
O futuro de Gusttavo Lima e as investigações em andamento
Enquanto as investigações da Operação Integration continuam, Gusttavo Lima tenta manter sua agenda de shows e compromissos artísticos, ao mesmo tempo que lida com as consequências das acusações. A investigação sobre lavagem de dinheiro e jogos ilegais ainda está em andamento, e novos desdobramentos podem surgir a qualquer momento.
Por enquanto, a defesa do cantor permanece focada em afastar qualquer ligação de Gusttavo Lima com atividades criminosas, ressaltando que o artista não tem participação direta na gestão da Vai de Bet e que sua relação com a empresa foi puramente comercial e publicitária.